Liga da Justiça | Nem tanto, nem tão pouco

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Liga da Justiça surge com a proposta de concretizar o universo compartilhado da DC nos cinemas, interligando suas tramas prévias enquanto abre os novos horizontes para onde o futuro dessa franquia pode ser encaminhado.

Resgatando elementos apresentados desde Homem de Aço até Batman vs Superman, o filme apresenta um Batman (Ben Affleck) preocupado com os sinais de uma invasão alienígena iminente agora que o protetor mais poderoso da Terra, o Superman (Henry Cavill), faleceu. Seus esforços convergem com os da Mulher-Maravilha (Gal Gadot), que concorda com a necessidade de união perante a ameaça vindoura.

Compacto, embora não necessariamente coeso, o filme segue fielmente o seu objetivo do começo ao fim, numa recusa em repetir os erros do antecessor Batman vs Superman, cuja longa, enfadonha e emaranhada trama afastou boa parte do público dos caminhos da aceitação.

O caminho, no entanto, é inverso: existe pouco espaço para tudo. Os diálogos são curtos e resumidos, buscando rápidas introduções que, se para os fãs apenas confirmam o óbvio, podem ser insuficientes para quem busca entender os personagens e suas motivações.

O retalhamento do filme, que se estende por pouco menos de duas horas, talvez se aplique ao senso de urgência que a jornada da equipe contra o terrível Lobo da Estepe (Ciarán Hinds), mas pouco favorece a obra como um todo, o que deve ressaltar a necessidade da equipe começar a planejar a duração dos filmes no lugar de sobreutilizar o tempo ou hipercortar a película.

Provavelmente com o fim de ilustrar o senso de esperança que o filme urge em alcançar, o tom é tão leve que se dispersa em suaves camadas descontraídas de aventura, em vez da sorumbática atmosfera previamente adotada. E, embora isso favoreça o Flash (Ezra Miller) e mesmo essa distinta, mas divertida, versão do Aquaman (Jason Momoa) – esse praticamente apagado do filme – pouco faz pelo Ciborgue (Ray Fisher) cujo desenvolvimento é, se não esquecido, lamentavelmente apressado.

Em suma, sem poder lançar mão do elemento da novidade em um mercado quase saturado de obras similares, Liga da Justiça não chega a apresentar nada que já não tenha sido visto antes. Não deixa de valer a pena, mas não se torna uma visão indispensável dentre a miríade de opções do mesmo nível.

Para os fãs da DC e seu universo, no entanto, a continuação da franquia perpetua a transmidialização dos seus sonhos em uma tela de cinema e abre ainda mais as portas para o que se imagina ser um futuro tão glorioso quanto aquele que os heróis almejam.