Luke Cage Noir – Um herói harlém da imaginação

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Você provavelmente já ouviu falar do Luke Cage. Ex-herói de aluguel, tem pele indestrutível, já liderou os Novos Vingadores, ganhou uma (ótima) série pela Netflix, é pai de família. Ah, e ele é um herói negro. E isso é muito importante.

Criado lááá nos anos 70 por Archie Goodwin e John Romita Sr. no seguimento da diversidade étnica trazida pela cultura pop na TV e cinema (especialmente com o gênero cinematográfico que retirava os negros de uma posição inferior, colocando-os em destaque, o blaxploitation), Luke Cage usava seus poderes advindos de um experimento para proteger pessoas no Harlem. As que podiam pagar, pelo menos. Herói de aluguel, lembra?

O tempo passou. Popularidade veio e popularidade foi, assim como os escritores e os status quo. Não podíamos mais voltar para o passado, para o contexto social que envolvia o Harlem ou para o Luke Cage herói de aluguel (embora Tarantino quisesse). Ou podíamos?

Nascido das mentes de Adam Glass (Esquadrão Suicida) e Mike Benson (Deadpool Pulp) e concebido pelas talentosas mãos de Shawn Martinbrough (Detective Comics) no universo Noir (uma linha alternativa da Marvel publicada entre 2009/2010 que traz seus personagens reimaginados numa perspectiva similar aos filmes noir) Luke Cage Noir nos ambienta no Harlem dos anos 30. Um bairro seco e cínico.

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Vocês provavelmente conhecem esse lugar.

Na trama, Luke “Poderoso” Cage acabou de sair da prisão após dez anos e vê como o mundo ao seu redor mudou. O submundo do Harlem parece diferente, embora conte com rostos familiares (Especialmente para quem assistiu a série da Netflix!) e suas intenções são obscuras. Aliando cenas de investigação e muita violência, Cage traça seu caminho através dos mistérios que lhe são apresentados e da sua batalha contra os chefes do tráfico.

Apesar de já terem flertado bem com o gênero noir e com o pulp, Glass e Benson terminam devendo tanto no roteiro quanto nos diálogos. As situações não são convincentes ou mesmo coerentes (A “origem” de herói dele é um tanto quanto lamentável) e os fios que os narradores-titereiros conduzem, extremamente escancarados, em vez de guiar a trama se entrelaçam em uma bagunça vergonhosa de ler (embora melhore um pouco no final).

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O ponto positivo é a arte entregue por Martinbrough, que capta bem a essência da época junto aos tons mais marrons/cinzas de cor trazidos por Nick Filardi em uma história que talvez divirta enquanto um universo paralelo com uma trama meio detetivesca, meio pulp, mas não convence em sua construção apressada e conveniente ao longo das quatro edições que compõem o material.

Embora tenha sido publicado há três anos no Brasil, Luke Cage Noir se encontra atualmente em estoque em algumas lojas online pelo seu preço de capa (R$ 22,90) – ou mais barato, nunca se sabe – compilando em suas 124 páginas toda a história supracitada.