Em um ano em que a Nintendo trouxe aos fãs três grandes RPGs do universo Mario, incluindo os remakes aguardados de Super Mario RPG e Paper Mario: The Thousand-Year Door, a estreia de Mario & Luigi: Brothership como um título original foi um presente para os fãs do gênero.
No entanto, ao contrário dos outros lançamentos, Brothership é uma experiência inconstante, com momentos de brilho intercalados por falhas frustrantes que dificultam que ele alcance o mesmo nível de seus antecessores.
A jogabilidade de Mario & Luigi: Brothership
A jogabilidade de Mario & Luigi: Brothership traz muitos elementos clássicos de JRPGs famosos, como combates por turnos e interações entre Mario e Luigi, onde cada irmão possui habilidades únicas e pode realizar poderosos ataques conjuntos, além de resolver puzzles e interagir com o cenário. Os “Bros. Attacks” retornam com novas iterações, exigindo precisão e ritmo, o que adiciona desafio e diversão, especialmente para os fãs de longa data.
O jogo introduz uma nova mecânica de exploração: uma ilha-navio chamada Shipshape, onde os jogadores navegam por um mapa oceânico, descobrindo novas ilhas e enfrentando desafios em cada uma delas.
Na teoria, a ideia de uma jornada marítima que reconecta as ilhas do mundo de Concordia parece inspiradora, mas na prática a navegação é limitada, sem o senso de descoberta de jogos como The Legend of Zelda: The Wind Waker. Navegar entre ilhas acaba se tornando um processo repetitivo e tedioso, que muitas vezes se resume a um mini-game para conectar correntes oceânicas e seguir para o próximo destino.
A mecânica do telescópio, que permite observar o horizonte e descobrir ilhas, oferece um momento inicial de imersão que captura o espírito de exploração. Porém, essa sensação logo se dissipa em meio à repetitividade e à falta de dinamismo das ilhas.
Outro ponto que afeta a jogabilidade é o excesso de diálogos e tutoriais, que tornam o jogo mais lento e infantilizado, em um estilo que pode agradar jogadores mais jovens, mas que frustra aqueles acostumados com um nível mais maduro da série. Com diálogos repetitivos, explicações demoradas e fontes grandes, a experiência pode parecer excessivamente simplificada e até cansativa.
História
Brothership tenta explorar temas profundos, como a importância das conexões e o perigo do isolamento, com o vilão Zokket espalhando a negatividade chamada “Glohm” pelas ilhas.
Apesar do potencial da narrativa, a execução é limitada. Os personagens originais, como os habitantes “tomada” de Concordia, parecem básicos e pouco marcantes, sem o apelo de outros aliados memoráveis de Mario e Luigi em jogos passados.
Embora a proposta seja simpática, os diálogos se perdem em piadas repetitivas e humor forçado, como as falas de Snoutlet, o assistente que insiste em afirmar que “não é um porco”, e a falta de memória de Zokket, o que acaba tornando a trama previsível e pouco cativante.
Gráficos
Brothership inova ao trazer um estilo de arte mais cartunesco, com Mario e Luigi bem expressivos e um design de inimigos fiel ao espírito de Mario & Luigi. Contudo, o contraste entre o design dos habitantes de Concordia e os personagens de Mushroom Kingdom parece destoante.
Os cenários das ilhas são visualmente genéricos, com temas comuns de fogo, gelo e deserto, sem a criatividade esperada em um mundo RPG do universo Mario.
Um dos pontos mais problemáticos são as falhas de desempenho. Brothership sofre com problemas graves de taxa de quadros, especialmente ao explorar a vastidão do oceano, onde o jogo trava e engasga constantemente, o que dificulta a fluidez de movimentos e chega a prejudicar momentos que exigem precisão nas plataformas.
Mesmo em um console com hardware limitado como o Switch, o nível de travamentos e lentidões que Brothership apresenta é surpreendente para um título da Nintendo.
Trilha Sonora
A trilha sonora é sólida, mas não memorável. Ela complementa bem a ambientação, mas falta aquele toque especial que transforma as músicas em verdadeiros ícones da Nintendo.
Para uma série que já entregou faixas inesquecíveis, Brothership decepciona ao não trazer nada que realmente se destaque ou que ecoe a magia e o humor característicos dos RPGs Mario.
Localização é um diferencial em Mario & Luigi: Brothership
A localização em português do Brasil é um dos aspectos mais positivos de Brothership. A Nintendo fez um trabalho impecável em tornar os diálogos orgânicos e bem adaptados à cultura e expressões brasileiras, o que aumenta significativamente a acessibilidade e o envolvimento dos jogadores.
O uso de trejeitos do português brasileiro contemporâneo faz com que a experiência pareça autêntica e próxima, sendo um dos destaques que, felizmente, vem se tornando padrão nos lançamentos da Nintendo para o mercado brasileiro.
O veredito para Mario & Luigi: Brothership
Mario & Luigi: Brothership tinha o potencial de ser uma nova e empolgante aventura dos irmãos bigodudos, mas as limitações na execução de suas ideias inovadoras, o ritmo lento, os problemas de desempenho e os diálogos cansativos impedem que o jogo alcance o nível de seus antecessores.
É uma experiência divertida em certos momentos, especialmente para jogadores jovens ou para fãs incondicionais da série, mas acaba aquém do esperado em termos de desafio e profundidade.
Para quem deseja uma aventura Mario RPG sólida e divertida, Brothership é uma opção, mas longe de ser indispensável. A Nintendo trouxe um jogo com boas intenções, mas que carece de polimento e agilidade, tornando-se mais um título de transição do que um marco definitivo na série.
*O Cromossomo Nerd agradece a Nintendo Brasil por ter nos cedido uma cópia do jogo para esta análise.