É inacreditável que algo assim tenha sido produzido e distribuído. Baseado na trilogia de Mercedes Ron, Minha Culpa tenta se vender como um romance jovem com toques de rebeldia e drama familiar, mas entrega um desastre narrativo que beira o insustentável. A trama principal, que gira em torno de uma atração “irresistível” entre Noah e Nick, seu meio-irmão, já é questionável o suficiente para causar desconforto, mas o filme insiste em romantizar esse relacionamento com uma intensidade que chega a ser irresponsável.
Personagens Vazios e Conflitos Forçados em Minha Culpa
O roteiro é preguiçoso e sem qualquer profundidade. Noah, apresentada como uma jovem independente e cheia de atitude, é apenas uma caricatura de adolescente rebelde que reclama por viver cercada de luxo. Nick, por sua vez, é o típico “bad boy” genérico, que passa o filme inteiro com uma única expressão facial enquanto exibe seus traços tóxicos: controlador, arrogante e emocionalmente instável. A tentativa de criar um “enemies to lovers” fracassa completamente porque os conflitos entre eles são artificiais e forçados, sem qualquer desenvolvimento que justifique a transição para um romance. E o pior de tudo: o filme não se incomoda em explorar de maneira crítica o fato de que eles são irmãos, apenas tenta usar isso como um “tempero proibido” para apimentar uma história que já nasceu falida.
Mensagens Problemáticas e Estereótipos Nocivos
As atuações não ajudam. Nicole Wallace e Gabriel Guevara são completamente inexpressivos, como se estivessem apenas decorando falas sem qualquer compreensão de quem seus personagens deveriam ser. A direção é genérica e o ritmo do filme é arrastado, mas não por falta de ação — há cenas de corridas ilegais e confrontos, mas nenhuma delas consegue ser interessante ou emocionante. É como se o filme tivesse medo de se comprometer com qualquer tipo de identidade própria.
Minha Culpa também peca em suas mensagens. Ele não apenas falha em criar personagens femininas fortes, como distorce completamente a ideia de empoderamento feminino, transformando Noah em uma protagonista que aceita passivamente comportamentos abusivos disfarçados de paixão. É um filme que romantiza relacionamentos tóxicos e perpetua estereótipos nocivos, embalados em diálogos tão artificiais que parecem saídos de uma fanfic mal escrita.
Vale a pena?
Definitivamente não. Este é um filme vazio, irresponsável e mal executado que insulta o público e perpetua ideias problemáticas sobre relacionamentos. Gasta-se tempo e energia em qualquer outra coisa que não seja assistir a essa obra que, infelizmente, consegue ser um desserviço em todos os níveis possíveis.