A proposta de MMA – Meu Melhor Amigo, dirigido por José Alvarenga e roteirizado por Marcos Mion e Paulo Cursino, é ambiciosa: entrelaçar a jornada de um lutador em declínio com os desafios emocionais de se conectar com um filho autista. Produzido pelo Star Original Productions em parceria com a Formata, o filme, que teve sua première no Festival do Rio e estreia em 16 de janeiro de 2025, entrega um misto de emoções, mas também se perde em pontos que comprometem sua profundidade.
Representação Sensível do Autismo
O enredo apresenta Max, vivido por Marcos Mion, um ex-campeão de MMA que enfrenta o peso de uma lesão que encerra sua carreira e, ao mesmo tempo, a descoberta inesperada de um filho de 8 anos com transtorno do espectro autista. A narrativa aposta na relação entre pai e filho como o fio condutor, abordando temas complexos como aceitação, paternidade e superação. Guilherme Tavares, interpretando o menino, é o grande destaque do elenco. Sua performance sensível e autêntica confere humanidade e credibilidade ao filme, algo que falta em outros aspectos da produção.
A representação do autismo no cinema é frequentemente cercada por estereótipos ou dramatizações excessivas, mas MMA – Meu Melhor Amigo consegue abordar o tema com responsabilidade. A relação entre Max e seu filho é trabalhada com cuidado, refletindo a necessidade de paciência, empatia e aprendizado mútuo. Tavares consegue transmitir as nuances do autismo com um equilíbrio que emociona e educa, sem apelar para exageros.
Falhas do Filme MMA – Meu Melhor Amigo
No entanto, o filme enfrenta problemas de execução que comprometem a fluidez da história. As cenas de luta, que deveriam ser um dos pontos altos da trama, falham em transmitir impacto ou realismo. A coreografia rasa e a edição pouco detalhada criam uma desconexão, especialmente para um público que esperava maior intensidade nesse aspecto. Além disso, Marcos Mion, embora carismático, se perde em momentos caricatos que diluem o drama de seu personagem. Apesar disso, suas interações com Tavares revelam um lado mais genuíno e emocional, sendo esses os momentos mais fortes do ator no longa.
O tom saturado da edição visual, embora intencional para exaltar a fisicalidade de Max, acaba prejudicando o equilíbrio emocional do filme. Essa escolha estética, somada a lapsos de continuidade e inconsistências narrativas, como personagens mal desenvolvidos e situações que carecem de lógica, prejudica a imersão do espectador.
A presença de Antônio Fagundes, que surge no ato final, traz frescor e naturalidade à trama. Seu personagem, com humor afiado e uma atuação sólida, equilibra o tom, garantindo momentos leves e carismáticos em meio às falhas estruturais do roteiro. Já Andreia Horta, embora competente, é subaproveitada, e o vilão, que deveria representar um obstáculo significativo, passa despercebido devido à falta de desenvolvimento.
Conclusão
Apesar dos problemas, o ato final resgata parte do potencial emocional do filme, proporcionando uma conclusão satisfatória e equilibrada. MMA – Meu Melhor Amigo encontra sua força nos momentos familiares e nas lições de aceitação e superação, tornando-se uma opção válida para um público que busca um entretenimento despretensioso e tocante. Não é um filme perfeito, mas cumpre o papel de entreter e sensibilizar, especialmente quando observado sob a lente de sua mensagem principal: a importância de construir pontes em relações humanas, mesmo nas situações mais improváveis.