Moonlight: Sob a Luz do Luar mostra como podemos nos inferiorizar através de nossos sentimentos, e questiona a forma como o ser humano sofre em se aceitar como indivíduo.
A história do filme é sobre Chiron, garoto afro-americano, morador de periferia, que enfrenta problemas familiares, e ainda por cima sofre bullying agressivamente na escola.
Mas não entendemos a trama logo de início, pois somos forçados a embarcar no universo de Blue, traficante, dono de uma boca de fumo na periferia de Miami.
Olhando rapidamente a história desses dois personagens, pode soar como algo clichê e sem muitas surpresas, mas posso te garantir que Moonlight é muito mais do que um filme sobre pessoas negras que sofrem à margem da sociedade.
O grande diferencial de Moonlight são as atuações, carregadas por uma carga dramática pesadíssima que fazem com que os personagens sejam os mais críveis possível, sem contar o fato de que a história não é uma ficção e sim uma realidade, os eventos mostrados no filme são semelhantes à matérias que vemos diariamente nos jornais, o que torna a veracidade da trama ainda mais assustadora e comovente.
O filme é muito bem dirigido e teve um cuidado peculiar em nos mostrar uma Miami pouco vista nas telas do cinema, com cores sóbrias e com baixa saturação, acabamos sendo embalados por essa ambientação cheia de tristeza e dúvida (esse lugar é Miami mesmo? Que feio!)
É quando percebemos que o ponto alto do roteiro é nos obrigar a ter duvidas:
O que somos? E porque somos?
Através de uma história tecnicamente simples, mas muito bem trabalhada, o filme nos conta aos poucos como uma família desestruturada e amizades ruins podem facilmente nos fazer trilhar caminhos complicados.
Com um olhar triste e realista sobre uma historia de aceitação e conformismo, Moonlight é um daqueles concorrentes do Oscar que vem de mansinho, sem pretensões, mas com um potencial enorme para ser um dos grandes vencedores.
Crítica feita pelo Fábio Cardoso lá do Cinema & Barba.