Mutante tem que ser EXTERMINADO!

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Com o anúncio da nova mini da linha X-Men, apropriadamente batizada de eXtermination (e nem é a primeira vez que eles usam essa palavra para isso!!), a verdade fica mais clara para mim. E deveria ficar para todos. Os boatos correm nas ruas e as notícias voam por aí: Ninguém mais quer saber de X-Men. Pelo menos, não vivos.

Prevista para ter sua primeira – de cinco – edição publicada em agosto, Extermination vai lidar com o destino das cinco versões juvenis dos X-Men originais que foram trazidas até o presente pelo Fera, que estava ressentido pelo fato de um de seus melhores amigos ter pirado no batatão quando esteve em posse de um pássaro de fogo cósmico e tentado dominar o mundo. Parece confuso? Nem de longe. Se você tiver lido algumas das historinhas mais clássicas desse grupo, vai ver que essa é uma trama bem padrão.

“Outra história envolvendo viagem no tempo e extermínio da raça mutante? Fantástico! Eu estava precisando exatamente disso.”

E o problema mora aí.

A grande questão dos X-Men e dos mutantes, de um modo geral, era servir de referência para povos oprimidos por “nascerem diferentes.” O que é bacana, especialmente quando você mistura isso com histórias em quadrinhos de heróis, que são populares entre os jovens, o público-alvo desse tipo de mensagem, quando pensada em um futuro melhor.

MAS: Não estamos mais nos anos 60. Não precisamos mais de metáforas para falar de negros, nem de ciganos, nem de muçulmanos. As pessoas não precisam mais de uma metáfora um tanto esdrúxula quando uma dose extra de verossimilhança pode vir na forma, por exemplo, de um gibi da Ms. Marvel, uma heroína paquistanesa-americana.

Você tem medo de muçulmanos porque te contaram que todos eles são homens-bomba? Não, você não precisa mais abstrair isso com um gibi dos X-Men, toma esse gibi escrito por uma muçulmana falando sobre uma muçulmana. Ou não. Poder de escolha sobre que reflexos consumir e adotar é justamente o propósito da diversidade. Só que uma história camuflada de consciente por ter um ou outro comentário sobre extinção (que pode se aplicar ao povo cigano ou ao mico leão-dourado) tem bem menos chances de passar esse recado com sucesso.

E mais, o fato de que 99% das histórias dos X-Men não são nenhum “Deus ama, o homem mata” da vida e sim aventuras espaciais, temporais, extra-dimensionais ou simplesmente tão porrada e bomba quanto qualquer outro gibi do mercado não ajuda um grupo que se vende e é defendido justamente por ser uma “metáfora do preconceito.”

A maioria das histórias mais famosas e clássicas dos X-Men ou é extremamente viajada a ponto deles serem só mais um grupinho de super-heróis, ou se vende por prometer a aniquilação total deles, como essa nova Extermination, escrita pelo duvidoso Ed Brisson. Existem até filmes adaptando histórias que prometem a aniquilação total deles. E nesse panorama nada me convence de que o maior sonho secreto dos leitores de quadrinhos não é ver essa equipe tombar e ser encerrada de uma vez.