O crescente e merecido protagonismo das mulheres no audiovisual

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Os lançamentos do ano no cinema e na TV dão um motivo especial para celebrar esse Dia das Mulheres. O protagonismo feminino em produções audiovisuais de gêneros majoritariamente masculinos, como os filmes de ação, são notáveis e mostra que a luta por mais presença e representatividade tem surtido efeito. A estreia de Capitã Marvel nos cinemas, exatamente no dia 8 de março, não é por acaso. Tem ainda a série animada de Carmen Sandiego na Netflix, Fênix Negra (Sophie Turner) no centro do novo filme da franquia X-Men, que ainda contará com mais mulheres fortes, como a Mística (Jennifer Lawrence) e a vilã misteriosa (Jessica Chastain). O empoderamento feminino estará também no discurso da produção. Na cena inédita exibida na convenção geek, Mística aparece questionando Charles Xavier (James McAvoy): “São as mulheres que sempre salvam os homens nas missões. A equipe deveria se chamar X-Women”.

A Disney já anunciou a Feiticeira Escarlate (Elizabeth Olsen) nos filmes de Os Vingadores, há previsão da série original Batwoman, uma segunda temporada confirmada da série brasileira Aruanas – produzida pela Globoplay com quatro protagonistas (Camila Pitanga, Leandra Leal, Débora Falabella e Taís Araújo), Mulher-Maravilha 2 (previsto para 2020), a adaptação do anime Alita: Battle Angel, a personagem Agente M (Tessa Thompson) em Homens de Preto em MIB, Sarah Connor (Linda Hamilton) como foco na sexta história de Exterminador do futuro, além de Natalia Reyes, que dará vida a Dani Ramos, e Mackenzie Davis, que interpretará Grace, o reboot de As Panteras e a volta da jedi Rey para o Episódio 9 de Star Wars.

O protagonismo feminino também tem presença em projetos desenvolvidos pela Roteiraria. Do total de 13 projetos em desenvolvimento com a colaboração de alunos, 11 têm mulheres no papel principal, sendo 10 séries e 1 filme. Na Roteiraria escola – centro de formação de roteiristas para o audiovisual – as salas de aula têm o público quase que dividido, com predominância do público feminino: 50,3% dos alunos são mulheres e 49,7% são homens.

Na vida real, protagonistas atuam individualmente ou em grupo, como é o caso do coletivo criado pela produtora Conspiração – o Hysteria, o nome vem de “Hystera” ou “Hysteros”, útero em grego e reúne conteúdos que não são, necessariamente, criados para e sobre mulheres, mas por elas.
No Brasil, em 2018 o Ministério da Cultura (MinC) anunciou o primeiro conjunto de editais do programa #AudiovisualGeraFuturo, que tem entre seus objetivos “ampliar a participação no mercado de novos talentos e de realizadores negros, mulheres e indígenas”.

As cotas de gênero e raça foram adotadas após divulgação do estudo feito pela Agência Nacional do Cinema (Ancine) com base nos 142 longas-metragens brasileiros lançados nas salas do País em 2016. Segundo o estudo, apenas 19,7% desse montante foram dirigidos por mulheres brancas. Na questão racial, o cenário segue profundamente desigual: homens negros assumiram 2,1% da produção executiva enquanto mulheres negras não assinaram nenhuma produção sozinhas, participando apenas de equipes mistas. Nas obras incentivadas com recursos federais, apenas 21% tinham mulheres na direção e 28%, no roteiro.

No mercado publicitário, a discrepância também é evidente, mas como mostra a pesquisa do Meio & Mensagem sobre o tema, ainda que lentamente, cresceu o número de mulheres nas áreas de criação das grandes agências brasileiras. Atualmente, as mulheres correspondem a 26% do total de profissionais da área, considerando vice-presidentes, diretores de criação, redatores e diretores de arte. Em 2015, esse número era de 20%. No final de 2015, havia quatro agências com mais de 30% de mulheres na criação; agora são dez. Nas funções de liderança, a presença de mulheres era de 6% e subiu para 14%.

E, de acordo com a consultoria de comunicação com as mulheres 65/10 (meia cinco dez), 65% das mulheres não se identificam com a maneira como são retratadas e apenas 10% dos criativos nas agências são mulheres.