O futuro já chegou e está nas live streams!

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Assistir live streams de jogos de videogame já faz parte da vida de muita gente. É muito comum dar uma pausa na sua gameplay para assistir seus jogadores favoritos em plataformas como a Twitch ou o Facebook Gaming.

Em 2018, a Twitch acumulou 434 bilhões de minutos assistidos e o Facebook Gaming coleciona streamers famosos como Malena 0202 e Diana Zambrozuski. No exterior, Tyler “Ninja” Belvins, o streamer de Fortnite mais famoso do mundo, já conseguiu 600 mil pessoas simultaneamente em sua live.

O futuro chegou, e ao que parece, é baseado nas streams, que não se restringem à transmissão de jogos casuais. A final do CBLOL, Campeonato Brasileiro de League of Legends, reuniu 315 mil espectadores ao vivo em 2019 na Twitch e no Youtube. Não basta só jogar vídeo-game, as pessoas querem ver seus jogadores favoritos dando o seu melhor!

Claro, a magia das live streams não se resume a “ver” o que outro player está fazendo, quase tudo gira em torno da interatividade do público com o streamer. A Thata Gamer, que streama jogos como Fifa e Call of Duty, comenta um pouco sobre como é ter um público que interage ao vivo:

“Eu não posso seguir 100% o roteiro como quando eu gravo um vídeo, é uma coisa mais espontânea […]. Eu tô ali, interagindo com eles e eles me respondendo na hora, isso é muito legal. Em uma live, eu não posso começar a jogar e ficar em silêncio […], eu uso o fato deles estarem conversando comigo para ter o que falar e gerar conteúdo.”

Como dito acima, lives e vídeos gravados são coisas bem distintas e é possível confundir esses dois modelos. O legal é entender que a maior parte dessa diferença está na resposta do público ao criador de conteúdo, e como ele faz para entreter esse público. Isadora Basile, streamer de League of Legends e Rainbow Six, diz que as pessoas gostam da espontaneidade das streams:

“No Youtube [vídeos], é mais uma questão de feedback.  Eu produzo um conteúdo e nos comentários você me diz o que você achou […]. Na stream você tem reações muito mais espontâneas, você não consegue fingir uma coisa que você quer demonstrar […], você tem crise de riso, crise de choro, cai da cadeira, a mãe entra no quarto… Isso é muito importante na hora de entreter o público”

Falando assim, podemos até comparar as streams com os programas de auditório exibidos ao vivo – até tem um roteiro, mas é do fator surpresa que as pessoas gostam. Poder interagir na hora parece ser o maior atrativo de quem consome essas lives, e é até difícil imaginar que eles também consumam os tradicionais vídeos editados. Thata comenta que a maior diferença é entre as plataformas: quem assiste Twitch, por exemplo, necessariamente quer ver ao vivo:

“Aquelas pessoas usam a Twitch como se fosse uma televisão sabe? Elas estão ali procurando conteúdo ao vivo, e no Youtube, a procura é mais por vídeos de 10, 20 minutos no máximo.”

Essa febre de lives não ficou só na internet e já vem dando reações no mercado. A Razer  lançou o microfone Seiren Emote para streamers, que pode ser configurado para reagir às coisas que as pessoas digitam no chat. Outro exemplo são jogos como Until Dawn e Detroit: Become Human, baseados em escolhas e feitos para abusar da participação de espectadores físicos ou virtuais.

Microfone Seiren Emote – Foto/Reprodução: Razer

Claro, toda essa visibilidade, público fixo e criação de um novo modelo de entretenimento pode custar caro; é preciso pelo menos uma câmera, um tripé e um microfone de qualidade para começar. O público quer conversar com você e precisa te ouvir e ver bem para isso. Se quer entrar no mundo dos streamers, Isadora Basile recomenda que não gaste muito dinheiro de uma vez, assistir é muito diferente de fazer uma transmissão ao vivo, e nem sempre as pessoas gostam de trabalhar com isso.

Um dos motivos é a jornada de trabalho exaustiva, já que criar conteúdo para internet demanda tempo e nem sempre existe um retorno financeiro proporcional. Os contratos de streamers com plataformas podem variar e chegar até 200 horas por mês, sendo necessário um planejamento para não se enrolar no próprio calendário.

Trabalhar com videogame ainda é o sonho de muitos, mesmo que a caminhada pareça ser difícil. Thata e Isadora demoraram até conseguirem ter as lives como única fonte de renda, sendo que Basile também trabalha como digital influencer e Thata é formada em direito.

A cultura de postar um, dois, três e até quatro vídeos por dia ajudou no hábito de assistir transmissões e fazer maratona delas. Ninja continua batendo seus recordes, o CBLOL consegue mais espectadores a cada ano que passa e a resposta do público é assistir cada vez mais.