Onimusha 2: Samurai’s Destiny é um remaster quase improvavel dentro do grande catalogo da Capcom. Com o primeiro Onimusha, em seu remaster, tendo uma boa recepção mas com baixo número de vendas, e após anos sem qualquer notícia, era imaginado que o mesmo excelente tratamento não aconteceria com o resto da franquia.
Mas, para nossa sorte, recebemos o remaster do segundo título. E, apesar de necessário, é um lançamento estranho.
Decisão de remaster no mínimo curiosa
Um novo jogo da franquia Onimusha foi revelado na The Game Awards 2025, marcando o revival de uma série adormecida há muito tempo. É comum que, ao relançar uma franquia antiga, sejam feitos remasters para apresentá-la a uma nova geração. Onimusha 2 parecia a escolha lógica após o remaster do primeiro jogo, mas, na prática, essa decisão se mostra estranha — especialmente ao analisarmos o título em questão.
Quando se pensa em Onimusha, a maioria dos fãs apontaria os jogos 1, 3 e 4 como os melhores da série. Cada um deles tem sua própria legião de admiradores, sendo o terceiro título particularmente único, mas todos compartilham uma qualidade excepcional. Já Onimusha 2 é quase um “patinho feio” — o que torna a escolha de remasterizá-lo sozinho ainda mais curiosa.

Assim como muitas sequências da época, o jogo pega tudo o que funcionou no primeiro título, refaz com um novo elenco e adiciona algumas inovações. Essa descrição resume bem Onimusha 2: Samurai’s Destiny, se você jogou o primeiro, já viu tudo aqui, mas em um tom menos impactante.
Isso não o torna um jogo ruim, mas levanta a questão: não faria mais sentido tê-lo remasterizado em um pacote com o terceiro título? Além disso, considerando que o remaster de Onimusha 1 vendeu pouco apesar de sua qualidade, fica a dúvida se Onimusha 2 — uma versão menos marcante do original — conseguirá se sobressair.
Remaster dentro do esperado
Onimusha 2 segue o mesmo padrão do primeiro remaster: aprimora as texturas para HD, aumenta o FPS e a resolução nativa, mantendo a essência do jogo original. O resultado é visualmente agradável, e mesmo sendo uma versão de PS4, quase nada se perde na conversão do PS2.
No entanto, o jogo sofre de um problema comum em remasters que aumentam a resolução: itens e áreas de interação ficam excessivamente visíveis, perdendo aquele elemento de surpresa ao explorar. Fica impossível não notar esses detalhes, o que reduz um pouco a magia da descoberta.

A grande vantagem deste remaster, além de tornar o jogo mais acessível a novos jogadores, é a adição da tradução para português brasileiro — um extra muito bem-vindo. Infelizmente, as legendas seguem o texto em inglês, então se você, como eu, preferir jogar com áudio em japonês, pode notar uma leve dessincronia entre as falas e as legendas. Nada grave, mas perceptível.
Onimusha 2 e seu legado para a franquia
Onimusha 2 é, como expliquei brevemente, uma versão turbinada do primeiro jogo. Enquanto no primeiro título tínhamos três espadas e combate solo, aqui temos combate em equipe além de novas armas. Se a trama original focava na infestação causada por Nobunaga, aqui temos um arco de vingança que lembra muito os filmes clássicos de samurais japoneses.
Quando se trata da história, acho-a um tanto estranha. Desde o gatilho inicial do jogo até personagens que parecem só se importar em conquistar mulheres, fica claro que o jogo é um produto de sua época. Certamente haverá quem goste, mas pessoalmente sinto que já vi narrativas melhores em outros lugares – e até dentro da própria franquia.

Onimusha 2 mantém a base do combate do primeiro jogo, mas expande as possibilidades com novas mecânicas e um aumento significativo na dificuldade. Se no primeiro título você controlava um único personagem com três espadas principais, aqui o jogo introduz um sistema de equipe, onde você pode alternar entre quatro personagens, cada um com seu estilo de luta único, que se mostra uma variação interessante do combate.
Conclusão
Onimusha 2 se apresenta como uma evolução natural, porém conservadora, da fórmula estabelecida pelo primeiro jogo. A Capcom optou pelo caminho seguro de “mais do mesmo”, ampliando o escopo com novos personagens jogáveis, armas adicionais e um aumento significativo na dificuldade, mas sem revolucionar a experiência básica.
O jogo brilha em seu combate aprimorado, que mantém a satisfação tátil dos ataques enquanto introduz camadas extras de estratégia com o sistema de equipe. No entanto, peca em sua narrativa datada, com personagens unidimensionais e um enredo que, apesar da temática clássica de vingança, não atinge o mesmo impacto emocional de outros títulos da série.
Visualmente, o remaster cumpre seu papel ao modernizar o jogo sem descaracterizá-lo, ainda que sofra dos problemas típicos de upscaling de texturas. A adição da tradução para português é um acerto notável, mesmo com pequenos problemas de sincronia.
No balanço final, Onimusha 2 é uma sequência competente que expande a jogabilidade do original de forma satisfatória, mas que hoje se revela mais como uma curiosidade histórica do que como um título essencial. Recomendado para fãs da franquia que desejam completar a experiência, mas dificilmente converterá novos jogadores como poderia fazer um remaster conjunto com Onimusha 3 ou uma abordagem mais ambiciosa.