[OPINIÃO] É o fim do Xbox? O que Phil Spencer está tramando?

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Um novo capítulo envolvendo Xbox e Phil Spencer se iniciou entre os dias 04 e 05 de fevereiro. Rumores de que os exclusivos de peso da divisão de games da Microsoft estariam indo para plataformas rivais começaram a pipocar na internet, fazendo com que os fãs fossem à loucura.

Jogos como Starfield, Indiana Jones, Hi-Fi Rush e outros estariam entre os alvos para se tornarem títulos multiplataforma! Porém, será que isso é realmente uma possibilidade? Afinal, grandes nomes da mídia especializada do Xbox, como Tom Warren (The Verge) e Jez Corden (Windows Central), foram responsáveis pela divulgação dos rumores, o que nos faz suspeitar que eles são, de fato, verdadeiros.

Ainda assim, é importante ressaltar que tudo isso não passa de rumores, mas vamos pensar da seguinte forma: entre a realidade e a suposição de um “disse me disse”, quais seriam as consequências para o mercado em um mundo em que a Microsoft se torna uma SEGA? É o que vamos tentar entender.

Razões Estratégicas da Microsoft para o XBOX

As razões estratégicas da Microsoft para o futuro da sua divisão de jogos é uma verdadeira incógnita. Entretanto, se pararmos para pensar, os rumores podem ser uma dica do que realmente acontecerá.

O Xbox não possui um exclusivo integral há tempos, pois hoje em dia o PC é uma plataforma tão importante quanto o console (se não mais). Todo lançamento para o Xbox também é um lançamento para o computador.

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Isso é algo ruim? De forma alguma! Houveram indignações por parte dos usuários do console quando Quantum Break, inicialmente exclusivo de Xbox One, foi anunciado para PC pouco antes de seu lançamento, uma verdadeira surpresa agridoce para época. Hoje em dia essa estratégia de Console/PC é muito bem recebida, além de ter estabelecido uma nova base de clientes para o Xbox.

Ou seja, o Xbox e o seu Gamepass são cada vez mais sobre serviços, não sobre exclusividades, e isso ocorre há pelo menos 10 anos. Existem pontos positivos e negativos em um cenário que o Xbox lança jogo para outras plataformas após meses de lançamento, mas isso não é o fim do mundo.

A queda na venda de console e como possivelmente resolver?

Outro ponto que sustenta as teorias e os rumores é a baixa venda de consoles. Atualmente, o Xbox One (antiga geração) já vendeu mais que os novos Series S/X (nova geração) somados, além de que ambas as gerações continuam sendo a terceira força no mercado de consoles em comparação com Nintendo e PlayStation. Abaixo, temos um comparativo que mostra o número aproximado de consoles vendidos até o presente momento:

  • Nintendo Switch: 130 Milhões de Unidades
  • Playstation 5: 50 Milhões de Unidades
  • XBOX Series S/X: 24 Milhões de Unidades

Com essa diferença de números, como a Microsoft poderia reverter esse cenário ao seu favor? Simples: aumentando seu ecossistema, assim como fez com computadores e atualmente TVs ao usar a tecnologia do Xbox Cloud Gaming.

Solução para o problema de vendas de hardware

“Ah, mas isso significa que não vai ter mais exclusivo e num sei o que lá”, calma, campeão!

Atualmente, podemos trabalhar com duas hipóteses:

  • Microsoft ainda continuará investindo na divisão de consoles, mas fará com que alguns dos jogos desenvolvidos por ela também sejam lançados em outras plataformas após uma exclusividade temporária. Possivelmente, o melhor cenário, apesar do descontentamento de uma parcela da comunidade do Xbox.
  • A segunda possibilidade é que Microsoft passaria a produzir jogos através de seus estúdios proprietários com o objetivo de serem ofertados em plataformas concorrentes e em seu serviço por assinatura. Como consequência, isso significaria possivelmente o fim dos consoles Xbox, permitindo que a Microsoft se torne uma publisher, como a SEGA, e provedora de serviços (isso também poderia significar a expansão do Game Pass para outras plataformas em algum momento).

É importante também esclarecer que você não confunda as coisas, pois como o próprio Tom Warren disse: considerar jogos exclusivos para PS5/Nintendo está bem longe de significar que eles irão, de fato, ser lançados nessas plataformas.

O futuro do ecossistema do XBOX caso se torne real

Ainda trabalhando no cenário da suposição, só podemos imaginar o seguinte: o poder do Xbox aumentará com uma possível expansão do ecossistema.

Voltando ao assunto de vendas de consoles, devemos considerar que números altos de vendas de hardware implicam em números altos de vendas de softwares (jogos). No caso da Microsoft/Xbox, a empresa possui um ecossistema composto por: Softwares para PC, servidores em nuvem, jogos para PC, serviço de jogos em nuvem, consoles e etc.

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Se olhar de uma perspectiva que não possui lados em guerra de console, podemos ver o quão poderosa é a arma na mão do Xbox para o futuro, pois diferentemente da SEGA, não há motivo para descontinuar console e ainda há o benefício lucrativo de expandir para mais plataformas, seja com novos ou antigos “exclusivos”.

É o melhor cenário possível para a marca atualmente e Phil Spencer há muito tempo notou isso. Inclusive, é algo que justifica a aquisição de tantos estúdios. Agora se os seus administradores farão bom uso disso, bom, é difícil prever.

Ainda que as possibilidades pareçam promissoras, não podemos negar que é uma medida arriscada, afinal, muitos jogadores enxergam nos exclusivos um diferencial decisivo na hora de comprar um console, e o fato de termos os exclusivos da Microsoft em outras plataformas, mesmo que de forma tardia, pode fazer com que muitos deixem de comprar um Xbox.

O fim dos exclusivos e da guerra de consoles já é uma realidade

Há muito tempo, tínhamos uma internet limitada e a guerra de consoles era feita através das próprias fabricantes com seus exclusivos! Era o PS3 com God of War, The Last of Us de um lado, com o Xbox 360 com Halo, Gears of War do outro.

Nos dias de hoje, vemos as empresas relaxadas enquanto a guerra de console acontece através do raso argumento de “jogar o erro de um na cara do outro” ou de usar números de vendas como argumento.

Lançamento de jogos? Não temos. O PlayStation, após anos de PS5, segue investindo em poucas novidades reais para o videogame, mas o Xbox não fica muito para trás quando se trata disso, mesmo que tenha adquirido diversos estúdios nos últimos anos.

Mesmo com tantos deslizes, a base instalada de PS5 ainda é exponencialmente superior à do Xbox Series, o que significa que desenvolvedoras como Bethesda, Activision e Blizzard, antes acostumadas a realizar lançamentos multiplataforma, perderão uma fatia significativa do mercado ao tornarem seus jogos exclusivos permanentes do ecossistema Xbox, o que nos faz questionar: isso é vantajoso?

Jogos exclusivos do Playstation e do Xbox

Mas afinal, o que os exclusivos de ambas têm em comum? Simples: ambos, aos poucos, estão perdendo o argumento da exclusividade.

A partir do momento em que a Xbox lança seus jogos para PC, ele não necessariamente é um exclusivo só por não estar no PlayStation, e o mesmo vale para os jogos do PlayStation que estão chegando ao PC. Os principais carros-chefes da Playstation hoje se encontram no PC: God of War, The Last of Us, Spider-Man e outros títulos “menores” são jogáveis pelo computador (e tá tudo bem!).

Se você voltasse 10 anos atrás e falasse “Estou jogando o novo God of War no PC!”, seria motivo de chacota (e com razão, claro). Porém, esse cenário é completamente natural no mundo de hoje. Poucos são os jogos que permanecem exclusivos do Playstation, mas apenas por questão de tempo.

Spider-Man 2 (um dos poucos lançamentos exclusivos do PS5 nos últimos anos), poucos meses após seu lançamento, já estava sendo otimizado para computador. O clássico argumento do “compre esse console por conta de seus exclusivos” está beirando o fim, seja pelo Xbox ou pelo PlayStation.

Reação da Comunidade Gamer do Xbox

Devo ressaltar que entendo a insatisfação dos usuários dos consoles Xbox, pelo menos em partes… Andei observando de ontem para hoje que muitos influenciadores praticamente decretaram estado de calamidade ao falar sobre a situação, incluindo o próprio Jez Corden. Se sentiram traídos, o que é normal, já que o anúncio de God of War (2018) para PC também teve reações similares.

Porém, entretanto, todavia, é realmente necessário todo esse barulho e indignação? Novamente, não existe um jogo verdadeiramente exclusivo de Xbox há, pelo menos, 10 anos! (E tá tudo bem!)

A PlayStation segue o mesmo caminho e isso não é teoria, são palavras do próprio Kenichiro Yoshida, CEO da Sony. No futuro, caso a empresa decida ofertar alguns de seus exclusivos para além de uma plataforma neutra como o PC (coisa que a Sony não cogita no momento), isso também trará uma vantagem econômica cada vez maior para o Xbox. Isso é matemática básica, meu caro leitor.

Você, definitivamente, não escolheu um Xbox Series S/X ou até mesmo o One por exclusividade, mas sim por outros 1001 pontos positivos que a plataforma oferece para quem não possui um bom PC ou outro console da atual geração.

O futuro parece ser mais promissor do que nunca!

Para finalizar, falando por mim, um jogador de PC, acho que o caminho que o Xbox trilha é perfeito. Isso se mantiverem os planos como eu imagino que sejam, é claro.

Phil Spencer, em seu X/Twitter, se pronunciou e disse que ainda esta semana teremos novidades sobre as mudanças no modelo de negócios do Xbox. Aparentemente, os rumores ganham mais força, mas ainda não passam de rumores.

Então, seja o rumor tomando forma real ou mantendo-se apenas como falácias, o fã do Xbox não tem um motivo real para se frustrar, pelo contrário. O futuro é promissor, meu caro!