O gênero de super-heróis não parou desde 2000 com os X-Men, e mesmo com todo esse tempo, existe apenas um filme que foi dirigido por uma mulher (Lexi Alexander dirigiu Justiceiro: Zona de Guerra). As mulheres normalmente não têm a chance de dirigir filmes gigantes, já que els normalmente são colocadas em uma categoria de filmes específica.
Com sorte, Mulher-Maravilha irá mudar isso. O filme é um dos maiores do ano, e está nas mãos da diretora Patty Jenkins, que é responsável pelo filme da Amazona e já tem na Bagagem o filme vencedor do Oscar, Monster. Desde então, ela trabalhou na TV, mas se tudo der certo, Mulher-Maravilha será seu primeiro filme arrasa quarteirão.
O Collider falou com a diretora durante uma visita ao set de filmagens de Mulher-Maravilha em Londres e eles também viram alguns trechos do filme. Eles aproveitaram para falar com ela sobre o que esperar do filme, o histórico da diretora com a personagem, como ela foi inspirada pelo Superman de Richard Donner, o que ela pensa que faz a Mulher-Maravilha ser úncia em meio aos outros super-heróis, achar um tom que seja diferente dos outros filmes da DC, fazer um filme durante a Primeira Guerra Mundial, e muito mais.
Confira a entrevista a seguir.
Você acha que o filme terá uma recepção diferente, já que segue uma linha de comando diferente da que era adotada anteriormente?
PATTY JENKINS: Eu não faço ideia. Interessantemente, eu diria isso: Essa tem sido uma questão que tem ganhado muita atenção ultimamente, para minha grande surpresa, independente de quem tenha tomado a decisão. Eu estava apenas falando sobre esse problema e eu fui criada por uma mãe solteira, forte e muito feminista, mas por qualquer que seja o motivo, eu estava totalmente surpresa pela realidade que não esteve ali durante muito tempo. Então eu olho para minha carreira e digo “É, que seja,” mas parece que existem esses problemas que estão aí por muito tempo, e muitas pessoas estão dizendo “Na verdade, não mudou muito para nós.” Então eu acho que é um assunto ambíguo. Eu quero ser parte da próxima onda, “Sim, muito vai ser comentado sobre isso” mas a próxima onda é quando poderemos começar a fazer filmes universais sobre outros tipos de pessoas e não ter que se preocupar com isso. Apenas dizer, “Sim, este é um filme universal sobre uma pessoa que quer ser um super-herói; e ela é uma mulher.”
E eu acho que esse é o verdadeiro desafio, então eu segui em frente com essa atitude. É interessante e meio que engraçado porque o sexismo existe por que o filme se passa em 1918 e ela é completamente óbvia. Ela é tipo, “Isso é o que você usa na batalha, certo?” Ela está completamente confusa. Ela nunca imaginou coisas desse tipo. Então acabam ocorrendo comentários acidentais, mas eu também não quis fazer um filme inteiramente sobre mulheres. Eu estou fazendo um filme sobre a Mulher-Maravilha, que eu amo, e que para mim é uma das maiores super-heroínas, então eu apenas a tratei como uma personagem universal, e é isso que eu acredito ser o próximo passo quando se quer fazer mais e mais e quando o estúdio quer fazer mais e mais.
Você pode falar um pouco mais sobre quando você sentiu que iremos superar essas diferenças entre os super-heróis masculinos e femininos e atingir essa “próxima onda”?
JENKINS: Provavelmente daqui pra frente mais do que eu gosto de pensar, apesar eu querer ser parte disso enquanto olho para minha carreira e vejo que eu tenho uma Mulher na liderança de tudo o que eu fiz, mas não pensei tanto sobre isso, mais do que um homem pensa quando coloca outro homem na liderança. Eu não tenho uma data. Eu tenho alguns projetos estrelados por homens que também são projetos meus, então eu não quero ter que ficar pensando que isso é sobre uma mulher. Quando eu fiz Monster, eu não encarei aquilo como sendo uma mulher, eu não pensei que ela era lésbica. Eu estava contando uma história sobre uma pessoa específica, que era trágica e que buscava amor no mundo, e quanto mais eu conseguisse falar sobre ela, mais eu vencia. Porque eu estou aqui por causa do Superman. Estou aqui porque quando eu vi o Superman de Richard Donner quando era criança, abalou meu mundo, e eu era o Superman. Eu era aquele garotinho. Eu segui aquela jornada e aquele caminho. Eu sempre digo que Star Wars também me afetou profundamente, mas Star Wars fez para algumas pessoas o que o Superman fez para mim. Eu lembro do cinema, eu lembro do sentimento, eu lembro que eu ri e eu chorei e eu entrei naquele mundo e eu era o Superman. Eu acreditava que eu era o Superman, e essa é a beleza dos filmes. É tão fora de moda ficar pensando sobre o assunto do filme que você faz. Eu não me relaciono com as pessoas da Grécia antiga, mas ainda falamos sobre eles. Não importa se é sobre um elfo ou um cachorro. Apenas pegue o personagem e conte uma história que agrade a todos.
Então isso é o que eu acho sobre a próxima onda. É claro, que é incrível que seremos “um filme de mulher”, mas por outro lado, é importante falar sobre isso, porque eu acho que muitas vezes esses filmes não se sobressaíram. É como naqueles artigos em que filmes dirigidos por mulheres ganham mais Oscars. É importante saber disso, embora fazer o filme seja mais importante. Eu não fico pensando nisso.
Qual a diferença entre o heroísmo da Mulher-Maravilha que a distancia de super-heróis como o Batman ou o Superman?
JENKINS: Eu acho que eles todos são maravilhosos, ideais diferentes, e para ela é seu sistema de crença no mundo à sua própria maneira. Ela, além do Thor, é a única que é uma deusa, e ainda assim tem um forte ponto de vista. Ela acredita no amor, e ela acredita na verdade. Isso é um forte ponto de vista. Então o Superman quer salvar o mundo e todos os outros super-heróis querem salvar o mundo por diversas razões, ou querem vingança, ou estão se defendendo. É por isso, que ela é única que tem uma crença que é quase religiosa. “Eu acredito na sua melhor parte, e eu acredito em você, e eu acredito na verdade. E eu acredito que todos vocês podem ser melhores, e eu irei lutar para protegê-los. Mas eu também acredito em algo melhor.” Isso é algo maravilhoso de se trabalhar. E isso veio na hora certa. Eu acredito nela. Eu acredito que é uma mensagem importante. “Eu não quero lutar. Eu não quero matar pessoas. Mas se eu estiver nessa situação eu lutarei pelo seu direito de serem pessoas melhores.” Essa é uma história maravilhosa de se explorar. E ter dúvidas e dificuldades que os super-heróis têm.