Nesta sexta-feira (05), chega ao catálogo da Netflix a segunda temporada de O Mundo Sombrio de Sabrina, série que adapta os quadrinhos da Archie Comics e que serve como um reboot da série original dos anos 90.
Em seu segundo ano, Sabrina precisa lidar com o dilema de ter que estudar na Academia de Artes Ocultas e se desvincular cada vez mais de sua vida mortal, além é claro de ficar à mercê de Lúcifer, já que agora, sua alma pertence a ele.
Ao assistir os cinco primeiros episódios da nova temporada, a impressão deixada é que muitos dos problemas da temporada anterior foram potencializados, mesmo que algumas coisas tenha melhorado. Logo de cara, podemos dizer que o empoderamento feminino, preconceito e transição de gênero serão os grandes destaques da temporada, temas estes que são de extrema importância para a nossa sociedade atual, mas que ficam meio deslocados em uma série que deveria prezar pelo horror e magia.
Por falar em magia, diferente da primeira temporada, vemos que os bruxos estão explorando mais suas habilidades na série, contudo, isso ainda fica muito aquém do esperado. Além disso, Sabrina parece ser uma personagem que, definitivamente, deveria ficar longe da bruxaria, já que, toda vez que ela tenta remendar um erro com magia, acaba fazendo algo ainda pior.
Os dilemas dos personagens também parecem se resolver de forma muito simples e truncada, não oferecendo a sensação de perigo e ameaça necessárias. Pelo que deu para notar, a série se encaminha cada vez mais para um viés político do que fantasioso, o que pode ser um problema no futuro.
Os relacionamentos amorosos também se tornaram inconsistentes e sem química, deixando tudo muito “solto” e sem emoção. É compreensível que no mundo das bruxas, “ninguém é de ninguém”, mas será que mesmo nesse meio não existem aqueles que possuem relacionamentos verdadeiros e duradouros? No fim, vemos só um emaranhado de luxúria que lembra mais o que era feito em Sense 8.
A sensação deixada pelo que vimos até agora é que a série não se encontrou ainda em sua própria essência, já que precisa se dividir entre raros momentos de magia e fantasia e muitas mensagens de empoderamento, que embora sejam um reflexo da nossa sociedade atual e até representem algumas figurais reais, tais como o Trump, acabam sendo apenas um recurso para tentar dar substância a um roteiro raso e fraco.
Os efeitos especiais continuam bem simples, mostrando que o grande foco aqui é o elenco. Embora a Academia de Artes Ocultas tenha ganhado uma encorpada e se mostre maior e mais profissional, ela ainda passa um ar de galpão reformado decadente, não convencendo muito ser a suntuosa estrutura mágica que todos disseram na primeira temporada da série.
Os episódios de cerca de uma hora também são um problema gravíssimo e mesmo assim ainda acham tempo para colocar episódios filler que não acrescentam em nada na trama principal. Fica nítido que a produção faz de tudo para preencher tantas horas de série com subtramas desnecessárias que não levam a lugar algum, o que prejudica demais a produção.
Apesar da série original dos anos 90 ter sido muito mais infantil e caricata do que a nova adaptação, ela ainda assim conseguia entreter e ser mais mágica do que a nova adaptação. Talvez ainda estejamos assistindo a série com a mentalidade errada, já que, pelo que parece, as questões sociais são mais importantes do que a base sobrenatural e mágica.