Comemorando os 10 anos desde o primeiro game de Assassin’s Creed, a Ubisoft volta no tempo e nos entrega a origem da sua maior franquia em um game fantástico que dá uma nova cara para a saga dos assassinos.
Vingança é só a ponta do Iceberg
Em Assassin’s Creed Origins entramos na pele de Bayek, um Medjai. Medjais são protetores dos Faraós, grandes e respeitados guerreiros do Egito. Bayek é um excelente guerreiro, exímio investigador e respeitado pelo seu povo, até que 1 ano depois de um acontecimento trágico, volta para sua terra com sede de vingança. Ele só não sabia que essa vingança teria um propósito muito maior.
Sem templários, dessa vez os inimigos são a Ordem dos Anciãos, que utilizam do medo e da violência para controlar o povo egípcio, e Bayek, sendo um Medjai protetor do povo, não vê outra escolha senão libertar a população de toda essa barbárie.
A história vai sendo contada de acordo uma “Kill List”. Conforme você vai descobrindo quem são os alvos, mais curioso vai ficando para saber até onde ela vai, quem está no comando de tudo e ao longo de tudo isso a história vai apresentando alguns plot twists.
Não é só areia
A Ubisoft mais uma vez faz um excelente trabalho de ambientação. Você que achava que o Egito era só areia, vai ser surpreender com a quantidade de elementos que tornam o deserto uma espécie de “ser vivo”. Depois das longas caminhadas pelo deserto, você termina com a sensação de que terá de tirar areia do seu sapato, pois a imersão é enorme. As cidades têm suas nuances, desde uma extremamente movimentada, organizada e gigantesca, como Alexandria, até uma mais surrada pela Ordem, como Siuá.
As partes mais “selvagens” são de encher os olhos. Toda Fauna e Flora se encaixando, um tempinho de observação e você começa a notar crocodilos batalhando com hienas, abutres devorando carniça, e até mesmo os nada amigáveis Hipopótamos, que além de destruir e te derrubarem do barco, correm quase tanto quanto você.
Coisas para se fazer em Assassin’s Creed Origins é o que não falta. Você vai se deparar com muitas, mas muitas atividades mesmo, desde salvar civis de ataques de animais descontrolados à interceptação de comboios com reféns. Uma adição muito interessante ao game foi um novo tipo de missão chamada “Vingança”: ela consiste em vingar outros jogadores que morreram próximo de onde você está. Você encontra o corpo deles e a localização de quem o matou. Não é nada muito revolucionário, mas é interessante. Às vezes você está precisando daquele XP fácil e voilá, alguém morreu próximo a você.
Graficamente falando a ambientação está linda. Claro, às vezes você se depara com algumas renderizações mais demoradas, mas nada que atrapalhe a beleza do game.
O que mais me incomodou foram as cenas de diálogos. Embora a dublagem em português esteja boa, as expressões faciais estão horríveis. Houve momentos em que o personagem estava totalmente em choque, chorando, e o NPC estava com cara de paisagem, não esboçando nenhuma reação, sem contar quando a gesticulação estava totalmente fora de contexto com o que o NPC estava dizendo. Na verdade, para quem conhece a franquia, isso não é surpresa nenhuma, mas se você não se apegar a isso, vai notar que o game tem bons diálogos, seja em uma Side Quest ou quando está de bobeira passando pela multidão. Vai notar que os diálogos são ricos e bem construídos, conectados com o que está acontecendo na região em que você se encontra. Falando em diálogos, é bom ressaltar que aqueles com os Alvos são excelentes. Mesmo todos fazendo parte de um propósito, cada um tem sua motivação, sua ambição, e isso faz com que você se interesse ainda mais ao ir atrás deles, pois não são só inimigos da Ordem dos Anciãos que querem dominar o Egito.
Jogabilidade
Utilizando a mesma Engine de Assassin’s Creed Black Flag e Assassin’s Creed 3, temos a promessa de um game mais solto, livre, e realmente temos isso. Você nota nas perseguições em cima de telhados e na hora das escaladas, mas isso não quer dizer que você não vai travar em alguma subida, ou até mesmo não conseguir descer de algum lugar onde você sabe que o personagem consegue descer, mas, como disse acima, quem conhece a franquia já está acostumado com esses problemas, assim como os problemas dos inimigos extremamente burros, como em todo Assassin’s Creed. Um exemplo que aconteceu durantes os testes, foi em uma missão no qual você tem que resgatar um personagem de uma Biga em movimento e ela é escoltada com guardas, etc.. Após matar o piloto e pegar a biga, os guardas começaram a me perseguir, muitos, mas muitos guardas mesmo, então entrei em um beco e esperei um pouco. Peguei o refém, coloquei no ombro e passei pelos mesmos guardas que estavam me perseguindo há 2 minutos atrás e foi como se nada tivesse acontecido.
O Sistema de batalha está muito bom e parecem ter se baseado em For Honor. A ferramenta de deixar a mira travada ajuda bastante, mas acaba não sendo precisa quando enfrentamos muitos inimigos ao mesmo tempo.
Também pudemos notar algumas inspirações vindas do Drone de Ghost Recon Wildlands, em Origins ele se chama Senu, um fiel falcão que Bayek possui e você o usará MUITO! Ele serve como a “Eagle Vision” dos outros games. O falcão detecta seus alvos em missões, acha tesouros escondidos, até mesmo protegidos por paredes, bem como scanear os inimigos de algum lugar que você tenha que invadir, mostrando o level, se o inimigo está dormindo, ou seja, Senu é extremamente importante e necessário.
Mais RPG que isso, só se tivesse um D20
Assassin’s Creed Origins é um bolo com duas cerejas: uma é a história e a outra com certeza foi a mecânica de acrescentaren MUITOS elementos de RPG no game. De longe essa foi a melhor novidade que já vimos em um jogo da franquia.
O carinho que a Ubisoft teve em transformar Assassin’s Creed Origins em um RPG Mundo Aberto é notável. O sistema de progressão é bem feito, a árvore de habilidades que já esteve presente em Syndicate está de volta, inclusive nos dando a opção de optar pelas classes Guerreiro, Caçador e Vidente.
A Árvore do Guerreiro, como o próprio nome já diz, focará em suas habilidades corpo-a-corpo, desde conseguir trocar de arma durante o combate, até tacar a arma do inimigo em outros inimigos.
A Árvore do Caçador foca em suas habilidades com arco, furtivas e e outras que são relacionadas a Senu. É ideal para quem quer fazer tudo na furtividade, mesmo que isso quase sempre termine em você cercado por 10 inimigos e partindo para a briga.
E por último, a do Vidente que de longe é a que menos nos agradou, pois é focada em Dardos Envenenados, Domar Animais, coisas desse tipo. Os pontos gastos nela foram para conseguir comprar itens raros no vendedor e conseguir comprar materiais de criação.
O game tem um sistema de Gathering, você precisa conseguir couro, bronze, madeira, para evoluir seus equipamentos como peitoral, aljava e Hidden Blade, isso mesmo, sua Hidden Blade tem que estar upada porque estamos em um RPG. Se você tentar apunhalar alguém mais forte que você e a arma estiver fraca, ele não vai morrer de primeira, vai tomar o dano e provavelmente vai te sentar a porrada, ou soar o alarme e chamar reforço; isso é RPG puro – o mesmo acontece quando se tenta derrotar um inimigo com uma flechada na cabeça e seu arco não está forte o bastante.
O cuidado com a variedade de armas te motiva a buscar as tumbas para itens mais raros, o que consequentemente aumenta também o tempo de jogo de forma natural.
Vale a Pena?
Assassin’s Creed Origins vale cada centavo, sendo uma das melhores surpresas de 2017. Além de contar uma história magnífica, te dará horas e horas de diversão, mesmo que você não realize todas as missões que o jogo oferece. Origins conseguiu dar uma nova cara para a franquia e um ânimo para os fãs. O jogo foi mais uma prova de que às vezes reservar um tempo maior para o desenvolvimento faz bem à franquia e deixa os jogadores mais instigados.
Esta crítica foi elaborada em pareceria com o Vinicius Martins do Multverso Geek.