Lançado originalmente em 2005, Destroy All Humans! é lembrado por muitos jogadores como um dos jogos mais divertidos e absurdos da história. O quarto e último título da franquia, Path Of The Furon, lançado em Dezembro de 2008, foi um fracasso, fazendo com que a série caísse no esquecimento, para o azar de seus fãs.
Em Junho de 2019, foi anunciado que o primeiro jogo ganharia um remake produzido pelo estúdio Black Forest Games e teria a missão de manter o espírito do jogo original, trazendo-o para a geração atual, permitindo que muitos jogadores revivessem os bons tempos e apresentar a franquia para uma nova geração.
História
Destroy All Humans! começa após um alienígena cometer uma “barbeiragem” com seu disco voador e cair no planeta Terra, sendo capturado pelo governo e desaparecendo durante o final da década de 40.
12 anos depois, somos apresentados a Cryptosporidium 137, clone do alienígena anterior e membro da raça Furon. A espécie é conhecida por dominar mundos e estar constantemente semeando a guerra.
Cryptosporidium 137, apelidado de Crytpo, tem como missão descobrir o que aconteceu com seu irmão e colher tecido cerebral dos seres humanos para prevenir que a espécie entre em extinção. O alienígena é surpreendido por uma misteriosa organização e percebe que seus objetivos ficarão cada vez mais complicados.
O remake mantém a história original intacta, incluindo o humor extremamente ácido. Crypto é um personagem ranzinza, debochado, psicopata e que não tem papas na língua para falar o que pensa, principalmente demonstrando todo seu desprezo e ódio pelo planeta Terra, chamando-o de xexelento e referindo-se aos seres humanos como meros primatas.
Por mais que o jogo original tenha sido lançado há 15 anos, suas críticas e piadas parecem feitas para o momento atual que vivemos.
Espere ver um governo atrapalhado, que coloca a culpa dos problemas e destruição causadas por Crypto em uma ameaça comunista “perigosa”, e habitantes das cidades renegando a ciência, acreditando nos maiores absurdos.
Levei por volta de 15 horas para finalizar a aventura e, desse total, quase uma hora apenas na última fase, especialmente no último chefe, que fará a alegria dos jogadores da velha guarda sedentos por desafios.
Jogabilidade
Destroy All Humans! é um jogo de ação em terceira pessoa divido por fases em cenários abertos em que o jogador deverá cumprir objetivos variados. Ao zerar, o jogador poderá voltar às fases para participar de desafios e procurar colecionáveis. Além dos estágios originais, o remake conta com uma fase inédita, que estava em produção no jogo de 2005, mas acabou sendo descartada.
Este remake conta com diversas melhorias notáveis. Uma das principais é a movimentação do personagem, que está muito mais fluida, dinâmica e rápida do que no jogo original.
A adição de uma mecânica de impulso permite que o personagem desvie de tiros e ataques em área, sendo importantíssima em confrontos com inimigos mais poderosos. É possível também focar a mira do personagem em um único alvo, para concentrar seu dano.
O jogador pode buscar melhorias para Crypto e seu disco voador por meio do DNA obtido ao remover o cérebro dos NPCs. Você tem liberdade para focar nas habilidades e armas que julgue imprescindíveis, mas nas fases finais, alguns aprimoramentos tornam-se quase obrigatórios, como o campo de força que consegue repelir mísseis da nave do extraterrestre.
Para completar a missão, Crypto possui uma série de armas como seu raio eletrizante e a sonda anal, que consegue arrancar o cérebro dos oponentes por aquele lugar onde o Sol não bate. Como o jogo é regado no humor, não espere violência explícita e realista, mas sim algo caricato e engraçado, semelhante ao filme Marte Ataca! (1996).
Além do arsenal variado, Crypto conta com habilidades extraterrestres bacanas que dão uma dinâmica muito interessante. O alien possui poderosas habilidades mentais, que permitem usar telecinese, arremessando objetos e pessoas pelos ares, como se fossem feitos de papel.
Seus poderes ainda incluem certos tipos de dominação mental úteis, como por exemplo fazer um NPC dançar para distrair seus inimigos, enquanto você entra disfarçadamente em algum lugar, ou controlá-lo para defender o jogador em algum confronto.
O jogo também conta com momentos de stealth, em que Crypto precisa assumir a forma de outros personagens humanos com um recurso chamado “holozé”.
Quando o extraterrestre está disfarçado, utilizando o holograma, é necessário que o jogador leia a mente de outros NPCs para manter o recurso ativo, permitindo que o jogador ouça os pensamentos hilários dos moradores da cidade que vão desde adultério até amor não correspondido. Crypto acaba sendo o maior fofoqueiro da cidade, conhecendo os segredos mais íntimos de seus habitantes.
Um dos momentos mais divertidos é quando o alienígena assume controle de seu disco voador, permitindo que você espalhe o caos pelos mapas destrutíveis, levando prédios abaixo. Os controles são simples e a jogabilidade flui bem, sem maiores dificuldades.
Um dos maiores defeitos do jogo é a repetição, principalmente de seus inimigos. Além de pouco variados, a IA não não oferece grande desafio, salvo pelo ato final e seu último chefe apelão, que farão com que muitos jogadores queiram jogar o controle do videogame na televisão.
Outro ponto que incomoda é que a física soa problemática em alguns momentos. Algumas missões contam com objetivos opcionais, que exigem que você faça determinadas tarefas para ganhar DNA bônus.
Em um determinado momento, eu precisava matar inimigos arremessando itens com telecinese para completar o objetivo opcional e, mesmo de frente, com o inimigo na mira, o item fazia uma trajetória diferente da que eu esperava, atingindo o chão. Por mais que não seja um problema grave, acabou incomodando em alguns momentos
Aspectos Técnicos
A maior diferença entre o original e o remake são os gráficos. A Black Forest Games fez um trabalho fenomenal, escolhendo uma arte cartunesca em cores vibrantes, dando muito mais vida aos cenários com texturas bem feitas, novos efeitos de iluminação e detalhes caprichados aos modelos de personagens, principalmente a Crypto.
A música e os diálogos foram completamente retirados da versão original, apenas sofreram uma mixagem para melhorar sua qualidade, o que dá um tom bem-vindo de nostalgia ao título.
O jogo não possui dublagem em português, mas encontra-se traduzido e com legendas no nosso idioma.
Conclusão
Destroy All Humans! é um remake feito do jeito certo, por melhorar o que já era bom, sem perder a essência do original. Por mais que a história esteja completando 15 anos em 2020, seu humor escrachado e absurdo cai como uma luva no momento atual.
Jogadores que estejam buscando uma aventura divertida, engraçada e recheada de ação, irão amar o título. Caso você seja fã do jogo original e tenha boas memórias dele, este remake não poderá faltar na sua coleção.