Hoje (29), chega ao PS5 a aguardada segunda parte do remake de Final Fantasy VII, também conhecida como Final Fantasy VII Rebirth. Nesta análise, iremos comentar nossa experiência ao longo dessa aventura que promete ser um dos maiores jogos de 2024, confira.
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A história até aqui
Caso não tenha passado pelo primeiro jogo, ou vivido a aventura original, Final Fantasy VII tem como personagem central um guerreiro de elite chamado Cloud Strife, que se junta a um grupo de rebeldes para tentar derrubar a tirania de uma megacorporação chamada Shinra.
No mundo do jogo, a Shinra extrai a energia vital do planeta para transformá-la em combustível para a humanidade, além de também usá-la para criar armas e mutações genéticas. Como era de se esperar, esse processo está deteriorando o planeta, além da visível desigualdade social criada pela empresa, o que faz com que surjam aqueles que almejam acabar com esse sistema.
É nesse meio de campo que somos apresentados aos demais personagens centrais da trama, além de todo um contexto mais imaterial envolvendo divindades, seres ancestrais, alienígenas e tudo o mais (o pacote padrão da grande maioria dos Final Fantasy).
No primeiro jogo, vimos Cloud e seus amigos fugindo da cidade de Midgar depois de terem invadido o prédio da Shinra e de confrontarem pela primeira vez o implacável Sephiroth.
Na sequência, vemos os efeitos colaterais do que aconteceu anteriormente, incluindo a expansão dos domínios de Sephiroth e o início da liderança de Rufus sob a Shinra após a morte de seu pai.
Final Fantasy VII Rebirth traz um mundo completamente novo
Conforme prometido pelos desenvolvedores, e destacado nos muitos trailers do jogo, Final Fantasy VII Rebirth é uma evolução de tudo o que vimos no jogo anterior, e não demora muito até vermos que as promessas não eram vazias.
Ao sair de Midgar, somos apresentados a um mapa aberto imenso, que é só a ponta do iceberg do que está por vir ao longo do jogo.
Final Fantasy VII Rebirth consegue tirar a sensação de claustrofobia que senti em muitos momentos do primeiro jogo, deixando de lado os “corredores com skins diferentes” para dar lugar a cenários vastos e que me submergiram por completo naquele universo.
Logo de cara, fica claro aqui que esse é um jogo massivo. Você irá gastar muitas horas no mapa caso decida explorar cada cantinho dele e realizar todos os objetivos secundários, o que é um prato cheio para os complecionistas de plantão.
Embora muito dessa primeira parte sirva como um tutorial para novatos que decidiram pular o primeiro jogo ou para apresentar as primeiras mudanças para os veteranos, posso dizer que o jogo começa com o pé direito, conseguindo despertar nosso interesse pelo que está por vir.
Se sua maior reclamação para o jogo anterior era de que você ficava preso somente em Midgard, pode se preparar, pois Final Fantasy VII Rebirth traz uma variedade imensa de cenários, algo que me deixou até um pouco sobrecarregado ao longo da jogatina, já que ele avança e muito na história.
O jogo ainda tem problemas de ritmo?
Embora a primeira parte do Remake seja um ótimo jogo, o título dividiu a opinião dos jogadores por inflar demais a história com momentos desnecessários e que foram feitos para “engrossar o caldo” do primeiro ato. Muitos reclamaram de que o jogo ficou cansativo propositalmente.
No jogo original, todo aquele trecho de Midgar abordado no Remake pode ser concluído em cerca de cinco horas, mas no jogo de 2020, você leva cerca de 40 horas para finalizar, o que é surreal.
Final Fantasy VII Rebirth tem um novo diretor, mas ainda conta com Tetsuya Nomura, diretor da primeira parte do Remake, como Diretor Criativo. Ainda que mudanças claras tenham sido trazidas pela direção de Naoki Hamaguchi, ainda é possível identificar o “gene de Nomura” (alô, fãs de Kingdom Hearts) por lá.
Rebirth tem uma cadência bem melhor que seu antecessor, mas não posso deixar de dizer que ele exagera em alguns momentos. Tendo jogado o título original de 97 antes de fazer essa review, fiquei maravilhado ao ver como eventos marcantes foram recriados. É impressionante ver algo que era tão simples (pela ótica dos dias atuais), se transformando em um evento grandioso.
Além disso, Rebirth consegue trazer novas abordagens para algumas situações, mudando um pouco nossa perspectiva em relação ao original. Apesar de termos sempre a sensação de “eu sei o que vai acontecer agora”, o jogo nos surpreende com algumas mudanças, ainda que sutis, para trazer um grato frescor.
O grande problema é que o fato de abranger tantos eventos grandes da história acaba sendo uma faca de dois gumes. Ainda que essa avalanche (há) de conteúdos seja ótima, somando por volta de 100 horas de jogo para completar tudo, aqueles que quiserem seguir somente a história principal irão se deparar com uma infinidade de minigames obrigatórios, que quebram o ritmo narrativo e de jogabilidade.
E o que muda na jogabilidade de Final Fantasy VII Rebirth?
Quem jogou a primeira parte do Remake não irá notar muitas diferenças no primeiro momento. O sistema de combate e de locomoção continua bem parecido, trazendo como a maior diferença o botão de pulo para exploração do mapa e áreas em que é possível escalar, não se limitando somente às escadas.
As diferenças vão surgindo ao longo do jogo através do novo sistema de golpes de sinergia (ataques especiais em que dois personagens se unem para desferir um golpe poderoso, no estilo dos ataques Limite que tínhamos no jogo anterior), assim como o novo sistema de Pontos da Equipe, que substitui a evolução das armas do primeiro jogo.
Ao subir de nível, seu grupo também ganha pontos de Fólio, o que permite liberar algumas habilidades especiais para cada um dos membros do grupo, assim como os ataques de sinergia.
Outro destaque são os meios de locomoção, já que os mapas imensos pedem por esse recurso. Os Chocobos realmente brilham aqui, com cada região trazendo uma espécie diferente com habilidades únicas, o que cria uma identidade para local e diversifica bastante a exploração.
Não posso deixar de citar também o sistema de Transmutação de Itens, que serve para criar itens através dos ingredientes coletados pelos mapas. Além de incentivar a exploração, o sistema também ajuda a aumentar seu estoque sem depender inteiramente das compras com Gil nas lojas.
No mais, tudo se mantém o mesmo. Além das habilidades especiais obtidas pelas armas, temos também as Matérias, assim como o sistema de itens, Limites e invocações. A grande sacada é que o jogo parece trazer um refinamento do que já funcionou no anterior, o que é ótimo.
Vale destacar também que o DualSense desempenha um papel importante na jogabilidade, sendo um dos melhores usos dos gatilhos adaptáveis e da resposta tátil já vistos até hoje em um jogo de PS5.
Sons e imagens de tirar o fôlego
Assim como o anterior, Final Fantasy VII Rebirth é um jogo belíssimo, aproveitando de todo o poder de fogo do PS5. É impressionante ver os detalhes e o capricho dos desenvolvedores em cada um dos mapas.
O SSD do PS5 traz benefícios imensos para o jogo, ajudando muito na fluidez de tudo e permitindo que mais coisas aconteçam simultaneamente em tela.
Já a trilha sonora dispensa apresentações. Resgatando mais uma vez melodias do original com alguns toques novos, temos uma trilha estupenda durante toda a aventura.
Mas e o resultado final, é satisfatório?
Final Fantasy VII Rebirth certamente é um jogo espetacular e uma aquisição indispensável para os donos de PS5 que amam um RPG de ação. Dito isso, não podemos negar que o jogo toma algumas decisões controversas e que deixarão alguns jogadores, principalmente os que amam o jogo original, desapontados.
O excesso de minigames e a megalomania de Tetsuya Nomura, assim como o desejo do criativo em deixar sua marca no jogo, ainda que mantendo a essência e a fidelidade ao original, fazem com que a reta final do título acabe destoando da magnitude que ele constrói desde o princípio.
Nomura cria alternativas que implicam em mudanças drásticas para o cânone, mas “na hora H”, ele acaba mantendo os eventos da maneira que conhecíamos, deixando apenas ganchos para a vindoura terceira parte.
Final Fantasy VII Rebirth é o começo do fim
Muito ainda precisa ser desenvolvido, personagens como Vincent Valentine ainda não mostraram seu propósito, e questionamentos inéditos surgem através do remake, o que é algo esperado para a segunda parte de uma trilogia, afinal, eles precisam nos instigar a descobrir o que acontecerá no próximo jogo.
Para mim, o maior problema é que algumas decisões de Nomura acabaram tirando um pouco do peso narrativo dos eventos finais. Ainda que eu esteja ansiosíssimo para ver o que vai acontecer, senti que essas mudanças tiveram um efeito negativo em um dos momentos mais marcantes na história dos jogos de videogame.
Não sei como as coisas irão se desdobrar no próximo e se realmente teremos uma mudança drástica no cânone, mas posso dizer que, com certeza, Final Fantasy VII Rebirth é mais uma peça nesse quebra-cabeças que promete manter o jogo vivo e relevante pelos próximos trinta anos (ou até que um segundo recomeço da história seja anunciado no futuro).
*O Cromossomo Nerd agradece a Square Enix por ter nos cedido uma cópia do jogo para esta análise.