Sintonia se despede em grande estilo com um festival histórico em SP

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Se “Sintonia” é sobre sonho, realidade e superação, sua despedida não poderia ser diferente. No último sábado (1), a Netflix transformou o Memorial da América Latina em um grande baile funk para celebrar a quinta e última temporada da série que se tornou um fenômeno. O Sintonia – O Último Baile foi mais do que um evento promocional: foi um acontecimento. Dez horas de festa, mais de 10 mil fãs, um line-up que uniu passado, presente e futuro da música urbana e, claro, a energia única de quem viveu cada reviravolta da trama de Doni, Nando e Rita.

Se teve batida, rima e representatividade? Teve e muito. O festival não se limitou a trazer nomes gigantes da cena, ele colocou no centro do palco a essência do funk e do rap periférico, reforçando o impacto que a série teve ao dar visibilidade para essas narrativas. E como todo baile que se preze, teve surpresa, teve nostalgia, teve aquela vibe de “se é despedida, então que seja inesquecível”.

A primeira de SP, ela! MC Menorzinha

Sintonia se despede em grande estilo com um festival histórico em SP | Foto: @welllllzin
Sintonia se despede em grande estilo com um festival histórico em SP | Foto: @welllllzin

Se hoje o funk feminino em São Paulo ocupa seu espaço, muito disso se deve a MC Menorzinha. Lá nos tempos do Orkut e do 4shared, enquanto muita gente ainda torcia o nariz para minas no funk, ela já estava moldando o som e a estética que viriam a definir a cena anos depois. Mandrake? Menorzinha já fazia antes de virar tendência. Hit viral? Ela já dominava antes de existir TikTok.

E no festival, mesmo depois de um hiato gigante, ficou claro que a rainha segue no trono. O público foi à loucura quando ela subiu ao palco, trazendo aquele flow que, mesmo depois de mais de 15 anos, segue afiado. O mais impressionante? Suas músicas antigas não envelheceram um dia sequer. Prova disso é que, recentemente, ela relançou um de seus maiores sucessos em parceria com outras artistas da nova geração, mostrando que pode até ter dado um tempo, mas nunca saiu de cena de verdade.

“Pode falar bem, pode falar mal, mas lembra o nome da melhor do baile.”

Tasha & Tracie: quando o corre vira arte

Sintonia se despede em grande estilo com um festival histórico em SP | Foto: @welllllzin
Sintonia se despede em grande estilo com um festival histórico em SP | Foto: @welllllzin

Se tem uma dupla que sabe transformar vivência em movimento, essa dupla é Tasha & Tracie. Elas não são só rappers: são ativistas, estilistas, diretoras de arte e, antes de tudo, referência. Vieram da quebrada, transformaram moda em atitude e fizeram do rap um megafone para falar de autoestima, cultura negra e autonomia.

Desde os tempos do blog Expensive $h1t, as gêmeas já tinham uma missão clara: fortalecer o corre das minas da periferia. E no palco do festival, elas mostraram por que hoje são uma das duplas mais respeitadas da cena. Com um beat impossível de ignorar e uma presença magnética, Tasha & Tracie entregaram não só um show, mas um manifesto. Do rap ao funk, da rima ao estilo, tudo nelas é identidade.

Se alguém ainda duvidava que elas são “it favelas” de verdade, bastou alguns segundos de show para entender que o hype é real.

Duquesa leva a tropa e deixa claro: o futuro é agora

Sintonia se despede em grande estilo com um festival histórico em SP | Foto: @welllllzin
Sintonia se despede em grande estilo com um festival histórico em SP | Foto: @welllllzin

Se o Brasil ainda está descobrindo Duquesa, o festival serviu como um belo cartão de visitas. Direto de Feira de Santana, na Bahia, a rapper já tinha um nome forte no underground, mas nos últimos anos vem mostrando que seu som não conhece fronteiras.

Seus primeiros lançamentos já davam pistas de que algo grande estava vindo, mas foi com o álbum “Taurus” (2023) que ela realmente virou o jogo. O disco rendeu feats poderosos, prêmios e uma nova leva de fãs que se conectaram com sua sonoridade que passeia entre o trap e o R&B.

No festival, ela entregou uma performance cheia de atitude, mostrando que veio para ficar. Quando a Tropa da Duque gritou junto com ela, ficou claro: Duquesa já é um nome grande. Agora, é só questão de tempo até o resto do mundo perceber.

O elenco no baile e a surpresa da noite

Além dos shows, o evento foi uma grande reunião de quem fez parte da história de “Sintonia”. Christian Malheiros (Nando), Bruna Mascarenhas (Rita), Jottapê (Doni) e outros integrantes do elenco marcaram presença, assim como nomes da cena musical que tiveram conexões com a série ao longo dos anos. Negra Li, MC Soffia, Drik Barbosa, Bivolt e até Eduardo Suplicy (sim, ele mesmo!) estavam lá para celebrar o legado da produção.

Mas a grande surpresa da noite foi Gloria Groove. E como a drag queen não faz nada pela metade, ela entrou em cena pilotando uma moto antes de botar fogo no palco com “Vermelho”. Cena de filme, literalmente.

O Palco Fluxo, por sua vez, foi uma verdadeira viagem pelos bailes de São Paulo. DZ7, Ruinha, Baile do Céu e São Jorge comandaram a trilha sonora, garantindo que ninguém ficasse parado. Entre uma batalha de rima e outra, ativações como o estúdio KondZilla, uma barbearia e até um salão de unhas chavosas completaram o rolê.

Um adeus com gosto de quero mais

“Sintonia – O Último Baile” foi um momento para celebrar o impacto que ela teve, não só na Netflix, mas na cultura pop brasileira. Poucas produções conseguiram retratar a realidade periférica com tanta verdade e, ao mesmo tempo, abrir portas para talentos que antes ficavam à margem.

A última temporada estreia dia 5 de fevereiro na Netlix, e se tem algo que o festival deixou claro, é que a despedida será intensa. Doni, Nando e Rita enfrentam seus maiores desafios e, pela última vez, terão que provar que amizade e lealdade ainda são mais valiosas do que qualquer cifra ou status.

Se “Sintonia” mudou o jogo, o baile foi só a confirmação de que essa história vai ecoar por muito tempo.