“Eu prefiro ser temido ou amado? Fácil, quero os dois. Quero que as pessoas tenham medo do quanto elas me amam.” – Michael Scott.
Se você não conhece essa frase, deixe-me te apresentar Michael Scott (Steve Carell), o gerente de uma empresa fornecedora de papel, localizada na Pensilvânia, Estados Unidos. Ele é um dos protagonistas de The Office (2005), que narra o cotidiano dessa filial da Dunder Mifflin. Para ter uma noção da importância dessa série, em 2015, ela foi eleita a melhor produção televisiva dos últimos 20 anos pelo Broadcast Awards, uma premiação realizada no Reino Unido; além disso, superou Friends e é a série mais assistida da Netflix (no Brasil, o programa é disponibilizado pela Amazon Prime).
Ela é um mockumentary, ou seja, finge que é um documentário narrando o dia a dia daquele escritório desinteressante. O humor fica concentrado nas ações dos personagens em um ambiente que deveria ser banal; logo nos primeiros episódios, Jim Halpert (John Krasinski) esconde o grampeador de Dwight Schrute (Rainn Wilson) em uma gelatina e em outro, leva sua mesa e pertences para o banheiro – e ele trabalha de lá mesmo.
Mesmo assim, as piadas não ficam bobas, já que elas resultam em consequências que são outras piadas – e ajudam a criar a personalidade dos personagens -. Nada no roteiro é em vão e por mais que ele queira te fazer rir, não quer só fazer isso, existe toda uma construção da trama e que, as vezes, pode estar dentro de uma simples anedota.
The Office é um remake de um programa com o mesmo nome que foi produzido na Inglaterra e exibido de 2001 à 2003. Essa versão, tem Ricky Gervais interpretando o protagonista, que também é um chefe sem noção e que causa muita vergonha alheia. Muitos dizem que a versão americana deu certo por saber dosar muito bem esse tipo de humor, não deixando que o espectador desista da série ou se sinta desconfortável.
Apesar do foco ser o escritório, a vida dos personagens fora dele também ajuda a criar o clima da e deixa tudo mais fácil de digerir; temos Stanley Hudson (Leslie David Baker), que só pensa na sua aposentadoria e nas férias, Angela Martin (Angela Kinsey) uma católica que ama seus gatos e o Dwight, cujo segundo emprego é ter uma fazenda de beterrabas. Essas pequenas doses ajudam a equilibrar o tipo de piada que o roteiro usa, e a vergonha alheia, que era um problema na versão original, nunca toma proporções desnecessárias, já que está distribuída em vários polos.
É difícil colocar no papel quantos momentos icônicos esses personagens já nos proporcionaram, mas Creed Bratton (Creed Bratton) é o campeão das frases inesquecíveis, mesmo sendo um coadjuvante naquela bagunça.
“Ninguém rouba do Creed Bratton e sai ileso! A última pessoa que fez isso desapareceu… seu nome? Creed Bratton” – Creed. S05E05
Além dessa dinâmica, existe a dualidade entre quem trabalha no escritório e os funcionários do depósito. Todos os episódios com essa temática, que vão se tornando mais frequentes ao longo das temporadas, só melhora o que já era bom no roteiro: a sintonia entre os trabalhadores.
Séries de comédia precisam ter personagens cativantes ou que pelo menos tentam ser, em The Office, nós temos um grupo muito bem construído e que são tão legais de assistir, que conseguem funcionar sozinhos, em duplas ou em grupos. Literalmente, até mesmo a pessoa mais chata se torna querida naquele contexto.
Apesar de diversas falhas ao longo de seu trajeto, não podemos dizer que esse programa não é uma das melhores obras de comédia dos últimos tempos. Se você gosta do humor nonsense de “Apertem Os Cintos… O Piloto Sumiu” ou do roteiro escrachado de Monty Python, essa série é para você. E vamos ser sinceros, não precisa ser trash para fazer um bom nonsense.
No Brasil todas as 9 temporadas estão disponíveis na Amazon Prime.