[ANÁLISE] Alex Kidd in Miracle World DX | O reinado do Sonic vai chegar ao fim?

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Poucos sabem, mas o Sonic não foi o primeiro mascote da SEGA. Durante os anos 80, Alex Kidd era quem carregava o manto de “cara da empresa”. Depois da chegada do ouriço azul, ele foi deixado de lado por muitos anos e se não fosse por uma pequena equipe de desenvolvedores do México, o antigo carro-chefe da SEGA ainda estaria guardado na gaveta.

Alex Kidd in Miracle World DX é um remake do primeiro jogo da franquia lançado em 1986, com a promessa de trazer a mesma experiência do jogo original, porém com melhorias gráficas e uma jogabilidade mais atualizada para os dias de hoje. Será que a missão foi cumprida?

Gráficos e Trilha Sonora

A melhoria mais evidente desse remake são os gráficos, sendo um dos jogos 2D/pixel art mais bonitos que já foram feitos. O jogo foi totalmente refeito com animações novas, redesing dos personagens, inimigos e cenários.

O destaque fica por conta das sombras e iluminações que, de certa forma, dão um ar mais realista para os cenários, o que é um deleite para os olhos.

No jogo, temos a opção de alterar os gráficos a qualquer momento, permitindo que joguemos em estilo retrô e com os gráficos do jogo original.

Essa é uma mecânica muito mais focada em fazer o jogador admirar e comparar as diferenças de qualidade gráfica. Na prática, gera uma certa estranheza na jogabilidade e ficar alternando constantemente entre os modos pode atrapalhar em um cenário com muitos inimigos.

Depois da harmonização facial.

A trilha sonora também foi refeita, mas nesse caso específico, certas fases ficam melhores com a trilha original, principalmente as fases aquáticas.

Foram adicionadas algumas fases novas e uma coisa que vale ressaltar é como a equipe de desenvolvimento trabalhou pra deixar cada fase com um visual único, com sua própria atmosfera e trilha sonora. Visualmente tudo é impecável, batendo de frente com jogos como Cuphead.

História

Assim como no original, a história do remake é bem rasa e simples, servindo apenas de pano de fundo para o que acontece e não se aprofundando muito no passado do protagonista ou criando vínculos emocionais.

Alguns NPC’s foram acrescentados apenas para dar um pouco de contexto à história, trazendo um pouco de vida pro jogo.

Jogabilidade

Uma coisa que quase não foi modificada da versão original é a jogabilidade, o que deve agradar bastante os fãs antigos, mas acabar afastando alguns jogadores novos, principalmente pela grande dificuldade. Todos os inimigos são hitkill, ou seja, encostou morreu, além do fato de que, caso seu contador de vidas chegue em 0, você voltará para o início da fase, sem um checkpoint.

Isso pode ser bem irritante quando você já está quase no fim de uma fase, com uma vida, e fazendo de tudo pra não encostar em um inimigo. A forma que os desenvolvedores encontraram para deixar o jogo mais fácil foi permitir que o jogador habilite o modo de vidas infinitas, fazendo com que essa preocupação de voltar pro início da fase desapareça.

É claro, isso mostra o quanto eles pensaram em ser inclusivos, já que muitos jogos como Cuphead, Returnal e Darksouls são lembrados por sua dificuldade extrema, algo que criou um nicho de jogadores que apreciam isso. Contudo, caso você esteja procurando apenas uma diversão simples e agradável, o remake de Alex Kidd também irá te proporcionar isso.

As boss fights são no estilo jankenpo (pedra, papel e tesoura), com as primeiras sendo compostas por uma melhor de três. Com o passar do jogo, os chefes vão ficando mais difíceis, fazendo uma série de ataques, mas como todo bom e velho chefe de jogo de plataforma, depois que você pega o padrão de ataques, fica muito simples de derrotá-los.

Apesar de ter conteúdo novo, o jogo inteiro pode ser finalizado em cerca 3 à 4 horas com a ajuda do modo de vidas infinitas. Caso você queira enfrentar os desafios “na raça”, esse tempo pode dobrar.

Em questão de jogabilidade, ainda parece ser o mesmo jogo de 86. Alex ainda desliza no chão depois de um pulo e os socos continuam meio complicados de acertar, o que por um lado é bom por ser bem fiel ao original, mas também faz com que o nível de dificuldade dos controles seja um pouco frustrante, diminuindo a sensação de vitória oferecida por outros jogos do mesmo estilo.

Considerações Finais

Mesmo com mudanças positivas, é improvável que Alex Kidd in Miracle World DX tenha forças pra competir com os jogos atuais do mesmo estilo, já que não traz nada extremamente inovador ou que te “vicie”. Mesmo assim, ele é um ótimo remake de um jogo clássico.

O título com certeza vai agradar os fãs saudosistas e, com sorte, trazer novos entusiastas para a franquia.

Por ser um trabalho independente, que teve total reconhecimento e apoio da SEGA, o jogo talvez sirva de exemplo para que outras empresas também ofereçam o mesmo suporte para essa comunidade, o que certamente seria benéfico para os consumidores (ouviu, Nintendo?).

Gostaríamos de agradecer à Agência Masamune por ter nos fornecido uma cópia do jogo no PC para esta review.