Há jogos que marcam toda uma geração de videogame, seja pela história, pelos personagens, pelos gráficos ou por explorar um gênero específico ao máximo. Esse é o caso de Baldur’s Gate 3, o RPG mais ambicioso da Larian Studios, que conseguiu não só atrair os fãs de RPG, mas também desafiar todo um paradigma da indústria, mostrando que um jogo pode fazer sucesso sem seguir as tendências do mercado.
A promessa da Larian
Em 6 de junho de 2019, a Larian Studios surpreendeu os fãs de Dungeons & Dragons ao publicar no YouTube o trailer cinematográfico de Baldur’s Gate 3, mostrando a cidade de Baldur em chamas e um soldado se transformando em um Illithid. No dia seguinte, foi lançado o primeiro episódio da série Community Update, onde Swen Vincke, CEO da Larian, negocia os direitos do jogo com a equipe da Wizards of the Coast, e se compromete com uma coisa: trazer a diversão e a magia de D&D para os jogos eletrônicos.
Na época do vídeo, já tínhamos uma ideia do que nos esperava para o futuro: a maior adaptação de Dungeons and Dragons fora das complexas mesas de RPG. Com uma história extremamente envolvente, personagens complexos, escolhas que mudam todo o universo do jogo e tudo que uma mesa de RPG pode oferecer. Baldur’s Gate 3 superou todas as expectativas, se tornando um dos maiores lançamentos da Steam e também o maior sucesso da Larian.
O grande desafio: adaptar a criatividade de uma mesa de RPG
Adaptar um RPG de mesa para um jogo eletrônico sem perder sua essência é uma tarefa extremamente difícil, pois em uma mesa de RPG quase tudo é possível. Tudo depende da imaginação do jogador e da criatividade do Mestre que está narrando e conduzindo a história.
Nesse aspecto, a Larian conseguiu fazer o impossível, já que o jogo é praticamente um parque de diversões para quem tem criatividade em resolver as situações da maneira mais inusitada. Com a história baseada na invasão dos Mind Flayer, referências a Guerra de Sangue, e continuação da fantastica história de Baldur’s 1 e 2, a Larian entregou uma campanha digna de uma aventura oficial D&D, composta por reviravoltas, traições e MUITAS possibilidades na trama.
História contada de forma diferente
Baldur’s Gate 3 se passa 120 anos após os eventos de Baldur’s Gate 2, abordando com mais profundidade alguns temas como traição, renúncia, sobrevivência e a tentação do poder supremo. A trama começa com o protagonista sendo capturado durante um ataque dos Illithid na cidade de Baldur, desencadeando uma série de eventos por todo o universo e ambiente do jogo.
Diferente dos jogos mais modernos, a história é contada por uma narradora. Para proporcionar a mesma experiência de uma autêntica mesa de RPG, a Larian acertou em escolher Amelia Tyler para este papel, já que sua voz extremamente carismática e envolvente te transporta completamente para o universo do jogo, trazendo uma sensação de conforto e te guiando pelo vasto mundo de Faêrun.
E não é só na parte narrada que o jogo brilha. Segundo a Larian, se somar todas as cenas e diálogos, o jogo possui o triplo de diálogos presentes em O Senhor dos Anéis e quase o dobro de Game of Thrones.
Para se ter uma ideia, conversando com amigos após o lançamento do jogo, descobrimos mais de cinco formas diferentes de chegar na metade do ato 1, onde cada um conseguiu encontrar formas diferentes de resolver os problemas, enfrentar inimigos diferentes e até mesmo executar diálogos exclusivos com os companheiros devido às escolhas e raças de cada personagem.
Desempenho
Baldur’s Gate 3 é um jogo enorme e complexo, e isso traz alguns problemas técnicos. O jogo apresenta alguns bugs, como a inteligência artificial falhar, os personagens ficarem mudos ou o desempenho cair em algumas áreas.
Mesmo com as melhorias feitas pela Larian desde o acesso antecipado, o jogo ainda exige muito do hardware, especialmente no Ato 3, onde o jogo fica mais pesado. Além da jogatina no PS5, que oferece efetivamente a experiência do PC em configurações ultra com uma resolução de 1440, nós também testamos o jogo em um Steam Deck e você pode conferir nossa análise técnica da plataforma aqui!
O teste nas duas plataformas nos deu a chance de experimentar as fraquezas e as forças do jogo em ambas, além de ter a experiência em mouse e teclado, assim como no DualSense do PS5.
Tendo em vista a magnitude do projeto e a quantidade de escolhas, caminhos e opções de interações presentes nele, é normal que erros técnicos aconteçam, mas no fim das contas, tivemos uma experiência extremamente satisfatória.
Conclusão
Baldur’s Gate 3 é um jogo que vai entrar para a história dos RPGs, tanto por sua fidelidade ao sistema de D&D quanto por sua inovação e qualidade.
A Larian fez um trabalho incrível de escutar a comunidade e aprimorar o jogo ao longo do desenvolvimento. O jogo consegue agradar tanto aos fãs antigos da franquia quanto aos novatos no gênero, com uma história envolvente, personagens carismáticos e mecânicas divertidas. Baldur’s Gate 3 é um jogo que resgata o legado de uma das séries mais clássicas dos games e que abre novas possibilidades para os CRPGs no futuro. Um jogo feito de fãs para fãs.
Baldur’s Gate 3 está disponível para PC e Playstation 5. Existe uma previsão para o lançamento no Xbox Series X|S ainda este ano, mas ainda sem uma data definida ainda.
*O Cromossomo Nerd agradece a PlayStation Brasil e Giusti Comunicação por terem nos cedido uma cópia do jogo no PS5.