Independentemente de seu gosto pessoal, Call of Duty é uma das maiores franquias dos videogames e não figura o topo das listas de vendas anuais por acaso. Com quase 20 anos de estrada, a saga revolucionou os jogos de tiro com sua campanha cinematográfica e multiplayer frenético.
Modern Warfare III chega como o mais recente capítulo do reboot de uma das sagas mais amadas pelos jogadores. Quem jogou os originais, sabe o peso de nomes como Ghost, Capitão Price, Soap e Makarov, então a conclusão da trilogia é aguardada com muita expectativa.
Será que a releitura de um dos jogos mais queridos da série oferece tudo o que os jogadores esperam ou a trilogia falha em fechar com chave de ouro? Confira agora em nossa análise!
Força Tarefa 141 ao trabalho… novamente!
Modern Warfare III traz o esquadrão querido liderado por Capitão Price contra um velho conhecido do grupo – e dos jogadores – o terrorista ultranacionalista Makarov. O russo tem um plano mirabolante para levar o mundo à Terceira Guerra Mundial e não medirá esforços para alcançá-lo.
A partir daí, a Força Tarefa 141 viajará pelo mundo para impedir que Makarov concretize sua visão, enquanto precisa forjar alianças com personagens indesejáveis. Por mais que a história aparente ser bem semelhante ao original, sua execução é completamente diferente falha em apresentar algo que chegue perto em qualidade.
Para começar, a campanha pode ser terminada em menos de quatro horas e diversas decisões do roteiro são decepcionantes. Por exemplo, a missão “No Russians” ficou famosa por trazer uma das sequências mais chocantes dos videogames, mas em Modern Warfare III, ela é apenas algo genérico e sem peso que tenta chocar, mas falha ao ser tão superficial e genérica.
Nas novidades, há as novas Missões de Combate Aberto, que prometem ao jogador total liberdade para completar seus objetivos. Basicamente, você é jogado em um mapa vazio com mecânicas recicladas de Warzone para completar objetivos, trazendo momentos esquecíveis e removendo os momentos cinematográficos que fizeram a franquia famosa.
Ao terminar, Modern Warfare III falha em honrar o legado do jogo de 2011 e entrega a pior campanha da franquia até o momento. Tudo é feito de forma corrida, sem profundidade e com péssimas decisões de roteiro que irão partir o coração dos fãs da trilogia.
Arsenal completo e locais familiares
Quando o assunto é multiplayer de Call of Duty, os jogadores buscam três elementos: ação frenética, muitas armas e movimentação rápida. Felizmente, Modern Warfare III entende o recado e entrega a fluidez esperada de um título da série.
Em jogabilidade, ele é bem similar ao jogo do ano passado, mas conta com movimentação mais rápida. Porém, a decisão polêmica é que o título não conta com mapas novos, mas sim remasterizações dos 16 mapas de Modern Warfare 2 (2009).
Eles não são cópias idênticas das versões originais e contam com refinamentos, como portas que podem ser abertas, locais que permitem nadar e algumas partes do cenário foram alteradas para incentivar tiroteios intensos.
Se por um lado a decisão resolve o problema dos mapas grandes com pouca ação, por outro fica claro que o conteúdo poderia ter sido apenas um pacote de DLCs para Modern Warfare II e não havia necessidade de um jogo novo.
O novo Modo Guerra traz uma variação do modo 6 vs 6 e coloca os jogadores em um mapa para completarem objetivos. Ao vencer uma etapa, uma nova tarefa será estipulada e os times precisão fazer de tudo para completarem a missão ou garantir o fracasso do adversário.
No geral, as partidas são rápidas, divertidas e intensas, mas é crucial o trabalho em equipe. Caso um dos jogadores do seu time decida ficar brincando de matar oponentes sem completar objetivos, você terá dificuldades para vencer.
Para aqueles que sentem falta de algo mais próximo de Battlefield, há o modo Guerra Terrestre que coloca 32 vs 32 jogadores em um mapa de maior escala e veículos. Ele proporciona uma boa experiência quando as equipes buscam combate, mas o cenário grande rende alguns momentos monótonos até encontra a verdadeira ação.
Hordas de mortos-vivos
Call of Duty: World at War (2008) é considerado um marco na franquia por ter inaugurado o Modo Zumbis, que se tornou um dos maiores destaques da série, ganhando um universo próprio e se tornando um dos maiores motivos de diversão para os jogadores.
Aqui, a Treyarch colaborou com a Sledgehammer Games para trazer uma experiência inédita, como uma revolução para um modo tão antigo. O problema é que essa repaginada esquece tudo o que fez a modalidade ser amada entre os jogadores.
Corredores estreitos? Tensão? Narrativa envolvente e maluca? Tudo isso foi deixado de lado para cometer o mesmo erro das Missões de Combate Aberto da Campanha: mapas enormes e mecânicas recicladas de Warzone.
Aqui, os jogadores são lançados no cenário e precisam completar objetivos enquanto avançam pelo mapa. Pelo cenário ser enorme e pouco populado, você passa boa parte do tempo matando alguns zumbis e andando sem nenhum sentimento de ameaça real.
O pior é quando seus companheiros não seguem os objetivos e decidem ficar apenas explorando, largando a missão inteira para você. Para dar mais ação, há grupos de NPCs humanos que te atacam, mas nada desafiador ou interessante.
Até que você realmente encontre desafio, precisará andar muito pelo mapa e estará entediado quando a ação realmente começar. No fundo, a sensação é de perda de tempo e que a abordagem antiga funcionava melhor.
Um visual familiar
Modern Warfare III é graficamente bem semelhante ao jogo anterior, provavelmente por reaproveitar quase tudo dele. Visualmente isso não é um defeito, já que o título é bonito, oferece texturas bem detalhadas, belos efeitos de iluminação e animações bem feitas.
No PlayStation 5, os jogadores poderão rodar em até 120 FPS e encontrarão um desempenho estável. Em otimização, o título está bem melhor do que Modern Warfare II em seu lançamento, que tinha problemas de desconexões.
Outro problema que precisa ser corrigido são os renascimentos, que costumam colocar o jogador na reta de um oponente, o que rende em morte automática na maior parte das vezes. Felizmente, isso não ocorre com tanta frequência como outros títulos no lançamento.
Quando a Activision revelou a campanha de Modern Warfare III, ela prometeu uma inteligência artificial mais avançada e reativa. Na prática, não me lembro de um jogo da série com inimigos tão estúpidos como esses. Quando os conflitos ficavam acirrados, eu me escondia em um canto e esperava os NPCs ficarem parados na minha frente e atirava até todos morrerem.
Modern Warfare III está totalmente localizado e dublado para o nosso idioma. No geral, as vozes combinam bem com os personagens e contribuem para maior imersão, enquanto a trilha sonora traz boas faixas que embalam os momentos mais críticos.
Considerações finais
Call of Duty Modern Warfare III traz um multiplayer com tudo o que os fãs gostam: movimentação rápida, fluidez, arsenal completo e mapas que priorizam o tiroteio frenético que consagrou a franquia.
O problema é o título ser extremamente semelhante ao anterior, com apenas refinamentos incrementais, enquanto todos os mapas 6 vs 6 são remasterizações de cenários de Modern Warfare 2 (2009).
Para piorar, a campanha é uma das piores da franquia e não chega nem a um milésimo da qualidade da trilogia original, reciclando mecânicas de Warzone para entregar uma experiência genérica, esquecível e sem personalidade, erro também cometido pelo Modo Zumbis que é um retrocesso em todos os aspectos.
Por mais que o multiplayer divirta, a grande realidade é que Modern Warfare III poderia ter sido uma mera DLC, enquanto as mecânicas seriam refinadas por um update sem problemas. No final, pagar R$ 300 por um “lançamento” camuflado de expansão premium não é o que os fãs gostariam para a série…
Call of Duty Modern Warfare III já está disponível para PlayStation 5, PlayStation 4, Xbox Series X|S, Xbox One e PC via Battle.net e Steam.
*O Cromossomo Nerd agradece à assessoria da Activision por ceder uma cópia de Call of Duty Modern Warfare III no PlayStation 5 para análise!