[ANÁLISE] Esquadrão Suicida: Mate a franquia Arkham

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Anunciado em 2020 como uma continuação da Saga Arkham, Esquadrão Suicida: Mate a Liga da Justiça deixou os fãs da franquia curiosos devido ao sucesso do Rocksteady Studios com os jogos do Batman.

Colocando a Força-Tarefa X no centro dos holofotes, o estúdio buscou expandir seus horizontes não só em termos de personagens jogáveis como também se aventurar no mundo dos jogos como serviço, mas será que a aposta deu certo?

Desde o princípio, o jogo levantou dúvidas entre os fãs da franquia, começando pelo visual dos personagens e principalmente por conta de sua jogabilidade. Embora a Warner Bros. tenha escondido muito da jogabilidade do título e até feito alguns adiamentos no lançamento, isso não foi o bastante para restaurar a confiança dos jogadores, já que jogos como serviço são um assunto delicado, ainda mais quando se pega uma franquia tão consagrada quanto a Arkham como base para isso.

Confesso que, como fã da franquia, estava curioso sobre o jogo, apesar de ir para essa direção. A Rocksteady, que desenvolveu a trilogia Arkham e estabeleceu um patamar altíssimo para os jogos de super-heróis, poderia trazer algo divertido e emocionante, mas a experiência acabou sendo decepcionante.

História

Esquadrão Suicida: Mate

A história se inicia com os membros do Esquadrão: Arlequina, Pistoleiro, Tubarão Rei e Capitão Bumerangue sendo recrutados pela A.R.G.U.S para uma missão que, inicialmente, seria um resgate de uma invasão alienígena, mas que acaba se tornando uma missão de assassinato ao Brainiac e os membros da Liga da Justiça.

-PEQUENOS SPOILERS ABAIXO-

O início parece promissor, te fazendo questionar como todo aquele caos aconteceu e como a história irá se desenrolar.  Seria interessante ver a chegada de Brainiac à cidade de Metropolis e como ele conseguiu dominar toda a Liga, mas isso não é mostrado e a única coisa que temos são pequenos detalhes através de gravações de áudios que encontramos ao longo do jogo.

Um dos piores erros da Rocksteady foi fazer esse jogo se passar mesmo universo da franquia Arkham. Além de parecer que eles esquecerem a essência do Batman que criaram, cometem o erro de trazer uma explicação para o retorno dele após sua suposta morte em Arkham Knight, apenas para matá-lo definitivamente de um jeito pífio.

Isso mesmo, o Batman que conseguiu derrotar o Coringa e seus capangas no Asilo Arkham, que teve seu sangue infectado pelo sangue do Coringa e enfrentou diversos vilões dentro de Arkham City, e que depois salvou Gotham inteira do Espantalho enquanto estava infectado pelo gás do medo, foi morto por uma equipe que tem o Capitão Bumerangue em sua formação.

Não estou dizendo que o Batman deve ser um Deus imortal, e até acho interessante uma história que mostra que o herói pode fracassar e ser derrotado, mas a Rocksteady nos mostrou um Batman que consegue enfrentar qualquer coisa, superando os vilões de maneiras inteligentes e estratégicas. O grande problema é que todo esse desenvolvimento do personagem é jogado fora para nos entregar um Batman que não passa de um cão raivoso, com cenas compostas somente por frases de efeito (acredito que ele fala “Eu Sou a Noite”, em quatro cenas diferentes).

No desenrolar da história, tive a sensação de que já havia jogado muito e que não havia encontrado nada que me agradasse, finalizando com uma narrativa sem muita emoção e que não me fez criar laços com os personagens. Em suma, temos uma aventura que não me dá um pingo de vontade de revisitá-la após sua conclusão, tal como fiz incontáveis vezes com os jogos da Saga Arkham.  

Jogabilidade

Esquadrão Suicida: Mate

A jogabilidade de Esquadrão Suicida: Mate a Liga da Justiça é um ponto interessante, mas sem muita novidade. Seu objetivo é mirar, atirar e se locomover ao longo das batalhas. É algo simples e temporariamente divertido, já que todas as batalhas e encontros com inimigos são sempre os mesmos.

Para dar uma sensação de frescor ao alternar entre os personagens, o jogo aposta em diferentes estilos de locomoção para cada um. Usando equipamentos obtidos na Sala de Justiça, cada um dos quatro membros do grupo possui um estilo de locomoção diferente. Infelizmente, nem isso é algo que possa ser elogiado, já que a maioria deles possui uma locomoção bizarra e nada fluida. O melhor de se usar é o Pistoleiro, mas ainda assim, não podemos dizer que é um acerto completo.

Aqueles que reclamaram do excesso de Batmóvel em Arkham Knight certamente irão se arrepender. Quem dera a movimentação de Esquadrão Suicida: Mate a Liga da Justiça tivesse a fluidez e praticidade vistas no jogo do morcegão.

As repetições de inimigos e missões são excessivas, resultando sempre nos mesmos objetivos e terminando da mesma forma: dar tiro até que não tenho mais nenhum inimigo por perto.

Durante as batalhas, há tantas coisas acontecendo na tela que você fica completamente perdido. Você nunca entende se está conseguindo matar o inimigo ou se ele é quem está te matando, e quando está jogando multiplayer, a tela consegue ficar ainda mais poluída.

O jogo foi desenvolvido para ser jogado em modo multiplayer online, mas mesmo depois de finalizado, eu ainda não entendia a proposta. Para dar um pouco de contexto, ao jogar offline, você pode alternar os controles entre os quatro membros do Esquadrão, enquanto no modo Online, sua party é composta por até quatro jogadores, que podem formar uma equipe variada ou composta por membros repetidos (3 Arlequinas e 1 Bumerangue, por exemplo).

O maior problema é que, diferentemente de jogos como Call of Duty, Esquadrão Suicida: Mate a Liga da Justiça não possui mapas multiplayer, fazendo com que a jogabilidade online esteja restrita ao Modo História, o que não faz muito sentido da perspectiva de quem gosta de jogos single player e muito menos de quem gosta de jogos multiplayer. Basicamente, o jogo mira em diversos estilos e erra em todos.

Essa restrição ao Modo História cria problemas graves para a jogabilidade cooperativa online. Cada cutscene possui um load inicial para fazer com que todos os players consigam assisti-la ao mesmo tempo, o que cria quebras de ritmo tenebrosas no jogo e desanima aqueles que querem investir na campanha.

As Lutas contra os Membros da Liga

Esquadrão Suicida: Mate

Apesar de estar no título do jogo, as lutas contra os membros da Liga da Justiça são EXTREMAMENTE DECEPCIONANTES. Mesmo sendo personagens queridos e famosos no Universo DC, as lutas não empolgam e as cenas finais dos heróis não prestam nenhum respeito a eles.

Você simplesmente enche os personagens de bala ao longo da batalha para que surja oportunidade de dar o “golpe final” e é isso. Você não sente impacto nenhum com as mortes e o jogo não transmite a sensação de que você está enfrentando alguns dos maiores personagens do Universo DC.

A luta entre Superman e a Mulher-Maravilha acontece em uma cutscene e é mais empolgante que uma luta com os demais membros da Liga.

De todas as lutas, a mais decepcionante é a contra o Superman. O personagem mal aparece no jogo e, quando aparece, não tem quase nenhuma fala e tem umas das piores lutas. Isso sem contar a cena final dele, que não acontece nada além de seu golpe final no escoteiro.

Gráficos e ambiente

Os gráficos são um dos pontos mais fortes em Mate a Liga da Justiça. As expressões faciais dos personagens, detalhes das roupas, armas e cenários são muito bem-feitos, mas o saldo geral entrega alguns resultados que conseguem ser inferiores a Arkham Knight, que foi lançado em 2015.

O jogo é completamente ambientado em Metropolis, o que significa que o Rocksteady tinha um “parquinho” inteiramente novo para brincar, já que toda a saga Arkham foi ambientada em Gotham. Com isso em mente, pudemos supor que o estúdio tivesse que criar uma cidade mais limpa e sem toda aquela atmosfera sombria, além de inúmeros detalhes para serem explorados pelos jogadores.

Infelizmente, conforme você vai jogando, nota que um mapa tão grande não era necessário, já que a pouca variedade de missões acaba tornando o cenário algo irrelevante, sendo apenas uma cidade qualquer povoada por edifícios.

Conclusão

Esquadrão Suicida: Mate a Liga da Justiça é mais um jogo da vasta categoria de jogos como serviço, mas que não merece nem ser chamado de medíocre. Dentre os principais destaques, podemos citar a jogabilidade repetitiva e a história que não respeita os membros da Liga da Justiça, usando-os apenas para promover um jogo derrotado e que não deve durar muito.

O título não funciona como jogo serviço, e a história não empolga ou possui fator replay. Meu tempo teria sido melhor aproveitado vendo mais uma reprise de “Pantanal” no Canal Viva.