[ANÁLISE] Gylt | Bullying, aventura e quebra-cabeças nos moldes de Coraline

0
108

Antes exclusivo de Google Stadia, plataforma que foi encerrada há pouco e que fez muitos acreditarem que jamais veríamos alguns desses jogos novamente, Gylt, da Tequila Works, foi um daqueles casos onde seus criadores não desistiram da sua ideia mesmo com as circunstâncias não estando ao seu favor.

Com isso, o jogo ganhou a luz mais uma vez em outras plataformas, após um período de desenvolvimento e adaptações. Agora, com sua chegada aos novos públicos, somos apresentados a um game de mistério e puzzles com elementos de stealth e ação, que traz uma premissa muito interessante e que esconde bem importante: os malefícios do bullying.

Mas afinal de contas, o game é uma boa pedida mesmo sendo lançado em outras plataformas mais de 3 anos depois? Logo de cara, posso dizer com clareza que sim, é uma ótima escolha de jogo para quem está buscando por uma aventura mais simples e com uma ideia muito boa. E eu explico tudo a seguir.

Mensagem Clara e História Direta

Em Gylt, acompanhamos a pequena Sally, que busca incansavelmente por sua prima desaparecida Emily, que todos já desistiram de procurar após um mês do seu desaparecimento. Contudo, a estudante não quer desistir de encontrar sua prima, e continua pregando cartazes na fictícia cidade de Bethelwood.

Em um determinado momento de sua busca, Sally é confrontada por um grupo de jovens que praticam bully com a jovem, e ao fugir, ela se depara com sua cidade completamente destruída, e parece que as respostas para tudo isso estão na escola municipal, agora dominada por misteriosas criaturas que atormentam Sally em sua jornada.

Por mais que sua trama seja envolta em muito mistério, a principal mensagem de Gylt é bem clara: Os perigos do bullying. A todo momento da exploração na escola, nos deparamos com cenários onde bonecos ou desenhos mostram acontecimentos de crianças sofrendo abuso de outros estudantes, muitas vezes inclusive se interligando com Sally e Emily.

Além disso, a campanha é relativamente curta, em torno de 3 ou 4 horas, o que faz com que o jogador veja de forma rápida toda a mensagem que os desenvolvedores queriam mostrar no game. Mesmo curto, o jogo compensa com suas mecânicas e visuais.

Uma questão que infelizmente não foi muito bem pensada foi a localização para PT-BR, que ainda possui certos termos e frases que estão confusas com ou com traduções que mais parecem o português europeu. Porém, nada que um patch de atualização não resolva.

Lembrei muito de Coraline

Uma sensação que tive constantemente durante a jogatina foi a de estar numa história num universo semelhante ao de Coraline, o icônico filme de animação em stop-motion com pitadas de suspense e terror. Além do seu traço cartunesco, o clima do jogo me teleportou para a história de Neil Gaiman, que claramente foi uma grande inspiração.

A trilha sonora e a ambientação de Gylt, junto com sua mecânica de stealth, faz deste game uma ótima porta de entrada para o survival horror, tanto para jogadores mais experientes quanto para recém chegados. Junto disso, os puzzles são eficientes e interessantes em sua grande maioria, mesmo quando se repetem demais.

Outro ponto positivo é a exploração, que também é uma parte crucial do gênero. Aqui, o jogo a todo momento te chama para novas áreas, além de elementos que fazem o jogador retornar para outros locais em determinados momentos, o que torna a gameplay mais interessante e desafiadora, pois faz o jogador querer descobrir todos os segredos presentes na escola repleta de monstros.

Considerações finais

Com um mundo interessante, visuais criativos e história coesa, Gylt, mesmo tendo demorado para chegar nos outros consoles, é uma excelente pedida para jogadores que estiverem buscando por uma aventura fofa, rápida e, sem sombra de dúvidas, assustadora.

Além disso, o recado da sua trama pode ser uma excelente lição para todos os públicos, inclusive podendo abrir discussão para jovens que estejam passando por questões semelhantes.

*O Cromossomo Nerd agradece à Tencent e a Agência Golin por terem nos cedido uma cópia do jogo para esta análise.