Os jogos de plataforma 2D estão sempre à espera de um título que capture a essência dos clássicos e traga algo novo. Nikoderiko: The Magical World, desenvolvido pela VEA Games, é mais um dos que chega para tentar cumprir essa missão, se posicionando como uma homenagem aos jogos dos anos 90 e preenchendo uma lacuna deixada por ícones como Donkey Kong Country e Crash Bandicoot.
O Cromossomo Nerd teve a chance de embarcar nessa aventura e iremos destrinchar o que o jogo traz em termos de jogabilidade, gráficos, história, trilha sonora, otimização e imersão, e como ele se destaca no PS5.
Nikoderiko: The Magical World traz uma jogabilidade familiar e intuitiva
A jogabilidade de Nikoderiko é uma combinação de nostalgia com inovação. O jogo nos coloca no controle de dois personagens principais, Niko e Luna, que possuem habilidades únicas e dinâmicas que enriquecem a experiência de plataforma. Cada um dos personagens tem três corações de vida, e essa estrutura permite uma margem de erro razoável antes de ter que começar a fase do zero.
Os comandos são precisos, e o jogo consegue balancear momentos intensos e desafiadores sem ser punitivo demais, o que o torna acessível para iniciantes, mas gratificante para veteranos do gênero.
O grande diferencial em Nikoderiko são as montarias e os diferentes tipos de inimigos, que exigem que o jogador pense estrategicamente em cada interação. Ao longo das fases, é possível montar em criaturas como sapos que atiram projéteis e dinossauros que transformam inimigos em armas. Essas montarias não apenas trazem variedade à jogabilidade, mas também acrescentam um elemento de exploração, considerando que alguns desses “companheiros” permitem acessar áreas secretas repletas de coletáveis.
As fases variam entre segmentos 2D e 3D, onde se corre em direção à tela, remetendo aos momentos icônicos de Crash Bandicoot.
Além disso, Nikoderiko não economiza em coletáveis: cada fase possui letras que formam a palavra “NIKO”, chaves douradas e gemas que incentivam a exploração de cada canto. Esses elementos exigem atenção do jogador, e os bônus de cada fase, onde os desafios de coleta e destruição de inimigos ficam mais complexos, acrescentam uma camada extra de desafio.
Esse sistema de bônus e a inclusão de segredos escondidos nas fases aumentam o fator replay, incentivando o jogador a retornar a áreas já exploradas para alcançar o tão desejado 100%.
Gráficos simples, mas funcionais
Os gráficos de Nikoderiko chamam a atenção desde a primeira fase. A VEA Games optou por um estilo visual vibrante, cheio de cores saturadas e iluminação dinâmica que fazem com que cada cenário salte aos olhos.
Contando com sete áreas distintas, o jogo apresenta uma ampla variedade de biomas, como florestas tropicais, cavernas sombrias, praias paradisíacas, montanhas nevadas e fábricas abandonadas, cada um com sua paleta de cores e nível de detalhe únicos. Essa variação não apenas embeleza o jogo, mas também ajuda a criar uma experiência visualmente interessante e diversificada, eliminando qualquer sensação de repetição.
É claro que as inspirações com Crash e Donkey Kong também se estendem para a parte visual e muitas fases parecem até mesmo vindas dos recentes remakes de Crash. E falo isso no sentido mais positivo da coisa.
Os personagens e inimigos foram cuidadosamente desenhados para trazer uma atmosfera amigável e caricata, lembrando os desenhos animados de sábado de manhã. Niko e Luna são expressivos, e mesmo sem diálogos complexos, suas expressões e movimentos transmitem a essência de suas personalidades.
A fluidez dos movimentos é outro ponto forte: a transição entre cenas e ações é suave, essencial para a jogabilidade em um jogo de plataforma, e as animações mantêm uma alta taxa de quadros no PS5.
Nikoderiko: The Magical World tem história que cumpre seu propósito
Como era de se esperar, a história de Nikoderiko é simples e despretensiosa, o que funciona bem em um jogo de plataforma com foco em ação. A trama gira em torno de Niko e Luna, que precisam recuperar um artefato mágico roubado pelo vilão Grimbald e sua trupe de cobras, os Cobring.
A história é leve e tem uma abordagem humorística que lembra Spyro the Dragon, com diálogos rápidos e toques de humor que fazem com que o jogador sorria entre um pulo e outro. Apesar de sua simplicidade, a trama funciona como uma boa desculpa para explorar o mundo mágico e se envolver com os desafios de cada área.
Um ponto que me incomodou um pouco é que, apesar de localização total para o Brasil, o jogo merecia cutscenes com falas para entregar um ritmo mais dinâmico, que muitas vezes é quebrado por longos diálogos escritos que não captam a atenção do jogador.
Ao longo da aventura, encontramos NPCs variados, cada um com problemas que ajudam a contextualizar as fases. Esses personagens coadjuvantes tornam a experiência mais rica, e as pequenas interações contribuem para o desenvolvimento do mundo do jogo. No final, a história cumpre seu papel de forma eficaz, oferecendo uma motivação para os heróis, ao mesmo tempo que traz alguns trechos cômicos e carismáticos.
Uma trilha sonora que merecia mais impacto
A trilha sonora, composta pelo lendário David Wise, conhecido por seu trabalho em Donkey Kong Country, traz a assinatura musical do compositor com faixas que variam de melodias tropicais relaxantes a músicas de ritmo intenso para momentos de ação.
Infelizmente, devo dizer que gostaria que a trilha tivesse me marcado mais e feito mais presença no jogo. Em muitos momentos, a trilha ficava tão esquecida que sequer merecia minha atenção.
Nikoderiko também utiliza efeitos sonoros que remetem a clássicos do gênero. Ao coletar vaga-lumes e outros itens, é possível ouvir sons familiares que vão ativar a nostalgia de jogadores de longa data.
Wise tenta manter um equilíbrio entre novidade e familiaridade, mas a trilha certamente poderia ser mais impactante para consagrar o jogo tanto como uma homenagem quanto como a pavimentação de um futuro plataformer de respeito.
Otimização
A otimização de Nikoderiko no PS5 é muito boa, com tempos de carregamento curtos e uma taxa de quadros consistente, elementos fundamentais para um jogo de plataforma.
Mesmo com gráficos vibrantes e ambientes detalhados, o jogo roda sem dificuldades no console, proporcionando uma experiência suave e sem interrupções. Contudo, existem pequenos bugs que podem atrapalhar a jogabilidade em momentos específicos. Um exemplo é a exibição incorreta de coletáveis em fases de chefes, o que pode confundir jogadores que buscam o 100%.
Outro problema ocasional envolve chefes que não ativam certos eventos, como bombas, o que pode exigir que o jogador reinicie o jogo. Embora sejam questões pontuais, elas merecem atenção e podem ser resolvidas com patches futuros. A VEA Games tem feito um trabalho sólido em entregar um jogo bem polido e certamente deve trabalhar para melhorar ainda mais a estabilidade com atualizações.
Nikoderiko: The Magical World vale o investimento?
Nikoderiko: The Magical World é uma joia no gênero de plataforma, que consegue misturar a nostalgia dos clássicos com novidades refrescantes.
Com gráficos coloridos, uma trilha sonora inesquecível e uma jogabilidade que é pura diversão, o jogo é altamente recomendável para quem ama plataformas ou busca uma experiência leve e acessível.
A VEA Games acertou em cheio ao criar uma aventura que não é apenas uma homenagem aos clássicos, mas também um novo marco para o gênero.
Se você é fã de Donkey Kong Country, Crash Bandicoot ou apenas procura um jogo de plataforma bem executado, Nikoderiko é uma excelente escolha para a sua coleção no PS5.
Nikoderiko: The Magical World está disponível no Nintendo Switch, PlayStation 5, Xbox Series S|X e chega ao PC via Steam no início de 2025.
*O Cromossomo Nerd agradece a JG Games por ter nos cedido uma cópia do jogo para esta análise.