Crash Bandicoot, o primeiro e mais famoso mascote não-oficial do PlayStation

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Nos anos 90, os jogos estavam em ascensão no mundo inteiro. No meio disso, tivemos a famosa Guerra dos Consoles, onde SEGA Nintendo disputaram assiduamente os holofotes, onde cada empresa utilizava como principal arma o seu mascote.

De um lado, Sonic, o ouriço azul mais veloz dos games. Do outro, Mario, o carismático encanador italiano. No meio disso, no longínquo ano de 1996, a Sony, que dava seus passos iniciais com o PlayStation 1, surgiu com aquele que seria a sua principal arma nessa disputa de mascotes, mesmo que de forma não-oficial, Crash Bandicoot.

No último mês de setembro, o personagem comemorou 25 anos desde sua primeira aparição no mundo dos jogos, e eu, como fã que sou da trilogia original, não podia deixar de relembrar um pouco da trajetória daquele que eu cresci achando que era uma raposa, mas não é.

Crash Bandicoot (1996) – O início da jornada do marsupial ao estrelato

Desenvolvido pelo estúdio novato Naughty Dog, o primeiro Crash Bandicoot tinha a difícil tarefa de disputar com nada mesmo que Super Mario 64, mas ele não passou vergonha.

Com quase 7 milhões de cópias originais vendidas, o game foi um sucesso de público e crítica, especialmente graças às suas fases desafiadoras, humor e o carisma do protagonista, que mesmo com uma história super simples – um marsupial geneticamente modificado que quer salvar sua namorada, e só falando “WOW” – ganhou o coração do público, inclusive no Japão, berço da SEGA e NINTENDO.

Além disso, o jogo trazia uma excelente gameplay de plataforma. Mesmo que as fases não oferecessem a mesma inovação do competidor do Nintendo 64, o fator replay foi crucial para tornar o game tão interessante.

Os diversos desafios para conquistar as enigmáticas Gemas, que eram ganhadas após um desafio ou quando o jogador conseguia destruir todas as caixas de uma fase, era algo digno de se gabar pros amigos. Junto disso, o game possui uma trilha sonora impecável, com alguns temas conhecidos até hoje pelos jogadores.

Para fechar com chave de ouro, Crash Bandicoot conta com uma galeria de chefes diversificada e interessante, encerrando com o emblemático Doutor Neo Cortex, arquirrival do nosso herói e que, graças as suas trapalhadas e planos mirabolantes, também foi recebido de braços abertos pelos jogadores.

E, obviamente, com o sucesso, não demorou muito para que uma sequência fosse anunciada…

Crash Bandicoot 2: Cortex Strikes Back (1997) – Maior, melhor e mais “WOW”!

Apenas um ano depois do game original, a Naughty Dog voltou com os dois pés na porta para lançar Crash Bandicoot 2: Cortex Strikes Back (Sim, fã de Star Wars, é uma referência).

Com gráficos melhorados e uma fluidez maior nos controles, a sequência melhorou tudo o que já era bom do seu antecessor, com a cereja do bolo sendo seus diversos segredos, com fases secretas e macetes, que deixavam uma pulga atrás da orelha dos jogadores e ampliavam ainda mais o fator replay, afinal, quem nunca teve aquele amigo popularmente mentiroso que dizia “ter ganhado dez vidas pulando em cima do ursinho”, ou então, “ter encontrado um mundo secreto caindo na lava”.

Além das melhorias gráficas e de gameplay, Crash 2 também contou com uma história mais encorpada e criada com mais cuidado, tendo cutscenes e mais desenvolvimento dos personagens.

É aqui que conhecemos Coco Bandicoot, irmã mais nova do protagonista, que também ganhou o coração do público e passaria a ser figurinha carimbada nos próximos jogos da franquia.

Com todas as melhorias e novidades, Crash Bandicoot 2: Cortex Strikes Back vendeu 7.58 milhões de cópias originais, se tornando o game mais vendido da franquia no PS1. Aliás, de acordo com dados do Guiness, a trilogia Crash do Play 1 está inteira no TOP 10 de jogos mais vendidos do console, um feito que vale muito ser mencionado, afinal, nenhuma outra franquia famosa da época, como Final Fantasy ou Gran Turismo, conseguiu atingir.

E graças a mais um sucesso enorme… E antes das coisas ficarem… “feias”, a Naughty Dog precisava trazer sua Magnum Opus…

Crash Bandicoot 3: Warped (1998) – Foi aqui que todo mundo conheceu Crash. E É O MELHOR JOGO, SIM!

Desculpa, aqui vai entrar meu lado fanboyCRASH 3 É O MELHOR JOGO DA FRANQUIA! Não dá pra descreve-lo de outra forma.

Divertido, desafiador, repleto de segredos, habilidades especiais, fases originais com trilhas sonoras icônicas, melhor história da série, vilões interessantes e batalhas de chefe inovadoras. É o ápice dá franquia, MASTERPIECE!

Não é a toa que muitos que conheceram os jogos originais na época do PS1 começaram por este. Ele sempre tinha “algo a mais” em relação aos outros dois, uma essência que pode até mesmo superar o recente quarto jogo, mas falamos sobre isso mais tarde.

Tudo isso rendeu ao game a sétima posição no TOP 10 de jogos mais vendidos do PS1, com 7.13 milhões de cópias originais vendidas. É meio estranho saber que o terceiro jogo não foi o mais vendido oficialmente, não é? Mas temos que levar em conta que, naquela época, a pirataria já estava em alta, sem falar nas “coleções” com os três jogos, que foi onde eu conheci a franquia.

Em Warped, Crash e Coco são levando por Aku Aku, que aqui parece muito mais com uma figura paterna do que apenas “a máscara que te protege” apresentada pelos outros jogos, para a Sala do Tempo, onde a dupla precisa viajar pelo tempo e espaço para impedir que Cortex e Uka Uka,irmão de Aku Aku, criem um reino de terror.

A partir daí, o game nos traz diversas fases criativas e que correspondiam perfeitamente à cada era visitada, além de serem lindas mesmo com os limites do Play 1. Além disso, tivemos a primeira oportunidade de jogar com Coco, onde conhecemos o adorável tigre Pura, que acabou se tornando mascote da personagem.

Crash Bandicoot 3: Warped é, até hoje, o jogo mais bem avaliado da série no Metacritic, com uma nota 91, que supera tanto o quarto jogo da franquia quanto até mesmo a N’sane Trilogy. É, de fato, o melhor trabalho da trilogia original, que foi o acordado com a Universal para ser desenvolvido pela Naughty Dog. Mas, por sorte, ainda tivemos um último presente.

Crash Team Racing (1999) – CTR é a cereja do bolo da Naughty Dog

A surpresa que os “anos dourados” de Crash deixaram para seu final: CTR. 

O curioso é que, mesmo que no contrato estivessem apenas três jogos, a Naughty Dog já trabalhava nesse game durante o desenvolvimento de Crash 3. E foi por este motivo que tivemos este último lançamento através do estúdio e podemos também considerar que esse foi o último grande sucesso da franquia.

Totalmente no estilo Mario Kart, o jogo trazia nada menos que quinze personagens jogáveis,todos conhecidos da franquia. Embora não trouxesse grandes novidades no gênero, apenas o fato de ser “um jogo de corrida do Crash” tornou CTR uma escolha certa para os donos de PS1.

Além disso, o game contava com um modo história competente e uma gameplay extremamente divertida, fazendo jus as 2 milhões de cópias vendidas. Dessa forma, ficou claro que a franquia merecia ganhar outros jogos no mesmo estilo, mas…

A Era das Trevas (2000-2016)

Após a era da Naughty Dog, a franquia do marsupial entrou num momento… complicado. Isso começou com o lançamento de Crash Bash,uma espécie de Mario Party estrelado pelos personagens da série, que marcou também o último lançamento exclusivo para o PlayStation e início da Vicarious Visions à frente da franquia.

Embora o jogo tenha vendido consideravelmente bem, alcançando 1 milhão de cópias nos EUA e 300 mil na Europa, diversas críticas a respeito de alguns aspectos do jogo, como o tamanho exagerado dos personagens e a falta de inovação (afinal, era basicamente Mario Party de Crash) marcaram o início de uma época longe do ápice dos anos 90. Tanto é que muitos não sabem, mas a franquia Crash continuou com novos jogos sendo lançados anualmente até 2008…

Entrando na nova geração, em 2001 foi lançado The Wrath of Cortex, quarto jogo da franquia principal e primeiro a ser lançado em outras plataformas.

Embora hoje muitos fãs considerem o game interessante, na época foi bem diferente, com o único “grande feito” sendo a apresentação do personagem Crunch Bandicoot, que se tornou querido entre o público.

No ano seguinte, buscando novos ares, a franquia chegou ao Game Boy Advance com Crash Bandicoot: The Huge Adventure, que conseguiu agradar graças aos seus visuais e pareceu um recomeço promissor. O sucesso fez com que em 2003, a Vicarious Visions e a Universal Interactive investissem novamente no GBA com Crash Bandicoot 2: N-Tranced, que também foi muito mais elogiado que o novo jogo que estava sendo lançado nos consoles: Crash Nitro Kart, segundo jogo de corrida da série.

Com o GBA se tornando uma espécie de “nova casa” para o marsupial, em 2004, tivemos o lançamento de Crash Bandicoot Purple: Ripto’s Rampage e Spyro Orange: The Cortex Conspiracy, onde os desenvolvedores se inspiraram nos jogos de Pokémon e tivemos dois jogos ao mesmo tempo. Nos consoles, tivemos naquele ano: Crash Twinsanity, que ofereceu um mapa mais aberto para os jogadores, mas também não engatou.

Com isso, chegou ao fim a época da Vicarious Visions, que deu espaço para a Radical Entertainment junto com a Vivendi Universal Games comandarem a franquia.

O novo estúdio trouxe jogos como: Crash Tag Team Racing (2005), Crash Boom Bang! (2006) e Crash of the Titans (2007), este último recebendo uma sequência em 2008 chamada Mind Over Mutant.

Embora esta época seja nebulosa e com poucos dados concretos disponíveis, muitos fãs se agradam dos dois últimos jogos da Radical, que trouxe mudanças visuais e novos conceitos para a franquia.

Ainda em 2008, Crash Bandicoot Nitro Kart 3D chegou aos celulares, e até agradou, tanto que recebeu uma sequência dois anos depois, mas parece que a franquia não tinha mais fôlego para continuar. E assim ficou… até 2017.

Crash Bandicoot N. Sane Trilogy (2017) – A volta da Trilogia Original e a ressurreição da série

Trazendo a série de volta do submundo, a Activision, que se tornou independente da Vivendi Universal após o pagamento da bagatela de 8 bilhões de dólares, apostou na nostalgia e nas melhorias gráficas com Crash Bandicoot N. Sane Trilogy, que trouxe de volta a aclamada trilogia original do PlayStation para os consoles atuais com uma repaginada belíssima.

Com mais de 10 milhões de cópias vendidas, o retorno às raízes revitalizou completamente a franquia, que voltou com tudo aos holofotes, graças a muitos jogadores conhecendo as fases extremamente difíceis dos jogos originais.

No meio disso, ainda tivemos o retorno de CTR com Crash Team Racing Nitro-Fueled, que apresentou os três games de corrida da série totalmente repaginados e melhorados.

A volta de Crash se encaixou perfeitamente com o atual cenário dos games. Suas fases desafiadoras e as conquistas por superar estes desafios trouxeram de volta todo o carinho e paixão pelo personagem e seu universo, ainda mais com a possibilidade de jogarmos com Coco nos três jogos originais.

O sucesso trouxe a aclamação necessária para que um novo jogo original surgisse, um que fizesse jus aos clássicos e que ao mesmo tempo trouxesse de vez a série para a atualidade…

Crash Bandicoot 4: It’s About Time (2020) – O Futuro é logo ali

Em 2020, no meio da maldita pandemia de coronavírus, a Activision nos trouxe o tão esperado presente. Um game original da franquia Crash, sequência direta da trilogia do Play 1, que mantém mecânicas e estilo adotados no remake feito por eles, mas que também apresenta novidades e surpresas.

It’s About Time é o pontapé para um novo começo de Crash, Coco e companhia. Mesmo sendo continuação dos originais, o jogo ainda presta homenagem aos diversos games que foram lançados nos anos 2000, honrando todo o legado da série.

Embora eu particularmente ache a reta final “Darksouls” demais para o meu gosto, Crash 4 foi uma das melhores aquisições que tive no mundo dos jogos em 2020, e que sempre me pego jogando novamente apenas pela diversão.

Estes 25 anos de jornada de Crash Bandicoot com certeza marcaram gerações, seja de forma positiva ou negativa. O futuro parece muito promissor e, como fã, eu espero muito ver esse carinha mais vezes no mundo dos games.