[CRÍTICA] Madame Teia | Mais um fio de fracasso no tear do Sonyverso

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Como se não bastasse falhar com Morbius (2022), a Sony foi lá e mostrou seu potencial para o desastre mais uma vez com Madame Teia. O longa se apresenta como uma tentativa ambiciosa de trazer uma nova perspectiva ao gênero de super-heróis, mas acaba tropeçando em suas próprias ambições.

Dirigido por S.J. Clarkson, conhecida por seu trabalho em séries renomadas como Os Defensores e Jessica Jones, o filme falha em replicar a essência cativante (mas também questionável) dessas produções televisivas, resultando em uma experiência desarticulada e frustrante para o espectador do início ao fim.

Desde os instantes iniciais, fica evidente que ‘Madame Teia’ se leva a sério demais, sucumbindo à sua própria presunção. As cenas de ação são tão confusas e mal executadas que se tornam difíceis de acompanhar, deixando o público mais frustrado do que empolgado, torcendo para a 1 hora e 57 minutos de duração passar em um piscar de olhos.

Além disso, a tentativa de conectar várias subtramas resulta em um enredo desarticulado e pouco convincente, deixando os personagens secundários e terciários sem desenvolvimento ou propósito claro. Eles somente existem.

Madame Teia tem danos sérios em todos os setores

Madame Teia é o novo filme de quadrinhos da Sony

Enquanto Dakota Johnson (50 Tons de Cinza), no papel da protagonista, tenta levar o filme nas costas, sua atuação apática e sonolenta contribui para a sensação de desconexão e desinteresse que permeia toda a narrativa. Falta-lhe o carisma e a energia de uma protagonista de filmes dessa vertente para cativar o público e tornar a personagem memorável.

Sydney Sweeney (Euphoria), Isabela Merced (Transformers: O Último Cavaleiro) e Celeste O’Connor (Ghostbusters: Afterlife) são a razão pelo qual o roteiro desse filme se desenvolve. Entretanto, espere por uma abordagem rasa das personagens, de forma estereotipada e sem brilho, dando a sensação de que as atrizes não tiveram um direcionamento e tendem a agir com base no que possuem de bagagem artística.

Traçando um paralelo, as personagens relembram a animação As Meninas SuperPoderosas, onde o vilão Tahar Rahim (Napoleão) remete ao Macaco Louco. Todavia, diferente do personagem animado, o personagem de Rahim sequer é carismático e chega ser um insulto a qualquer antagonista, se tornando uma das piores coisas já vista nas telonas desde Morbius.

Acrobacias desnecessárias, atuação forçada, diálogos confusos e chatos, levam-me a acreditar que os atores são reféns de uma direção, que com todo respeito, no mínimo criminosa.

É particularmente decepcionante ver Clarkson, que demonstrou habilidade em dirigir episódios de séries de sucesso falhar em traduzir essa competência para o formato cinematográfico.

Qual o intuito da Sony?

Madame Teia vilão

Ao sair da sessão, me questionei o que havia sido pior, dar uma golada no meu café frio e sem açúcar ou um estúdio de Hollywood investir numa catástrofe. A empresa poderia utilizar a personagem nas animações do Aranhaverso, onde seria menos traumático para o público e a produção.

Sendo assim, é questionável o fato de que a Sony pretende construir um universo cinematográfico para o Homem-Aranha, mesmo que seja em cima de escombros de filmes ruins. Será mesmo que o estúdio não pretende apresentar histórias que realmente sejam interessantes? A DC pode ter começado de uma forma e acabado de outra, mas notou que era necessário reavaliar suas opções. Será que a Sony também fará isso em algum momento? BloodShot (2021) e Morbius (2021) já não foram o suficiente?

Vale notar que o primeiro filme do Venom também não era um primor, mas conseguiu cativar o público por conta do peso do personagem nos quadrinhos e do carisma de Tom Hardy.

Desde então, a Sony vem patinando para conseguir repetir o feito, tendo falhado com Venom 2 (talvez por conta da pandemia), seguido por Morbius e agora Madame Teria. Será que o filme do Kraven terá um destino melhor? Só o tempo dirá, mas talvez seja a hora de aceitar que esse universo pode ser uma grande barca furada.

A teia final

Madame Teia

Em comparação com suas obras anteriores da diretora, como House e Anatomia de um Escândalo, Madame Teia parece uma sombra pálida, incapaz de alcançar a mesma profundidade e impacto emocional. No final das contas, o filme é uma adaptação desastrosa que não consegue capturar a magia e o encanto dos quadrinhos.

Com uma direção desorientada, atuações decepcionantes e uma trama fragmentada, o filme é mais lembrado por suas falhas do que por seus méritos. Para os fãs em busca de uma experiência verdadeiramente satisfatória de super-heróis, é melhor olhar para outros lugares além desta teia desordenada de desapontamento.