[ANÁLISE] The Callisto Protocol | Horror e tensão para matar as saudades de Dead Space!

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Anunciado no The Game Awards 2020, The Callisto Protocol atraiu a atenção dos jogadores pela sua temática e por um nome de peso: Glen Schofield, um dos criadores da franquia Dead Space, que trouxe dois jogos fabulosos de survival horror (vamos fingir que o terceiro foi delírio coletivo!).

Com uma temática bem semelhante ao seu antepassado, um elenco de estrelas, como Josh Duhamel (Transformers) e Karen Fukuhara (The Boys), gráficos impressionantes e terror de qualidade, o jogo visa estabelecer uma nova franquia e se firmar como o sucessor espiritual de Dead Space.

Convenhamos que isso não é uma missão fácil, mas com um nome importante como Schofield, há uma expectativa enorme para o projeto. Será que The Callisto Protocol consegue se estabelecer como uma franquia nova ou esbarra na ambição de ser o sucessor de Dead Space? Confira em nossa análise!

Inferno espacial

The Callisto Protocol traz a história de Jacob Lee (Josh Duhamel), uma espécie de caminhoneiro espacial. Junto de seu amigo Max Barrow (Jeff Schine), ambos recebem uma tentadora oferta de emprego para levar um material volátil e secreto para Callisto, uma das luas de Júpiter.

Com a promessa de receberem tanto dinheiro ao ponto de se aposentarem, ambos aceitam o trabalho, mas não contavam que a líder terrorista Dani Nakamura (Karen Fukuhara) estivesse a bordo com seus comparsas. Infelizmente, o resultado é trágico e a nave é severamente danificada, caindo em Callisto.

Ao chegar ao planeta, Jacob e Dani se tornam vítimas de Leon Ferris (Sam Witwer), o sádico carcereiro da Prisão de Ferro Negro. Lá, ambos são presos sem direito a julgamento ou defesa em um local que é a verdadeira personificação do inferno. A partir daí, começa um verdadeiro vale tudo pela sobrevivência, até mesmo alianças inesperadas.

The Callisto Protocol tem uma aventura que dura de 10 a 14 horas, a depender da sua habilidade. Apesar de instigar a curiosidade do jogador, ela erra grande parte das revelações importantes na última parte, sem permitir que alguns tenham desenvolvimento. Para piorar, o final é brusco e irá te deixar a ver navios, mas o resultado final tem saldo positivo.

Tá na hora do pau!

The Callisto Protocol é um survival horror, mas não se prende aos clichês do estilo. Apesar do jogador ainda precisar sobreviver, isso não significa evadir dos oponentes. O jogo incentiva partir para cima com tudo, recompensando o comportamento agressivo, mas não irresponsável. Ainda há gerenciamento de recursos para não sofrer nos momentos dramáticos e seus inimigos representam perigo real.

Se você é da velha guarda e busca desafios, irá se sentir em casa. Mesmo na dificuldade padrão, The Callisto Protocol traz seções dificílimas, que irão exigir estratégia e habilidade do jogador. E mesmo assim, você irá falhar e precisará tentar algumas vezes até superar, mas nada ao ponto dos jogos da FromSoftware.

E o jogo tem uma maneira de deixar claro sua mensagem: as execuções. Dignas de Mortal Kombat, você verá Jacob ser mutilado, decapitado, esquartejado e esmagado pelos seus inimigos em sequências brutais. Apesar de bem feitas, são repetitivas e não tem como pular, algo que se torna frustrante em lutas contra chefes.

Algo que o jogador precisa ter em mente é que Jacob é uma pessoa normal que se encontra em uma situação difícil. Não espere um soldado de elite ou um dos “Guardiões da Galáxia” para enfrentar os perigos. Isso se torna algo positivo, já que traz mais realismo para os confrontos.

Um ponto fora da curva de The Callisto Protocol é como ele foca no combate corpo a corpo. Enquanto alguns jogos focam em evadir brigas e utilizar armas de fogo com parcimônia, The Callisto Protocol coloca o jogador constantemente para sair na mão – ou melhor, no bastão – com tudo o que aparece pela frente.

Enquanto os golpes funcionam bem, o sistema de esquiva coloca o botão no analógico de movimento, de uma maneira semelhante a uma dança. Se o oponente bate de um lado, você precisa escolher uma direção, e caso ele bata novamente, você precisará ir para o lado oposto para conseguir se esquivar. Caso pressione para baixo, Jacob irá se defender ao custo de vida.

Em teoria, o sistema até funciona, mas para um inimigo. Quando você é atacado por grupos, o jogo vira uma confusão e você vai precisar separar o grupo para derrotar um a um. Não pela dificuldade, mas pela imprecisão, algo mortal em jogo de survival horror.

Durante a aventura, Jacob irá obter uma manopla utilizada pelos guardas que permite manipular a gravidade, criando situações como um Jedi de Star Wars, agarrando inimigos e objetos, além de lançá-los para longe. Inclusive, o jogo coloca armadilhas para você despachar os monstros rapidamente, mas é bom usar com cautela, já que ela possui bateria.

Mesmo com tanta pancadaria, o jogo também traz armas de fogo. Elas são extremamente necessárias em situações de aperto e hordas inimigas, sendo bom poupar munição para momentos críticos. Porém, o sistema de troca é uma confusão desnecessária que irá custar a sua vida, principalmente nas lutas acirradas.

Um elemento bem Dead Space em The Callisto Protocol é como ele integra as informações do HUD ao jogo, dispensando diversos indicadores na tela. Isso é um acerto positivo e contribui para que o título traga uma experiência mais natural e altamente cinematográfica. Há também impressoras 3D que fazem o papel de sistema de criação, fabricando e melhorando o equipamento de Jacob.

Não dá para fazer um terror sem criaturas grotescas, algo que The Callisto Protocol faz muito bem. Infelizmente, não há muita variação, com até mesmo chefes sendo repetidos diversas vezes. Na parte de exploração, pelo jogo ser extremamente linear, ela é quase inexistente, limitando-se a dois caminhos: um para itens extras e outro para seguir com a história.

Terror Imersivo

Quando falamos da parte técnica, The Callisto Protocol é um trabalho impressionante que utiliza todo o potencial da Unreal Engine. O estúdio recria os modelos dos atores de forma fiel e realista, além de trazer cenários, efeitos de iluminação e monstros assustadores, permitindo maior imersão na aventura.

Se você estiver no PlayStation 5, irá se deleitar com o o DualSense é utilizado de forma inteligente. Um exemplo são as comunicações por rádio, onde o áudio sai no controle para simular a transmissão. Outro ponto alto é a trilha sonora, responsável por boa parte da atmosfera aterrorizante e alguns sustos.

Infelizmente, o título não conta com dublagem em nosso idioma, mas traz legendas em português, permitindo experienciar a aventura. Na otimização, encontrei apenas bugs visuais em texturas embaçadas, leves quedas de FPS e física estranha de alguns corpos.

Considerações Finais

Se você esperava pelo novo Dead Space, sinto lhe informar: The Callisto Protocol não assume esse papel. Porém, se você buscava uma aventura de horror espacial para matar a saudade da franquia da EA, tenho certeza que irá se divertir por boas horas. O jogo inaugura uma propriedade intelectual interessante, apesar de tropeçar em alguns elementos de jogabilidade, que poderão ser resolvidos em uma eventual sequência.

Por ser um jogo altamente linear e com um fator replay baixo, é complicado recomendá-lo pelo preço atual, mas se ele aparecer em uma boa promoção e você gostar de survival horror, recomendo a compra.

The Callisto Protocol já está disponível para Xbox Series X|S, Xbox One, PS5, PS4 e PC.

*O Cromossomo Nerd agradece a TheoGames por ceder uma cópia de The Callisto Protocol no PlayStation 5 para análise!