[CRÍTICA] Avatar: O Caminho da Água | Visual inacreditável e história básica

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James Cameron revolucionou o cinema em 2009 quando lançou o mágico Avatar. O diretor, que já estava acostumado com projetos gigantescos e de importância singular para Hollywood, conseguiu subir ainda mais degraus e entregar um filme que se tornou referência para produções subsequentes. Isso sem falar que, além de arrecadar horrores em bilheteria por conta de seu atrativo 3D, Avatar ainda é tratado até hoje como precursor e referência dessa tecnologia.

Agora, mais de dez anos depois desse momento marcante, a mitologia de Pandora retorna aos cinemas com uma história inédita, sendo apenas o segundo capítulo de uma franquia promete ser concluída com cinco filmes.

Avatar: O Caminho da Água é obviamente mais um êxito de Cameron. Tudo que foi atingido no primeiro filme conseguiu ser elevado a outros patamares pela sequência, em escalas de tirar o fôlego.

Mas aí é que está. Cameron é um ótimo diretor, visionário, consegue pensar além de seu tempo e produzir obras atemporais, isso é inegável. Avatar é um grande exemplo disso. Para Cameron, a arte do cinema se traduz em um visual absurdo, uma criatividade artística palpável, fazendo com que toda a ficção em tela transpire realidade. Ao fim da sessão, estamos crentes de que alienígenas azuis reais foram contratados para estrelar o longa, dado o nível de detalhes da produção. Mas e o resto?

Uma das maiores críticas ao Avatar original é sua história pouco memorável. Isso não é necessariamente um demérito, claro, muitas obras chegam aos cinemas com propostas distintas e sua divulgação se baseia em diferentes direções. Mas o objetivo principal de Avatar era claramente destacar sua excelência em computação gráfica e experiência visual para os espectadores, o que obviamente funcionou. Com O Caminho da Água a premissa não é diferente.

Anos após a batalha final de Avatar, vemos Jake Sully (Sam Worthington) vivendo entre os Na’vi e procriando com Neytiri (Zoe Saldana), criando assim uma grande família de mestiços. Com o foco girando basicamente nas experiências dos filhos do casal do primeiro filme, temos uma história que traz basicamente as consequências de um passado retornando para assombrá-los, algo que além de dar a eles o verdadeiro protagonismo ainda explorar mais o planeta Pandora e todas as possibilidades artísticas que isso abre.

Agora, o povo da água é explorado, uma vertente dos Na’vi que se desenvolveu biologicamente para se adaptar à vida próxima aos oceanos e esse choque de culturas entre os dois povos crava a estaca da novidade que o longa traz para a franquia.

Todo um novo mundo estava ali o tempo todo e isso é apenas uma amostra básica do que Cameron planeja para a franquia em tantos filmes. A forma com que tudo é apresentado e elevado a um novo nível proporciona uma experiência magnífica de criatividade e choque visual, o que também server como uma distração extremamente competente para a a trama rasa que, apesar de pouco inspiradora, até que funciona.

Avatar: O Caminho da Água eleva o nível mais uma vez e mostra o quanto o cinema precisa transpirar esse senso artístico, criativo, deslumbrante e inacreditável, mesmo que o roteiro acabe em segundo plano. De todo modo, Cameron consegue mostrar mais uma vez como a experiência em uma sala de cinema é única e incomparável, sendo impossível de ser recriada na sala de nossas casas.