Conhecendo Jamie Delano, o pupilo de Alan Moore

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“Se o Alan [Moore] consegue, eu também consigo fazer essa p*##@”

Foi seguindo essa lógica que Jamie Delano aceitou começar a escrever quadrinhos para a Marvel UK, nos anos 80, após ser introduzido na editora por Alan Moore. Ele e Moore eram amigos em Northampton e, enquanto o Mago ganhava a vida escrevendo gibis, Delano era um motorista de táxi.

Hoje em dia, ele assume esse pensamento que era um pouco ingênuo e que, não fosse a influência do desenhista Alan Davis nos seus primeiros trabalhos, teria fracassado como quadrinista por ter pouca familiaridade com a mídia.

A primeira grande chance de Jamie Delano na Marvel UK também veio graças a Moore, dessa vez de forma mais indireta, já que o autor estava abandonando o título do Capitão Britânia – que havia se tornado um sucesso – e Delano foi imediatamente apontado como o seu sucessor. 

“Queimador de bandeiras”, como ele se define, um de seus maiores focos foi retirar o estigma de propaganda patriota ambulante do bom Capitão. E sua passagem pelo herói britânico, embora curta, estabeleceu as bases para a posterior serialização da equipe da Excalibur, pelas mãos de Chris Claremont

Então, chegou a hora de ir para a América, impulsionado pela “invasão britânica” – que também começa graças ao sucesso de seu amigo Moore – Delano é contratado pela DC, por onde fez seu nome.

Na DC, Delano seguiu fechando as pontas que Alan deixou no seu trabalho, escrevendo as primeiras histórias solo do Constantine – personagem criado por Moore como coadjuvante do Monstro do Pântano – estabelecendo as bases para a mitologia do personagem e, pouco a pouco, explicando eventos que atiçavam o imaginário dos fãs, como “Newcastle”.

Um pouco mais tarde, no gibi do Homem-Animal, ele repetiu a fórmula que Moore utilizou no Monstro do Pântano e criou, entre outros conceitos, o Vermelho – utilizado até hoje nas histórias da DC.

Conhecido por mostrar os aspectos mais sombrios e decadentes da natureza humana e da nossa sociedade, Delano não tem medo de ser curto, grosso e muito irônico. Nos seus quadrinhos, ele critica ferozmente o machismo, a homofobia, a poluição, apenas para citar os mais recorrentes. Não é à toa que a maioria dos seus trabalhos para a DC se deu no selo Vertigo, voltado para leitores mais maduros.

Assumidamente verborrágico, Delano se encontrou também como escritor de romances, ocupação que toma conta da sua carreira até os dias atuais. O que também significa que, por mais improvável que seja, ainda podemos torcer por mais histórias dele na DC.