Crise de Identidade? O problema dos quadrinhos da Batgirl

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A saída de Hope Larson de Batgirl na edição #23 trouxe alguns questionamentos para todos que estavam acostumados com a “Batgirl de Burnside” que se via nos quadrinhos da DC há três anos: quanto tempo ela ainda vai durar?

A resposta é: Não muito. No final desse mês, Mairghread Scott (a primeira escritora de quadrinhos dos Transformers) ao lado de Paul Pelletier (Aquaman) e Elena Casagrande (Doctor Who) promete um retorno às raízes gothamitas – leia-se “SOMBRAS, ESCURIDÃO, MORTE, DOR” – da personagem, resgatando um de seus vilões dos Novos 52 (numa pegada mais gore) e trazendo um novo visual para a personagem, dessa vez inspirado nos primórdios da carreira da heroína.

Ou melhor, mais um.

Nos últimos vinte anos, a personagem tem passado por algumas identidades, visuais e abordagens, cada uma mais diferente do que a outra, o que nos faz questionar: quem é a Batgirl?

Para alguns, Cassandra Cain, a primeira a usar o manto em um título solo da heroína, tem um lugar muito especial nessa galeria, principalmente pelo aspecto pioneiro. O fato da personagem ter assumido essa roupagem há relativamente pouco tempo ajuda, uma vez que muitos leitores cresceram com essa personagem figurando a Bat-família como a Batgirl, enquanto Bárbara Gordon era a Oráculo.

Stephanie Brown, a Salteadora (ou Spoiler), vez ou outra é lembrada pelos fãs em sua passagem pelo manto. Mas seu próprio manto é mais forte na própria carreira do que os outros que tentou adotar. Além disso, a curta duração de sua passagem não ajudou sua imagem no cânone da heroína.

Bárbara Gordon carrega o fardo de ser a original na cronologia (já que Bette Kane foi sumariamente ignorada), mas em histórias (infelizmente) esquecidas pelo tempo entre reboots e rebirths. Seu legado mais recente, como a Oráculo, é mais vívido na mente dos leitores e ocupa mais espaço na cronologia moderna do que o contrário.

A personagem, embora carregue uma ligação extremamente forte com o manto, é mais visualizada como um gênio da informática presa em uma cadeira de rodas após um terrível atentado. O fato desse atentado estar presente em um dos quadrinhos mais famosos do Batman não ajuda a Batgirl original a se desvincular dessa imagem.

Mesmo após o seu retorno, nos Novos 52, a personagem passou por reformulações. Seu visual mais sombrio que encabeçou a maior parte da fase deu lugar ao roxo alegre que a personagem adotou nas passagens mais recentes, conquistando os leitores e as leitoras mais jovens, em um estilo que se ligava mais com a geração atual.

O redesign da Batgirl foi extremamente elogiado.

Talvez não fosse o ideal, mas a identidade da personagem existia com força no imaginário dos leitores. O couro preto genérico que toda a Bat-família adotava não ajudava a personagem a se destacar, faltava individualidade. Problema que só o visual de Babs Tarr e a ousadia de Brenden Fletcher resolveram.

Contudo, quem é a Batgirl de verdade? Com tantas adaptações de tantas versões, a essência da heroína parece se misturar em um grande caldeirão de épocas.

A nova velha Batgirl.

O prometido retorno ao estilo Milleriano pode até fazer bem à personagem, que carece de ser levada mais a sério, mas deixará como órfãos os leitores que vinham se identificando com a personagem de nicho extremamente grata que a Batgirl de Hope Larson se mostrava, continuando o trabalho iniciado por Fletcher, Stewart e Tarr.

Se isso espantará ou não a parcela fiel de leitores da heroína, não sabemos, mas uma reformulação era a última coisa que a identidade visual da personagem precisava. Especialmente quando ela vinha sendo tão constante nas vendas, com média superior a 18 mil cópias por mês.

Resta aguardar para ver.