[CRÍTICA] 1ª Temporada – O Mundo Sombrio de Sabrina | Não pensa no diabo senão ele aparece!

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Nesta sexta-feira, chegou ao catálogo da Netflix a primeira temporada de O Mundo Sombrio de Sabrina, série que adapta as histórias em quadrinhos da icônica bruxinha da Archie Comics.

Quem cresceu nos anos 90, sabe que esta não é a primeira adaptação de Sabrina para a TV. Vivida inicialmente por Melissa Joan Hart, a primeira adaptação de Sabrina era muito mais leve e divertida do que os quadrinhos. O sucesso da série foi tanto que ela ganhou também uma série animada, porém a nova versão se mantém mais fiel ao material original, o que significa que ela é muito mais sombria e assustadora.

Inicialmente, somos apresentados ao núcleo humano que cerca Sabrina (Kiernan Shipka), que, basicamente, se resume a seu namorado, Harvey (Ross Lynch) e suas amigas, Susie (Lachlan Watson) e Rosie (Rosalind Walker). O ponto principal da série é mostrar a indecisão de Sabrina em relação à sua herança mística e seus amigos humanos são os grandes culpados por ela ter tantas dúvidas.

Sabrina, é uma bruxa mestiça, cujo pai, que era uma figura de grande importância no mundo bruxo, se casou com uma mortal, porém ambos morreram quando Sabrina ainda era apenas um bebê, fazendo com que ela crescesse sob os cuidados de suas tias, as bruxas Hilda (Lucy Davis) e Zelda (Miranda Otto).

Embora os primeiros episódios sirvam para nos ambientar na misteriosa cidade de Greendale e nos mostrar o quão sombria a trama é, temos de levar em conta que o dilema de Sabrina entre escolher seguir o Caminho das Trevas ou não, permeia toda a temporada, mas em alguns momentos, ele acaba se tornando um tanto quanto cansativo e até mesmo fazendo alguns desvios.

Ao longo da trama, Sabrina acaba se revoltando com aqueles que a estão forçando a seguir o caminho das trevas e, principalmente, se revoltando com o próprio senhor das trevas, porém alguns eventos fazem com que ela se esqueça de seu propósito inicial, deixando sua vingança pessoal em segundo plano, até que ela acaba, aparentemente, sendo esquecida.

Apesar de todo o esforço para mostrar que Lúcifer, fonte de poder das bruxas, é algo que Sabrina deve recusar veementemente, tudo acaba caindo por terra em algum momento, o que é um pouco controverso, dada a força de vontade que nos fazem acreditar que Sabrina possui.

Ao longo da série, temos a oportunidade de explorar um pouco do Mundo Bruxo e da formação dos magos e magas, porém o drama principal acaba fazendo com que isso também fique em segundo plano, não dando muita margem para a escola bruxa e outros elementos.

O que fica muito subjetivo ao longo da série toda é o motivo pelo qual Sabrina é tão requisitada por Lúcifer, assim como a sensação de perigo de seus inimigos, que não parecem encontrar um balanço. Apesar de Lúcifer ser a maior ameaça sobre Sabrina e Greedale, a série nos apresenta alguns outros desafios ao longo da trama, contudo, esses desafios surgem e desaparecem de maneira instantânea, não dando muito tempo para que a atmosfera ameaçadora se estabeleça.

Embora a série se passe no mesmo universo que Riverdale, as ligações se limitam a apenas algumas breves menções à cidade vizinha, mas infelizmente, nada que indique uma junção entre as duas séries.

Devo dizer que os efeitos especiais estão aceitáveis para a primeira temporada. Mesmo que, em alguns momentos, eles pareçam ruins, o saldo geral é positivo, mas a produção poderia ter explorado um pouco mais os poderes das bruxas em relação ao lado fantasioso, como a telecinesia, objetos quebrando, vassouras e etc, porém dado o fato de que eles tentaram ao máximo deixá-la mais séria e sombria, é compreensível que a bruxaria fantasiosa também tenha ficado em segundo plano.

As atuações estão todas muito boas, com destaque para as tias de Sabrina, que acrescentam um tempero especial nesse caldeirão, balanceando muito bem as emoções que sentimos ao longo dos episódios. Enquanto Zelda se encarrega de ser o lado sério e misterioso da família, Hilda é a amável e divertidíssima bruxa que todos queremos conhecer.

O saldo geral da primeira temporada é positivo, embora os episódios muito longos sejam um problema, já que a trama poderia ser mais enxuta em alguns momentos em prol do ritmo. Temos aqui uma bela base para o futuro da bruxinha, que claramente, ainda tem muito para nos mostrar.

Obviamente, nosso lado saudosista nos faz sentir saudades de alguns elementos da série cômica original dos anos 90, mas é bom ver que a nova série procura virar totalmente a mesa e nos mostrar que não é uma cópia do que já deu certo e sim, uma nova produção com identidade própria e focada em um outro tipo de público.