[CRÍTICA] A Forma da Água – A Bela e a Fera dos adultos

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Guillermo del Toro é um nome relativamente velho em Hollywood, entretanto, em mais de 30 anos de carreira, o diretor e roteirista sequer havia ganhado um Oscar ou um Globo de Ouro, mas parece que o momento finalmente chegou.

Você já deve ter ouvido o nome de del Toro atrelado a projetos como O Labirinto do Fauno, Hellboy, Círculo de Fogo, e diversos outros, e A Forma da Água, é mais um excelente projeto do diretor, que carrega toda sua personalidade na identidade visual, e coração em um roteiro de dar inveja.

O filme já vinha sendo uma promessa das premiações desde seu lançamento americano no final de 2017, e isso só se concretizou com as vitórias no Globo de Ouro e as incríveis 13 nomeações ao Oscar 2018, e acredite, todas elas foram mais do que merecidas.

A trama do filme é simples, uma jovem garota que encontra um amor impossível e precisa lutar para ficar com ele, entretanto, as nuances apresentadas é que fazem toda a diferença. Elisa (Sally Hawkins) é faxineira de um misterioso laboratório do governo, e sua personalidade é demonstrada sem que ela diga uma única palavra, afinal, ela é muda.

O roteiro constrói uma rotina para Elisa, que apesar de repetitiva, apresenta um novo elemento a cada dia, que não deixa o espectador cansado ou entediado, muito pelo contrário, a percepção desses detalhes se fazem necessárias para amarrar a trama como um todo.

Apesar da trama contar com poucos personagens, todos eles são essenciais para que esse espetáculo audiovisual aconteça. O vizinho de Elisa, Giles (Richard Jenkins), e sua amiga do trabalho, Zelda (Octavia Spencer), são extensões da personalidade de Elisa, e tornam o filme muito mais divertido e real (mesmo contando uma história de fantasia), mas o grande destaque fica pelo vilão de Michael Shannon, Strickland.

Shannon mais uma vez faz história e nos entrega uma atuação impecável e um vilão icônico, detestável e que nos faz odiá-lo à cada minuto em que aparece em tela.

Doug Jones, antigo colaborador de del Toro, volta mais uma vez à interpretar uma criatura, e mostra que mesmo as inúmeras camadas de maquiagem e os retoques de computação gráfica são o suficientes para mascarar seu talento. Jones nos apresenta uma criatura que consegue ser ameaçadora e carismática, bem como transparecer seus sentimentos usando expressões corporais primitivas e marcantes.

A identidade de del Toro está presente em cada detalhe do filme, na fotografia, na trilha sonora, nas soluções simples e geniais de roteiro, nos enquadramentos e na criatura aquática que carrega uma atualização visual de seus trabalhos anteriores.

A Forma da Água é um filme lindíssimo, que adapta perfeitamente a atmosfera dos anos 60, e ressalta inclusive, os dramas raciais e preconceituosos da época de forma sutil e direta, contendo uma mensagem subliminar em meio ao romance de Elisa e da criatura marinha.

Esperamos que as inúmeras indicações ao Oscar para o filme sejam recompensadas, afinal, cada uma delas é merecida e apenas uma pequena recompensa em meio a todo o reconhecimento que esse filme merece.

A Forma da Água chega aos cinemas em 1º de Fevereiro.

NOTA: 5/5