[CRÍTICA] As Tartarugas Ninja: Caos Mutante diverte e acerta em cheio ao celebrar juventude

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A animação traz o potencial de empolgar diferentes gerações, sem perder foco narrativo.

As Tartarugas Ninja: Caos Mutante estreou no final de agosto no Brasil

Desde os anos 90, As Tartarugas Ninja desempenharam um papel vital na vida de crianças, adolescentes e adultos, sempre trazendo situações inusitadas e vilões curiosos. E após tantos anos sem termos nada dos personagens, a Nickelodeon, junto a Paramount, se lançaram em uma nova empreitada para tratar sobre ‘O Caos Mutante‘.

De acordo com a sinopse, “um grupo de tartarugas é afetado por uma substância radioativa, ganha força, conhecimento e cresce. Vivendo no esgoto, quatro jovens tartarugas descobrem um novo destino como Tartarugas Ninja. Elas unirão forças com a corajosa repórter April O’ Neil para salvar Nova York.”

A animação ao estilo “filme de origem”, na tratativa de sua narrativa com os mutantes, busca uma percepção diferente do que tudo já visto nos materiais dos personagens, pois se você bem lembra ou não, sempre foi retratado sobre o lado da responsabilidade dos personagens, mas nunca seus interesses ou gostos. Sabemos ao longo de filmes dos anos 90, ou animações que vieram na sequência, em que cada irmão tinha seu estilo, porém nunca foi aprofundado o gosto desses personagens, a não ser por uma questão, pizza.

Diferente dos outros materiais, ao invés de debater sobre a responsabilidade de cada personagem, ou mostrar confrontos entre os próprios irmãos como visto na (minha querida) animação das Tartarugas Ninja (2007), o longa visa humanizar cada um deles, abordando temas como o preconceito à diferenças, abuso de poder e celebração da juventude.

O estilo Kawabunga

Os irmãos se reúnem novamente em uma nova história em As Tartarugas Ninja: Caos Mutante

Desde que o Homem-Aranha no Aranhaverso (2018) foi lançado, é nítido que os grandes estúdios acabaram se mobilizando para desenvolver histórias que não somente atraiam em seu aspecto narrativo, mas que também evoluam brutalmente em seu estilo gráfico.

Sem dúvidas, um dos maiores destaques e diferenciais de Tartarugas Ninja: Caos Mutante é justamente o trabalho com a animação, onde nos entrega a sensação (ou sentimento) de que cada quadro foi desenhado minuciosamente, como se fosse um desenho numa folha, mesclando diferentes formas de apresentação dela em tela.

Claro, o estilo que foi apresentado em recentes animações da Nick(elodeon) é abraçado aqui, uma forma mais suave e leve para combinar com o estilo narrativo e também de seus personagens.

Um fato que me pareceu curioso é relacionado aos responsáveis por trás do roteiro estabelecido. A dupla Seth Rogen e Evan Goldberg são nomes que não parecem muito chegados com animações de teor infanto-juvenil, já que são produtores executivos de animações relacionadas ao universo de The Boys, e até a série que carrega o mesmo nome, voltadas ao público mais velho.

Todavia, quem pode ter trazido o teor mais leve para a dupla responsável pela chocante animação ‘A Festa da Salsicha‘ (2016), é Jeff Rowe. O norte-americano é o nome que ficou encarregado pela direção e roteirização do indicado ao oscar, The Mitchells vs. the Machines (2021), além disso o mesmo também teve parte com o roteiro, ao lado dos escritores de Detetive Pikachu (2019), Dan Hernandez e Benji Samit.

A doce referência ninja

Se tratando de personagens clássicos da cultura pop, era mais que uma questão de necessidade para que fossem aplicadas referências, e também ligações com outros materiais, já que tratamos de uma animação que seus personagens celebram a juventude de sua forma. E convenhamos, o lado positivo da história dos quatro irmãos, independente da época é que, por sempre abordarem as aventuras deles no período da juventude, faz com que a história seja bem adaptada para as distintas épocas! Claro, isso sem perder sua sutileza.

Resgatando sentimento dos velhos fãs, sem abrir mão de pavimentar uma via para os novos espectadores, o que acaba sendo um gesto louvável, mas também inteligente já que é necessário renovar seu material para que atinja novos públicos e assim perpetue toda ideia dos personagens que já marcou a cultura pop por mais de duas décadas.

Em As Tartarugas Ninja: Caos Mutante, a Paramount consegue entregar uma animação primorosa. Com alma e forte, sua leveza faz com que tenhamos mais carinho pelos personagens, e que os fãs que um dia ficaram com o sentimento agridoce por conta da obra de Michael Bay, reencontrem entusiasmo nos quatro irmãos que carregam o nome de pintores renascentistas.