[CRÍTICA] Batman | O ápice do herói nas telonas

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O cinema de super-heróis está em um ponto que muitas pessoas já não se sentem mais surpreendidas. São diversos filmes saindo todos os anos e ideias que aos poucos ficam repetitivas, tornando a experiência dentro de uma sala de cinema extremamente previsível.

O Batman em si é um personagem que sofre com a saturação de suas inúmeras iterações nas telonas, além de apresentar histórias em que raramente ele se destaca, ainda mais em um ano em que teremos três versões diferentes do Morcego de Gotham (considerando os demais intérpretes em Flash e Batgirl).

Mas para quebrar o gelo, ou um iceberg inteiro ao meio, Batman (The Batman) traz o carro-chefe da DC em um movimento surpreendente e catártico. O longa, que seria completamente diferente quando tinha Ben Affleck à frente do projeto, tendo o Exterminador de Joe Manganiello como vilão e tudo interligado aos demais eventos do DCEU, foi totalmente refeito do zero com Matt Reeves na direção e uma novidade que chocou os fãs do personagem: Robert Pattinson assumiria o capuz.

Obviamente resgatando o passado do ator em Crepúsculo (e ignorando os ótimos trabalhos do figura depois disso), os fãs morderam as costas, atitude que com certeza vai durar pouco porque Pattinson traz uma das melhores versões do personagem, isso se não for A melhor.

Atuando há apenas dois anos no combate ao crime em Gotham, o Homem-Morcego precisa encarar seu maior desafio até então: um serial killer começa a deixar charadas em suas cenas de crime como forma de provocação. Com Reeves baseando-se bastante na história real do assassino do Zodíaco, abusando de cartas enigmáticas que prometem construir um quebra-cabeça gigantesco do submundo da cidade. O jovem herói sabe se virar e tem seu modus operandi bem estabelecido, mesmo ainda sendo novo nesse negócio.

Pattinson finalmente entrega o detetive inteligentíssimo que todo mundo sempre pediu.

Outro ponto interessante é que o herói ainda está pegando o jeito com seus apetrechos, o que gera cenas de ação bem elaboradas em coreografia, sem falar nas pancadas que parecem reais, tanto nos bandidos quanto no próprio Batman.

Como se o lado heróico não fosse bom o bastante, a contraparte civil do personagem, estrelada por Bruce Wayne, é a chave que vira quando o personagem não usa o capuz. Um bilionário recluso, que participa pouco de atividades sociais, vivendo apenas para a suas atividades como vigilante, trancafiado em sua casa.

Batman nos mostra um Bruce que é desapegado dos círculos dos ricaços e festas de Gotham e até mesmo da empresa que herdou de seus pais, visto que o trauma desta perda ainda o assola e se torna visível que é algo com o qual ele ainda se vê enfrentando e tentando superar.

Quando a nova ameaça surge, o Batman precisa chegar a um novo nível. Aliado de Jim Gordon (Edgar Wright), com quem forma uma dupla deliciosa de se testemunhar, surge a parte investigativa que torna o filme o que ele é de verdade: um thriller policial que não abdica de suas origens nos quadrinhos.

Temos aqui trama de mistério bem administrada e com um enredo bem amarrado, que atira desde o ameaçador Charada (Paul Dano), passando pela incrível Mulher-Gato (Zöe Kravitz) e até mesmo o promissor Pinguim (Colin Farrel) em baú de participações tremendas, com todos eles envolvidos em uma única confusão a ser solucionada e motivações que se encaixam e constroem uma obra coesa e fantástica.

Batman é o filme definitivo do morcego, transbordando atuações, direção, roteiro e com certeza a trilha sonora espetaculares, trazendo o que pode se tornar para muitos o melhor filme solo do queridinho da DC Comics até hoje.