“Dá uma bitoca no meu nariz!”
É inquestionável que o palhaço apresentador originado nas manhãs do SBT é um ícone na história da TV brasileira. A mudança de nomenclaturas como explicado pelo diretor, Xuxa virou Lulu, SBT passou a ser TVP e a Rede Globo foi renomeada como Mundial, foi para evitar problemas com direitos autorais.
Com um humor de ponta e arrancando gargalhadas durante toda sessão nesta cinebiografia, Bingo: O Rei das Manhãs, baseado na vida de Arlindo Barreto, no período em que interpretava o palhaço líder de audiência Bozo durante os anos 80, acaba sendo uma excelente máquina do tempo para quem viveu essa época psicodélica da televisão brasileira ou teve algum contato com o popular palhaço nos anos seguintes, através de memes nas redes sociais. Marcando a estreia na direção de Daniel Rezende e estrelado por Vladimir Brichta, Leandra Leal, Emanuelle Araújo e Tainá Müller.
Retratando a história de Augusto, um artista que sonha com seu lugar sob os holofotes. A grande chance aparece sem querer ao conseguir o papel de “Bingo”, um palhaço apresentador de um programa infantil na televisão que é sucesso absoluto nos Estados Unidos. Porém, uma cláusula no contrato não permite revelar quem é o homem por trás da máscara. Augusto, o “Rei das Manhãs”, é o anônimo mais famoso do Brasil. Com muita ironia e humor ácido, ambientado numa roupagem pop e exagerada dos bastidores da televisão dos anos 80, o filme conta essa incrível e surreal história de um homem em busca do reconhecimento da sua arte.
Apesar de estreante por trás das câmeras, Daniel Rezende, é conhecido por seu trabalho como editor em filmes como Cidade de Deus, Tropa de Elite e muitas outras produções de sucesso. Trabalhando com diversos grandes nomes do cinema brasileiro como José Padilha e Fernando Meirelles. Sendo merecedor de elogios pelos takes, ângulos e cenas impactantes para passar os sentimentos mais profundos dos personagens na telona, através das expressões de seus interpretes.
Sabendo da bagagem cultural que o diretor trouxe para este longa metragem, a surpresa fica em cargo do protagonista interpretado por Vladimir Brichta, nos presenteando com a sua melhor atuação de sua carreira. Ele está perfeito no filme, emocionante, convicto, insano e brilhante. Facilmente nos convence, recriando perfeitamente os trejeitos e manias do palhaço original.
Nos envolvendo em uma trama interessantíssima, desde a sua Ascenção atuando em Pornochanchada, buscando reconhecimento pelos seus esforços, fazendo o público vibrar a cada guinada de sua vida, salvando o programa com suas ideias mirabolantes e sempre almejando mais alto sem pestanejar. Mas também traz a sua decadência devido ao seu vício em drogas e seu conflito emocional com si mesmo, enquanto sua identidade aos poucos vai se deteriorando conforme o sucesso do palhaço.
O Rei das Manhãs é um filme nostálgico para quem viveu nos anos 70 e 80, servindo como um retrato surrealista do passado para as gerações seguintes, contando com figurino, cabelos, carros e do excesso de drogas ilícitas, que estavam em seu auge na época. O filme também conta com a última participação nas telonas do ator Domingos Montagner, interpretando uma emocionante homenagem aos circos, lugar onde iniciou sua carreira.
Juntando tudo é um excelente filme e vale a pena conferir sem dúvida alguma o filme nacional mais aguardado nos cinemas, lembrando que no dia 24 de agosto, Bingo: O Rei das Manhãs entra em cartaz.