[CRÍTICA] Challengers fez pelo tênis o que Whiplash fez pelo Jazz

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Challengers teve seu primeiro trailer divulgado em 20 de junho de 2023. Porém, o vídeo foi polêmico devido à cena da Zendaya com dois homens em uma cama. O filme ficou na boca do povo, mais pelo “meme” que viralizou do que pelo longa em si, e pouco da trama foi difundido entre o público.

E eu nunca pude estar mais feliz por isso. Ver esse filme às cegas foi uma das melhores experiências cinematográficas e uma das melhores do ano.

Direção que eleva todo o filme

Existem casos onde um roteiro excelente pode ter seu brilho ofuscado por uma direção mediana. Porém, Luca Guadagnino conseguiu fazer o impossível, tornando partidas de tênis a coisa mais visualmente bonita e interessante, mesmo para a pessoa mais leiga em tênis.

A direção apresenta inúmeros planos maravilhosos, mas o destaque vai para as cenas na quadra de tênis, onde conseguem transmitir todo o sentimento que cada protagonista está passando, criando um hype para o embate dos três personagens.

Tênis, amor e desejo sexual, todos ligados por um excelente roteiro de Challengers

A trama de Challengers pode parecer, à primeira vista, como um filme patrocinado pela Adidas para promover marcas e até mesmo o esporte. Mas, fico feliz em dizer que a trama, assim como “Whiplash”, não se importa em mostrar a parte mais grotesca, verdadeira e sexual do esporte.

A protagonista, interpretada por Zendaya, fala no início do filme como o tênis é como um relacionamento, onde na quadra você sente tudo e consegue entender totalmente a outra pessoa que está enfrentando. A plateia entra nessa relação, criando uma simbiose que torna o tênis tão apaixonante para essa personagem.

E fico feliz em dizer que o filme entrega exatamente isso, com todas as problemáticas que podem surgir de uma relação tão viciosa para todos os protagonistas.

Zendaya em Challengers

A briga entre os três protagonistas para ver quem rouba mais seu carisma

Uma surpresa extremamente grata deste filme foi a atuação de Mike Faist e Josh O’Connor, que juntos mostraram como um bom roteiro não se faz sozinho, precisando de uma atuação acima da média para garantir a atenção do público.

Josh fica meio apagado até o meio do segundo ato, mas quando ganha seu espaço na tela, se torna alguém complexo e assustadoramente carismático. Zendaya, por sua vez, não precisa provar nada. Ela já fez isso diversas vezes e mantém um tom diferente, mas ainda sendo o grande catalisador do drama todo. Sem ela, toda a tensão grandiosa do filme não seria possível.

Hans Zimmer começa a ter alguém para olhar no horizonte

Não bastando as composições de cenas, a trilha sonora do majestoso Trent Reznor faz a junção perfeita entre trama, direção e composição sonora para engrandecer a obra. A composição techno para o filme foi um acerto sem igual, conseguindo acompanhar os sentimentos dos personagens e, principalmente, aumentar a tensão nas cenas.

Outro momento em que senti uma trilha sonora casando de forma quase simbiótica com o filme foi em no primeiro “John Wick”, com a cena da boate. E fico feliz por finalmente ter visto algo igual.

Diretor de Challengers

Conclusão sobre Challengers

Challengers foi de um filme pouco divulgado com uma cena de meme para uma das melhores surpresas do ano. Direção, roteiro, composição e atuação andam lado a lado para criar uma das melhores obras de Luca Guadagnino.