[CRÍTICA] Game of Thrones – 8ª Temporada | Que morte horrível

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Uma das maiores séries de todos os tempos chegou ao seu fim! Game of Thrones conquistou nossos corações com uma história sobre política medieval, dragões, zumbis e honra. Quase dez anos após seu primeiro episódio, demos adeus (pelo menos na TV) aos nossos personagens favoritos.

Porém, Game of Thrones caiu em qualidade de produção nos últimos quatro anos, e é sobre isso que vamos falar hoje.

A oitava temporada foi palco de problemas que a série apresenta desde o seu sexto ano: falta de coerência narrativa, péssima adaptação, falta de desenvolvimento dos personagens e um roteiro fraco.

Falando em narrativa, nada no programa faz mais sentido; Cersei Lannister explodiu um Septo e o assunto foi ignorado pelos roteiristas; Jon Snow morreu e isso foi sua desculpa para sair da Patrulha da Noite – mas pera, não deveria servir para dizer que ele não está mais na linha de sucessão Targaryen, já que morreu?

Como se não bastasse a falta de coerência e continuidade, os diálogos estão péssimos e mal construídos – as situações são plantadas de forma preguiçosa, como se tudo em Westeros fosse motivado por um grande acaso.

Toda a política medieval presente nas quatro primeiras temporadas, e que era muito amada pelos fãs, acabou. Onde estão os Lannister de Lannisporto? Como você duvida de uma rainha que lhe deu todos os exércitos e dragões? Um boato sendo espalhado, cujo as únicas provas são um documento que ninguém viu e a palavra de um irmão doente.

Isso decepciona, porque sempre foi prometido um final grandioso para a série; mas os escritores parecem ter esquecido que um final grandioso só funciona se o caminho foi igualmente bom.

Nem mesmo o vilão foi tratado de forma coerente; o Rei da Noite, que foi vendido durante sete temporadas como a maior ameaça do Mundo Conhecido, morreu com uma facada.

Uma reclamação válida, ainda falando de roteiro, é a fala de Sansa Stark “agradecendo” seu estupro por tê-la feito forte. Toda sua trajetória e seus aprendizados em Porto Real e no Ninho da Águia foram ignorados.

As batalhas continuam épicas e bonitas – a batalha em Porto Real foi algo maravilhoso, esteticamente falando. Usar esses eventos para mascarar o limbo narrativo é usado pela série desde a sexta temporada, mas não funciona mais.

A direção de arte e os efeitos especiais continuam impecáveis e dão um charme na série. Os atores seguram o roteiro como podem, já que ele não ajuda. Sophie Turner (Sansa Stark) e Lena Headey (Cersei Lannister) estão impecáveis em seus papéis.

Peter Dinklage (Tyrion Lannister) não tem muito o que mostrar, já que toda a inteligência de seu personagem foi esquecida, mas ele não decepciona. Kit Harington (Jon Snow) continua apático e sem reação em momentos que precisam da sua máxima interpretação, deixando suas cenas sem graça.

Emilia Clarke (Daenerys Targeryen) está na média, e faz um bom trabalho onde pode.

A trilha sonora está ótima e solidifica Game of Thrones como uma das séries mais bem produzidas da atualidade.

É triste ver todo o empenho técnico em um programa que duvida da inteligência de seu espectador. Game of Thrones nasceu impecável e bela, com uma história bem construída e personagens cinzas. Infelizmente, o programa virou uma luta entre o bem e o mal, ignorando coisas estabelecidas por ele.