Análise Luke Cage (1ª Temporada)

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Luke Cage é o terceiro dos Defensores da Marvel a ganhar uma série na Netflix. A série marca a adaptação de um dos mais importantes personagens da história da Marvel, Luke Cage é o primeiro personagem negro da empresa a ter uma HQ própria.

O tom da série destoa de Demolidor e Jessica Jones, enquanto a primeira é voltada para a ação e a segunda tem uma trama psicológica e noir. Luke Cage é uma série com elementos do blaxploitation e traz alguns dos problemas sócio políticos dos EUA, como o abuso da polícia com os negros e latinos, tema que inclusive está bem atual e é um dos principais pontos abordados nesta corrida presidencial americana.

A série estabelece bem o passado de Cage, sua origem e como ele conseguiu seus superpoderes, deixando assim a apresentação do personagem bem agradável para os que não acompanharam as HQs do herói. O ritmo, no entanto, é meio lento durante primeira metade e só após o episódio 7 a série decola e acaba prendendo a atenção.

Mike Colter como Luke Cage é o ponto alto da série, o personagem é cativante, é simpático, tem seus valores e não aceita mudá-los, mesmo sendo considerado hora bandido, hora herói. Assim como nas outras séries da Marvel/Netflix, Claire Temple, a Enfermeira Noturna (Rosario Dawson), também aparece, porém desta vez ela ganha maior destaque e influência. Claire e Luke funcionam muito bem juntos, há uma boa química entre eles.

Boca de Algodão (Mahershala Ali), Kid Cascavel (Erik LaRay Harvey) e Mariah Dillard (Alfre Woodard) são os vilões da série, eles cumprem seu papel, suas motivações são “ok”, mas dificilmente serão lembrados, talvez tenha faltado um pouco do carisma de Killgrave (Vilão de Jessica Jones, interpretado por David Tennant), além disso, como o foco das ações de Cottonmouth e Mariah Dillard é dominar o Harlem, eles ficam parecendo uma versão genérica do Rei do Crime. Os demais personagens também podem ser considerados “ok”, mas também estão fadados ao esquecimento.

Um outro “personagem” muito bom é o próprio Harlem, a série tenta trazer muito da história e cultura do bairro com inúmeras referências e citações a figuras conhecidas que nasceram e foram criadas nas ruas de lá. A música também é um fator muito presente na série, o jazz e hip hop são tocados em praticamente todos os episódios e não poderia ser diferente, pois como foi dito acima, há vários elementos do blaxploitation e estes dois ritmos são culturalmente conhecidos como “música negra”.

Os elementos importados diretamente dos quadrinhos também não desapontam, há uma referência muito divertida à roupa clássica usada pelo herói nas HQs, o cameo de Stan Lee (esse não pode faltar nunca), até um pequeno gancho para a série do Punho de Ferro, sem falar nas várias citações ao Demolidor, Jessica Jones e aos Vingadores ao longo da série.

No geral Luke Cage é uma série divertida, possui um bom arco dramático, porém peca no ritmo lento e na falta de personagens carismáticos, memoráveis. O próprio Luke Cage e a direção de arte da série são os pontos altos. Dentre as 4 temporadas da Marvel na Netflix (2 do Demolidor, 1 de Jessica Jones e 1 do Luke Cage) esta figura na quarta colocação, mas passa longe de ser ruim. Se vale a pena assistir? Com certeza!