O Contador | Ben Affleck nasceu para interpretar um matador de aluguel com distúrbios mentais

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O Contador é um filme de gênero Ação/Suspense que conta a história de Christian Wolff (Ben Affleck), um contador, aparentemente normal, que tem um segundo emprego noturno muito peculiar para quebrar a rotina: matador de aluguel. O longa é dirigido por Gavin O’Connor e distribuído pela Warner Bros. A premissa é interessante, o que deixa público curioso para assistir ao filme apenas pelos trailers. Mas será que o filme é realmente tão interessante quantos os trailers? Confira a nossa crítica e descubra.

O filme possui um bom roteiro, apresentando dois arcos bem distintos. O primeiro é o de Christian Wolff (Ben Affleck), um contador que sofre de um distúrbio neurológico, limitando assim sua capacidade de socialização, mas que possui uma habilidade com números quase sobrenatural. Por trás do disfarce de contador de uma pequena cidade, Wolff tem um segundo emprego como assassino de organizações criminosas. Ele então é contratado, como contador, por uma grande empresa e começa a ser caçado quando encontra anos de registros fiscais fraudados. O segundo arco é o de Raymond King (J.K. Simmons), um agente do Tesouro, que inicia uma investigação em busca de um assassino famoso, conhecido como “O Contador”. O roteiro falha apenas em não juntar os arcos, que individualmente são excelentes, mas em momento nenhum há influência de um no outro, parecendo que são dois filmes diferentes inseridos no mesmo universo, com Christian Wolff sendo o único ponto em comum entre ambos.

The Accountant

A trama segue um bom ritmo, iniciando como um suspense, mas que aos poucos vai se tornando um filme de ação. Ao longo do filme, vários flashbacks são usados para mostrar o passado de Christian Wolff, eles aparecem em momentos adequados para explicar alguma coisa, dando uma boa continuidade ao filme. No final há um excelente plot twist que irá causar um mind blown no espectador (acredite, aconteceu comigo), mas é preciso atenção na história e aos detalhes ou você poderá deixar algo escapar, causando alguma confusão no entendimento da história.

Um dos pontos que faz com que o filme seja muito bom são seus personagens e a atuação, Ben Affleck parece muito confortável no papel de Christian Wolff e consegue fazer parecer natural os tiques comportamentais de seu personagem, como a mania de assoprar as pontas dos dedos e a dificuldade em estabelecer contatos visuais. Anna Kendrick vive a contadora Dana Cumming, que acaba envolvida na trama e se torna o “par romântico” de Christian Wolff. Os dois atores possuem uma química muito divertida, Dana tenta sempre se entrosar com Christian, mas por ele ter dificuldade de socializar, acaba dando algumas “bolas fora” gerando momentos hilários entre os dois, que só funcionaram bem pela boa atuação de Kendrick e Affleck.

The Accountant

O longa conta também com Jon Bernthal no papel de Brax, um assassino contratado para matar Christian Wolff e Dana Cumming. O personagem é carismático e tem várias tiradas sarcásticas, que conseguem arrancar algumas gargalhadas da plateia. Ao longo do filme, vai surgindo um certo mistério na trama em relação a ele e Christian Wolff e você fica se perguntando qual será o desfecho dele. J.K. Simmons também pode ser considerado um destaque no filme, sendo pelos momentos contracenando com Cynthia Addai-Robinson, que interpreta a investigadora Marybeth Medina, ou principalmente por seu monologo no início do filme, que mostra seu primeiro contato com O Contador.

THE ACCOUNTANT

No quesito “cenas de ação”, o filme é muito bom e conta com sequências de luta e tiros muito bem coreografadas, lembrando muito “De Volta ao Jogo”, mas sem a mesma fluidez e agilidade. Os efeitos especiais são poucos, aparecendo apenas nas cenas com tiroteios, mas são excelentes (alguns tiros na cabeça com rifle são de cair o queixo).

No geral O Contador tem muito mais acertos do que erros, tem uma trama envolvente, que prende a atenção, boas cenas de ação e bons personagens. O filme é uma excelente mistura entre ação e suspense, em que na maior parte possui um tom sério, mas em momentos pontuais consegue tirar alguns sorrisos da platéia.