Não tendo lido o mangá do My Hero Academia escrito e ilustrado por Kōhei Horikosh na revista Weekly Shōnen Jump desde julho de 2014, tive o luxo de entrar no anime, inconsciente das reviravoltas que aguardavam o aspirante a jovem herói Izuku “Deku” Midoriya. Depois de dar uma volta emocional cheia de ação que é a primeira temporada da adaptação animada do estúdio Bones, My Hero Academia solidificou seu lugar como uma das melhores series da Jump nos últimos tempos.

A história foca em torno do Deku, um adolescente que sonha em se tornar um super-herói, mas encontra-se entre os 20% da população sem um poder especial também conhecido como Individualidade. Depois de um encontro casual com seu ídolo heróico All Might, Deku encontra uma maneira de se elevar acima de suas circunstâncias biológicas e se matricula na prestigiada U.A. High School na esperança de fazer seus sonhos uma realidade.

Como o diferente entre os seus colegas de classe, Deku é extremamente tímido e ofuscado, especialmente em contraste com seu rival de infância, Katsuki Bakugou. Apesar de ser um valentão egocêntrico inclinado a destruir os outros em favor de se elevar, Bakugou teve um gigantesco amadurecimento à medida que a série progredia. É claro que ele tem alguns problemas de gerenciamento de orgulho e raiva, mas sua vontade de ser um herói e proteger a sociedade dos vilões que ameaçam a paz é uma qualidade admirável que o torna muito mais do que um cabeça quente unidimensional.

Da mesma forma, o resto do elenco de estudantes possuem multicamadas e cada um deles conseguem despertar o interesse devido a suas individualidades bem criativas. Do representante de classe, Tenya Iida, que está equipado com motores na perna, até a meiga e inocente Ochako Uraraka, que pode fazer as coisas levantar simplesmente com um toque, U.A. High School possui um elenco colorido de personagens diversos e únicos, mesmo o personagem mais secundário tem a sua chance de mostrar o seu valor ao expectador.

O mesmo pode ser dito para o “herói número 1” do mundo, All Might, que é muito mais do que apenas um grande sorriso branco perolado. Sim, até mesmo os heróis mais poderosos têm suas fraquezas e precisam da ajuda de outros de vez em quando, e o segredo incapacitante dele é excelente para demonstrar esse fato. Além disso, o vínculo que ele forma com Deku que espira em um papel de mentor para um herói, cria uma dinâmica reconfortante cada vez que os dois estavam juntos na tela.

A força de um elenco bem desenvolvido cria uma história que te puxa e não solta mais. As dicas sobre um romance em ascensão entre Uraraka e Deku é bem divertido, indo aos limites do gênero de forma convincente, mesmo sendo um Shounen. Além disso, a luta de Deku para provar a si mesmo e ganhar o respeito de Bakugou, apesar do implacável desdenho pelo protagonista, faz alguns momentos realmente grandes de drama cheios de tensão, alimentado por uma rivalidade que se estende pela história inteira.

O mais impactante de todos, no entanto, é o vínculo entre Deku e sua mãe. Observando seu relacionamento evoluir, como a mãe de Deku percebe que ela deveria ter apoiado seu filho sem poderem em sua busca para se tornar um herói, deixando com certeza qualquer um com os olhos aguados. Esta relação não só proporciona uma janela para a vida familiar de Deku e suas inseguranças, mas também leva a questão da importância da família, não importando o quanto os sonhos possam parecer impossível de realizar.

O excelente design de personagem do My Hero Academia apenas eleva o elenco ainda mais. Do sorriso amável e inocente de Deku ao olhar intimidante que emana dos olhos irritados de Bakugou, cada personagem tem seu próprio aspecto distinto que reflete sua personalidade. Eu também tenho que aplaudir as escolhas de elenco e o trabalho geral de voz, casando perfeitamente com seus respectivos personagens.

Considerando a fama incontestável do estúdio Bones, não deveria ser uma surpresa que o estúdio por trás de Wolf’s Rain e Fullmetal Alchemist mais uma vez chutasse o balde. My Hero Academia é carregado com incríveis cenas de ação que são uma alegria absoluta de assistir, graças à animação fluida e ângulos dinâmicos em que são apresentados.

A partir de pequenos toques, como os olhos brilhantes de um jovem Deku destruído emocionalmente, para os conjuntos explosivos trazidos por Bakugou, cada episódio era um deleite visual. Há também muitos pedaços de comedia habilmente entregues e espalhados por toda a temporada, muitos dos quais podem ser atribuídos às palhaçadas ridiculamente inadequadas do minúsculo colega de cabelos roxos de Deku Minoru Mineta.

A primeira temporada de My Hero Academia oferece treze episódios de ação frenética, elevados por uma história sincera em torno de um elenco de personagens memoráveis e únicos. Enquanto seus vilões vão ser mais trabalhados nos próximos episódios, o palco foi preparado para uma segunda temporada apresentando novos e emocionantes desafios para os estudantes da U.A. High School.