[CRÍTICA] O Quebra-Nozes e os Quatro Reinos | Pare, ele já está morto!

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Esta semana, chegou aos cinemas a nova produção da Disney, O Quebra-Nozes e os Quatro Reinos. Buscando uma nova abordagem para o clássico balé de Tchaikovsky, o longa narra as aventuras de Clara, uma garota astuta que luta para superar a dor de ter perdido sua mãe e que acaba descobrindo um mundo mágico e encantado.

Desde que foi criado, o balé O Quebra-Nozes já teve inúmeras adaptações, incluindo até mesmo uma feita pela boneca Barbie. Com isso, a obra acabou ficando um pouco desgastada, mas Disney estava disposta a mostrar que conseguiria reacender o brilho da franquia, lançando mais um de seus clássicos filmes de contos de fada em live-action.

Seguindo a premissa de Malévola, o longa nos mostra que os vilões nem sempre são o que parecem, contudo, essa linha de similaridades acaba se tornando um problema ao longo da trama, já que vemos um emaranhado de semelhanças a outras produções da Disney que acabam diminuindo o valor final da produção.

Contando com similaridades estéticas às de Alice no País das Maravilhas, Oz, Mágico e Poderoso e Uma Dobra no Tempo, O Quebra-Nozes e os Quatro Reinos parece um filho genérico dessas obras, em que vemos uma mistura de elementos jogados em tela acompanhados por uma narrativa clássica com algumas mudanças. Ao que parece, a produção não se esforçou muito para agregar um valor real ao longa, fazendo dele um produto preguiçoso e condensado.

Quem conhece o Quebra-Nozes original, sabe que o grande destaque é a trilha sonora, que é performada com maestria pelos bailarinos, compondo uma poesia audiovisual, contudo, no longa da Disney, nem mesmo as trilhas conseguem ganhar seu espaço necessário, aparecendo timidamente em alguns momentos onde servem apenas de fundo musical ou transição, o que é triste.

Mesmo tentando se distanciar de sua origem no balé, o longa conta com alguns momentos que remetem à obra clássica, onde podemos ver que ele teria funcionado muito mais se fosse feito de maneira mais simples e realista, ao invés de toda essa parafernalha usada para criar um mundo que não passa credibilidade ou emoção.

Os efeitos visuais parecem bonitos em alguns momentos, porém eles simplesmente acabam sendo artificiais demais para nos levar para dentro daquele mundo de reinos fantásticos. Na grande maioria, temos texturas plásticas e irreais, o que acaba sendo um incômodo para os olhos.

Embora a produção conte com um elenco de peso, nem mesmo as estrelas conseguiram se salvar da mediocridade. Mackenzie Foy, a protagonista, consegue segurar bem as exigências da trama e passar emoção em sua atuação, porém os elogios acabam por aí. Keira Knightley, intérprete da Princesa de Açúcar, consegue ser extremamente irritante ao tentar interpretar uma personagem doce demais.

Helen Mirren, que desempenha um importante papel na trama, acaba passando a sensação de não estar interpretando uma personagem à altura de seu talento.

O mais triste, é que o roteiro parece subestimar até mesmo seu público-alvo, as crianças. Além de situações extremamente previsíveis, o longa conta com as piadas e os esterótipos de personagens mais batidos já vistos, onde tudo que irá acontecer já pode ser adivinhado tempos atrás. Embora o longa tente dar uma nova roupagem para a obra original, parece que estamos vendo um filme repetido por muitas vezes na televisão.