[CRÍTICA] Patrulha do Destino – 1ª Temporada | Um burro, uma barata, um rato e muita loucura!

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No ano passado, a plataforma de streaming DC Universe finalmente lançou sua primeira produção original, a série em live-action baseada nos Jovens Titãs. Dentre os episódios da série, havia um dedicado à apresentar a Patrulha do Destino, uma família de super-heróis bizarros que serviu de lar para o Mutano antes dele se juntar aos Titãs.

Durante o episódio, tivemos um vislumbre de personagens complexos e extremamente carismáticos, algo que ficou evidente na série solo da equipe, que foi lançada meses depois.

Embora Titãs tenha sido divisiva em alguns aspectos, preferindo chocar por uma violência exacerbada, Patrulha do Destino se mostra uma série muito mais coesa e exacerbada, onde a violência casa perfeitamente com a proposta da série e se encaixa de forma natural nos personagens, sem parecer forçada.

Na série, acompanhamos a equipe buscando seu líder, o Dr. Niles Caulder, também conhecido como o Chefe. Caulder desaparece misteriosamente após um vilão chamado Sr. Ninguém o raptá-lo de forma misteriosa.

Inicialmente, o grupo é composto por Homem-Robô, Crazy Jane, Mulher-Elástica e Homem-Negativo, mas no decorrer dos episódios, Ciborgue e Flex Mentallo também se unem a eles na busca pelo Chefe.

É difícil falar sobre os personagens sem revelar segredos da trama, ainda mais quando eles são apresentados de forma tão genial.

Cada um dos membros do grupo é desenvolvido de forma individual, onde conhecemos mais sobre seus dramas pessoais, motivações, origens e como eles se sentem sendo considerados esquisitos e rejeitados.

A série aborda de maneira primorosa questões como preconceito, traição, homofobia, transfobia, bipolaridade, transtornos de personalidade e até mesmo o lado sombrio da indústria do cinema. Tudo é feito de maneira natural e enraizado nos personagens e, por mais absurdos que possam ser os contextos em que essas questões são inseridas na série, você ainda consegue relacioná-los ao nosso cotidiano.

O elenco certamente é o responsável por toda a aclamação que essa série merece. Diane Guerrero dá um show de atuação ao alternar entre as diferentes personalidades de Crazy Jane, mesmo que as mudanças exijam cortes de cena e mudanças de figurino e maquiagem.

April Bowlby se mostra extremamente confortável como a antiga estrela de cinema Rita Farr, mostrando que por trás da faceta orgulhosa e autoritária, existia uma necessidade extrema de atenção e de sucesso, que a fez cometer atos terríveis no passado. Além disso, sua luta pela beleza constante, faz com que ela considere seus poderes uma maldição, assim como muitos outros membros do grupo.

Matt Bomer talvez seja um dos que mais se destaca. Tendo o arco narrativo mais complexo e emocionante da série, Boomer se mostra um ator extremamente versátil e talentoso, mostrando inclusive seus dons vocais em uma cena musical digna de aplausos.

Renascido das cinzas, temos Brendan Fraser, interpretando o lado humano do Homem-Robô. Além de encenar as cenas de flashback de Cliff Steele, Fraser também dá voz ao personagem após sua transformação, mostrando que seu carisma não se perdeu, mesmo após ter passado tanto tempo longe das câmeras.

Joivan Wade interpreta o jovem Victor Stone/Ciborgue. A série consegue dar um peso muito maior para o personagem e conta sua história de forma inovadora, que agrada até mesmo aqueles que já estavam cansados de ver a origem do Ciborgue sendo recontada incansavelmente.

Por fim, temos Alan Tudyk como o Homem-Negativo. A atuação dele pode ser definida apenas como impecável. O ator rouba a cena sempre que aparece e o roteiro por trás dele é genial. Além de momentos de insanidade, o personagem também conta com recursos de quebra da quarta parede, que geram momentos sensacionais. Em tais momentos, vemos uma DC muito mais segura, que não tem medo de rir de si mesma e que mostra que realmente sabe o que está fazendo com seus personagens.

Os efeitos especiais não são primorosos, porém para uma série de uma plataforma nova, em sua primeira temporada e que ainda está testando muitos elementos, eles estão perfeitos e cumprem seu propósito. Aliás, eles combinam muito com as bizarrices da série e deixam tudo ainda mais bizarro.

O roteiro e a direção dos episódios foram certeiros em todos os episódios. Atualmente, é comum vermos séries cujas tramas se estendem demais e ficam cansativas e desinteressantes, mas felizmente, isso não acontece em Patrulha do Destino. Tudo é muito divertido, empolgante e inesperado.

A trilha sonora também é um primor a parte, mesclando melodias sinistras com músicas populares que te deixam com vontade de cantar junto.

Em suma, Patrulha do destino tem uma primeira temporada perfeita, se consagrando como a melhor série baseada em super-heróis da atualidade. Tanta perfeição acaba nos deixando com o pé atrás para uma eventual segunda temporada, afinal, como eles vão conseguir superar isso?