Crítica | Polícia Federal – A Lei é Para Todos

“Quem cai na nossa mão é investigado. Até parece que eu não votei neles também. Eu fiz campanha, esqueceu? ”.

Recentemente diversas obras focando na corrupção brasileira, se tornou cotidiana na vida da população e vem ganhando cada vez mais espaço na mídia, tanto no formato de novelas, quanto no formato de minisséries, e agora é a vez das telonas receber a sua versão.

Assim como na letra dos Racionais Mc’s “500 anos de Brasil e o Brasil aqui nada mudou”, logo na abertura do filme somos lembrados que no Brasil faz mais de 500 anos que sofremos com a corrupção, através de uma animação interativa explicando o contexto do que o projeto está trazendo a mesa, não é para mudar o Brasil, como é dito diversas vezes no decorrer do filme, mas para informar para o grande público da maneira mais popular possível, através de imagens em movimento, que existe sim corrupção e que ela deve ser combatida a todo custo independente de suas consequências.

Lembramos que em mais de 500 de Brasil sofremos com a corrupção. Como no filme é dito diversas vezes, a Lei é para todos serve para informar ao público de uma maneira mais popular o que se passa por debaixo dos panos, mas que apesar de tentarem esconder existe um jeito de combater a corrupção.

Dirigido por Marcelo Antunez e inspirado no livro homônimo de Carlos Graieb e Ana Maria Santos, Polícia Federal – A Lei É Para Todos, surpreende em retratar a operação Lava Jato sob o ponto de vista da Polícia Federal de maneira imparcial e extremamente cativante, abrindo com chave de ouro a primeira parte de uma trilogia. Resumindo em algumas horas os eventos noticiados no período de 2014 até o primeiro trimestre de 2016, ilustrando de maneira fantasiosa os esforços da Federal para desvendar o esquema de lavagem de dinheiro dos executivos da Petrobras e do pagamento de propina entre os partidos políticos e parlamentares.

Contando com o apoio da própria Polícia Federal do Brasil, que prestou consultoria para a produção do filme, fornecendo tanto a sua cede de Curitiba quanto a do Rio de Janeiro, para a realização das filmagens do filme, além disso cedeu as gravações dos depoimentos dos investigados para o Antunez inserir no longa.

O roteiro inspirado em fatos reais acompanha os investigadores desde o começo da Operação Lava Jato, com a prisão de Alberto Youssef, o doleiro suspeito de comandar o esquema de propina, até a 24ª fase da operação conhecida como, ‘ALETHEIA’, onde se dá início a investigação da relação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seus familiares com empreiteiras envolvidas no esquema de corrupção da Petrobras.

Contando com um elenco de peso, partindo do ponto de vista do delegado Ivan interpretado por Antonio Calloni e de sua equipe da Polícia Federal interpretado pelos atores Bruce Gomlevsky, Flávia Alessandra, João Baldasserini, Rainer Cadete em conjunto com a força-tarefa do Ministério Público Federal, trazendo Ary Fontoura para dar vida ao ex-presidente Lula e Marcelo Serrado como juiz federal Sérgio Moro. Alguns tiveram seu nome mantido, outros como os agentes da Federal receberam nomes fictícios para unificar a personalidade dos personagens baseados nos investigadores reais que participaram até a 24ª fase da operação.

O que torna o filme cansativo é exatamente a sua inspiração, mas isso não é um ponto negativo, pois é a fonte de inspiração do roteiro baseado em fatos reais que causa essa sensação, ou seja, um retrato retardatário da nossa atual situação política, onde não importa quão errado seja o ato, a Justiça Brasileira, tem dificuldade em executar a lei para todos, como o título do filme sugere.

Buscando criar para o grande público, um material de fácil acesso e de fácil entendimento sobre o que ocorreu no início do que seria considerada a maior investigação sobre corrupção da história do Brasil. Lembrando que a operação teve influencias em todos os partidos políticos presentes em Brasília, colocando diversos criminosos de colarinho branco na cadeia, mesmo que por pouco tempo, mas o necessário para sujar suas respectivas imagens públicas.

Polícia Federal – A Lei é para Todos, não tem como objetivo ser um filme sobre política, e se coloca de forma imparcial para trazer o ponto de vista da Federal e fazer um resumo do que foi noticiado pela imprensa brasileira no período abrangendo as primeiras 24 fases da operação, entre Março de 2014 até Março de 2016.

A Lei é para Todos tem estreia marcada para o dia 7 de setembro deste ano.