[CRÍTICA] Sex Education – 1ª Temporada | Muito melhor do que as aulas de biologia

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A adolescência é uma fase complicada. Mudanças no corpo, na maneira de pensar e nas formas de interação social – tudo parece muito mais complicado quando se tem dezesseis anos. Sex Education tem a proposta de entender o universo jovem na visão deles – coisa que todo o programa teen tenta fazer, mas Sex Education tem um diferencial, que faz jus ao nome da série: sexualidade é o tema principal.

Com uma primeira temporada composta por oito episódios disponibilizada pela Netflix, a série criada por Laurie Nunn conta com um roteiro que não se amarra em tabus na hora de falar sobre sexo, gênero, aborto e outros tópicos que são abordados de maneira rasa em diversos lugares.

A trama gira entorno da vida de Otis (Asa Butterfield) um jovem de dezesseis anos que tem problemas de interação social e na sua mãe, Jean (Gilliam Anderson), que é uma terapeuta sexual. Com a ajuda de seus amigos Eric (Ncuti Gatwa) e Maeve (Emma Mackey) ele usa o que aprendeu com seus pais para tentar ajudar outros adolescentes da escola com problemas de relacionamento.

O mais legal, é que apesar da premissa, a série não gira em torno só disso. Diversos assuntos são trabalhados e de uma maneira responsável e abrangente. Homofobia, machismo, relações tóxicas e ansiedade – todos os temas são abordados, e nada fica no pano de fundo.

Cada personagem passa por problemas específicos, de acordo com a realidade que estão inseridos – e você sente empatia por cada um deles. Até mesmo os que deveriam ser os “vilões”. Isso ajuda muito na identificação com os personagens, fator principal em séries de comédia – como todos são aproveitados, é difícil desgostar de algum e então é possível rir e sentir empatia por todos

Mesmo tratando temas sérios, o roteiro é uma comédia muito bem escrita – as piadas, até as envolvendo sexo, são bem construídas e fazem sentido quando você para e pensa sobre elas. E graças a esse tipo de humor, nós finalmente entendemos que a série não é sobre sexo em si e sim sobre descobrir quem nós somos, quando nada faz muito sentido.

As piadas, que tem o tom certo, casam muito bem com o drama da série. Você vai sentir seu coração apertar em certas cenas e é capaz de derramar uma ou duas lágrimas enquanto assiste – como a identificação é fácil, você vai acabar pensando “cara, eu passei pela mesma coisa e eu entendo você”. A adolescência não é fácil para ninguém, nem mesmo para o mais bruto dos valentões.

Os atores entregam seu trabalho de maneira fenomenal e ninguém decepciona. Claro, Gilliam Anderson está incrível e o elenco dos três adolescentes principais também não fica para trás! Palmas para Kedar Williams-Stirling, que faz o papel de Jackson e é um dos melhores e mais profundos coadjuvantes.

A cinematografia está incrível e todo o programa é muito bonito – os cenários são bem construídos e a paleta de tons pastéis ajuda a criar um ambiente harmonioso. A direção merece muito destaque, já que conseguiu trabalhar tão bem cenas com sexo e nudez, sem que fosse algo explícito gratuitamente ou desconfortável de se assistir (mas cuidado, a série tem MUITAS cenas com nudez) – os jogos de câmera e os planos utilizados ajudam muito a falar sobre o assunto sem precisar mostrar exatamente tudo.

Ah, e a trilha sonora é maravilhosa! Vamos dar risada ao som de bandas inglesas clássicas – cantar Boys Don’t Cry do The Cure junto com o Otis, é lei aqui. 

Sex Education não é só sobre sexualidade. É sobre adolescência e a dificuldade de se encaixar ou pertencer a algum lugar – você vai se identificar com aqueles problemas e sentir empatia pelos personagens. O humor é bem construído e o drama é feito na medida certa – e claro, com oito episódios que fluem muito bem, essa série é perfeita para sua maratona  de fim de semana.