O medo é o caminho para o lado negro. O medo leva a raiva, a raiva leva ao ódio, o ódio leva ao sofrimento.

Surpreendentemente Star Wars VIII – Os Últimos Jedi é completamente diferente de tudo que já foi mostrado nesse imenso universo numa galáxia muito distante, assim como o episódio VII, que nostalgicamente remetia a diversos elementos de Uma Nova Esperança, o diretor Rian Johnson magnificamente traz para o oitavo capitulo, não apenas uma homenagem a trilogia clássica, mas também proporciona uma viagem no tempo para os fãs que assistiram pela primeira vez essa saga em sua segunda geração através dos prólogos, com o polêmico Episódio I – A Ameaça Fantasma, mesclando diversas características clássicas de George Lucas ao seu próprio estilo para equilibrar a Força.

O diretor Rian Johnson, quase como um pedido de desculpas por alguns equívocos apontados em o Despertar Da Força, nos apresenta ao longo de um pouco mais de 2 horas ao futuro de Star Wars, se contentando de forma marcante apenas como uma ponte para o que será o grande clímax dessa nova trilogia.

Estando mal-acostumado com Rogue One, o ritmo inicial pode parecer arrastado, porem volta com a ambientação Space opera do original, com diversos núcleos sendo abordado simultaneamente para reapresentar os personagens ao público, e aos poucos criando novas camadas de desenvolvimento aos novos personagens, que deixaram a desejar no filme anterior.

Sendo dividido em três subtramas de maneira contida, com núcleos separados, onde Kylo Ren e a Primeira Ordem estão na ofensiva contra a Aliança Rebelde, Leia assumindo uma posição de mentora e interagindo com o Poe Demeron enquanto ambos de maneiras opostas tentam reerguer a aliança e Rey dando continuidade ao seu encontro com o amargurado Luke.

De forma orgânica cada núcleo vai se desenvolvendo abrindo novas camadas interessantes para o futuro da franquia, Finn pela primeira vez ganha uma posição de destaque se aliando a nova personagem Rose, interpretada pela atriz, Kelly Marie Tran, servindo como a parte ativa da Aliança no meio do caos instalado das consequências da destruição da Base Starkiller.

Enquanto Rey teve um desenvolvimento relativamente único no episódio VII, agora é a vez de Kylo Ren ser desenvolvido em paralelo a reintrodução de Luke, ambos caminham lado a lado conforme a trama vai se desenvolvendo e tomando forma, quanto mais próximos dos créditos, menos tênue se torna a linha entre o bem e o mal da Força, introduzindo ainda mais o conceito da subjetividade dos dois lados. Em um determinado momento do filme isso é posto em evidencia numa das interações de Finn e Rose.

Luke representa o público que acompanhou a obra em torno desses 40 anos de vida, ele não é mais aquele ingênuo jovem aspirante a ser um cavaleiro Jedi como seu pai fora antes dele, mas também não é um sábio altruísta como seu antigo mentor Obi-Wan Kenobi, ele compreende os erros dos Jedi e coloca a culpa da queda da própria ordem em seus ensinamentos arcaicos baseados na arrogância de seus líderes, ele carrega esse fardo se isolando enquanto a galáxia o vangloria como uma lenda.

Diferente de Obi-wan ele não tem mais o desejo de lutar, diferente de seu antigo mestre, ele não tem mais esperança.

Como uma boneca russa, a cada mudança de quadro, Johnson traz uma nova surpresa ao público, trazendo uma ambientação de urgência e desespero em sua trama principal, enquanto os núcleos que até então estavam separados vão aos poucos se convergindo em um único campo minado galáctico rumo ao mesmo proposito.

Todos os personagens apresentados com exceção de Leia apresentam sentimentos mistos de medo, insegurança, raiva, por não saberem qual é o seu lugar no meio daquele turbilhão de eventos, Luke em especial, precisa da visita de um velho amigo para finalmente conseguir superar esses sentimentos, e entender de forma definitiva o que significa ser um Jedi.

Como um todo, Star Wars: Episódio VIII – Os Últimos Jedi, é uma desconstrução da jornada do Herói apresentado em Uma Nova Esperança, com os personagens reencontrando seus devidos lugares após os diversos conflitos enfrentados no decorrer dos anos, é um recomeço após o despertar da força.

Com um humor um tanto quanto exagerado, porem com uma fotografia fantástica, Os Últimos Jedi, conquista um local merecido entre os melhores filmes da franquia, com uma história marcante e arrepiante, criando um alicerce definitivo rumo ao futuro promissor e imprevisível da magica saga criada por George Lucas.