[CRÍTICA] The Boys – 1ª Temporada | A série que conseguiu fazer o que Zack Snyder não fez

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Na última sexta-feira, chegou ao catálogo do Prime Video, plataforma de streaming da Amazon, a série The Boys, uma adaptação em live-action dos quadrinhos de mesmo nome, escritos por Garth Ennis.

Quem é fã da obra, sabe que não foi fácil fazerem uma adaptação de The Boys, afinal, a trama passou por muitas indas e vindas até a Amazon decidir abraçar a ideia de Evan Goldberg, Eric Kripke e Seth Rogen. Grande parte disso se deve à trama controversa e pesada no qual a série é baseada, afinal, a própria revista em quadrinhos teve problemas com isso.

Mas indo ao que realmente importa, a primeira temporada da série é simplesmente espetacular e motivos para isso não faltam. Ao retratar um mundo onde os super-heróis são celebridades e amados por todos, mas a realidade por trás disso é muito mais cruel e perversa, a série adapta com maestria a história criada por Ennis e ainda acrescenta algumas novidades interessantes.

Em The Boys, vemos que seres superpoderosos nem sempre são altruístas e benevolentes como retratado nos quadrinhos, na verdade, os heróis da série fazem parte de uma indústria multibilionária que capitaliza os dons de seus “funcionários superpoderosos” e tenta ganhar cada vez mais poder político com isso.

Assim como Alan Moore fez com sua excelente Watchmen, Ennis faz de The Boys uma crítica aos poderes bélico e militar, onde nações gastam verdadeiras fortunas em armamentos e nos prova que o mesmo aconteceria se super-heróis fossem reais.

Em meio à essa fantasia macabra, temos o fato dos super-heróis serem considerados uma raça superior criada por Deus para proteger os mais fracos. Servindo como uma paródia e uma sátira ao que Zack Snyder tentou fazer com seu Superman, a série executa com perfeição a história de que um super-herói pode ser uma ameaça para a humanidade caso saia de controle.

O mais interessante nisso tudo, é maneira que a trama aborda as mortes causadas pelos super-heróis como “danos colaterais”, afinal, um inocente pode morrer enquanto um super está perseguindo um bandido, porém ele não será condenado por isso, afinal, ele estava fazendo um “bem maior”.

Acontece que nem todos aceitam tão pacificamente assim as atitudes dos super-heróis e é aí que entra o nosso quarteto de protagonistas, ou como são conhecidos: The Boys.

Formado pelos atores Karl Urban, Jack Quaid, Tomer Capon e Laz Alonso, o grupo tenta criar uma resistência contra os super e expor a farsa que eles são, porém isso se deve à uma vingança pessoal que está atrelada a eventos causados pelos heróis.

O elenco da produção é simplesmente fantástico e absolutamente todos estão perfeitos e extremamente convincentes em seus papeis. Os destaques também ficam por conta de Antony Starr, que interpreta o sádico Capitão Pátria e da adorável Erin Moriarty, que dá vida à heroína novata Luz Estrela, que se vê indignada com a podridão dos bastidores desse mundo de super-heróis e se desilude ao descobrir que seu sonho não era nada do que ela esperava.

A trama também aborda de forma correta o polêmico assunto dos trajes das super-heroínas. Além de tocar na ferida de que, antigamente, os trajes eram feitos com a única finalidade de sexualizar as personagens e satisfazer os desejos dos leitores tarados, a série também não se esconde na falsa ilusão do empoderamento feminino, mostrando que não é preciso um traje vulgar para definir o poder de uma heroína.

Os efeitos especiais e a fotografia surpreendem tanto pela qualidade quanto pelo realismo, afinal, estamos falando da primeira temporada de uma série que adapta uma produção que não era lá muito popular.

Eric Kripke, famoso por criar a série Supernatural, mostra que ele realmente tem talento para criar alma paras as produções em que trabalha e dá uma aula de direção e roteiro nos episódios em que participa.

Apesar da temporada conter oito episódios de uma hora, nenhum deles é massante ou entediante, pelo contrário, a temporada é perfeita em termos de duração, além de construir perfeitamente o primeiro arco da trama sem ser inflada ou desconexa.

A trilha sonora também é um show, mostrando o cuidado que eles tiveram em trabalhar todos os pontos com maestria. Não só pelo excelente e variado catálogo de músicas, a trilha também se destaca pelos efeitos sonoros e pela mixagem de som.

Sem mais delongas, podemos concluir que a primeira temporada de The Boys é excepcional e sabe como trabalhar super-heróis de forma distópica e violenta. Com certeza estamos ansiosos para mais e o Prime Video cada vez mais se mostra um concorrente à altura da Netflix.