[CRÍTICA] Thor: Ragnarok não é tão bom quanto deveria ser

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Não se deixe levar pelo título, essa crítica não tem por objetivo dizer que a nova aventura de Thor nos cinemas é uma perda total.

Depois de dois filmes que não conseguiram mostrar o real potencial do herói nos cinemas, Thor: Ragnarok veio com uma nova proposta e abordagem, uma tentativa de ser o filme definitivo do herói e ainda incluir outros personagens do Universo Cinematográfico Marvel, tornando esta mais uma produção ambiciosa da Marvel Studios.

Marvel Studios’ THOR: RAGNAROK..Thor (Chris Hemsworth)..Ph: Film Frame..©Marvel Studios 2017

Infelizmente não é isso que acaba acontecendo, apesar de contar uma história fechada, com algumas ressalvas no roteiro, Ragnarok falha como o filme que deveria acrescentar mais peso emocional para Thor, tanto em suas aventuras solo quanto no universo de filmes da Marvel como um todo, e prefere se manter como uma aventura recheada de comicidade e ação.

É claro, não vamos ser hipócritas ao ponto de dizer que não ocorrem eventos de suma importância e que mudarão o Thor completamente nos próximos filmes, entretanto, cada acontecimento importante e pesaroso acaba sendo interrompido por uma piada fora de hora ou por uma falha brusca de roteiro, como por exemplo o surgimento de Hela na trama, que simplesmente acontece sem uma preparação prévia.

Por falar em Hela, a vilã é o grande destaque do filme, Cate Blanchette dá um show de atuação e se mostra uma das vilãs mais sádicas e ameaçadoras da Marvel, entretanto, as aparições da vilã são atrapalhadas pelo CGI mal lapidado, que em certos momentos fica extremamente artificial e com aspecto de jogo de vídeo-game, é claro que é praticamente impossível utilizar efeitos práticos nas habilidades da vilã, mas em comparação aos demais elementos que utilizam o recurso, as cenas de Hela parecem ser as menos trabalhadas.

Marvel Studios’ THOR: RAGNAROK..Hela (Cate Blanchett)..Ph: Film Frame..©Marvel Studios 2017

Ainda falando sobre CGI, todos os cenários estão extremamente detalhados e realistas, Asgard está mais bonita do que nunca, reluzente e colorida como deve ser e Sakaar é uma reprodução fiel dos quadrinhos do Planeta Hulk. A fotografia aposta em muitas luzes e cores variadas, aumentando ainda mais a imersão dessa aventura cósmica, o que funciona muito bem e deixaria Jack Kirby orgulhoso.

Falando em Hulk, uma das melhores histórias do Gigante Esmeralda também é adaptada em Ragnarok, apesar da luta na arena ser incrível e termos o Hulk definitivo graças à competência e o carisma de Mark Ruffalo, não temos uma adaptação à altura dos quadrinhos. O arco serve apenas para Thor e Hulk se encontrarem e como bagagem para o que está por vir do Hulk no futuro, não espere o mesmo peso e profundidade passado nos quadrinhos, isso não acontece.

Marvel Studios’ THOR: RAGNAROK..L to R: Hulk (Mark Ruffalo) and Surtur..Ph: Film Frame..©Marvel Studios 2017

Outro grande destaque é a Valquíria de Tessa Thompson, a heroína ocupa boa parte da trama e tem uma interessante história de redenção ligada à aparição de Hela. Tom Hiddleston mais uma vez rouba a cena e se prova muito mais carismático do que Chris Hemsworth, Loki nos proporciona momentos divertidíssimos e que nos fazem ter ainda mais apreço pelo vilão.

A sensação deixada por Thor: Ragnarok é de que houve uma melhora no personagem mas não em seus filmes solo (mesmo com o novo filme sendo mais divertido e empolgante do que os anteriores), o que no fim das contas acaba sendo mais do mesmo. Apesar de não ter de lidar com os dramas amorosos com Jane Foster no novo filme, Thor ainda se demonstra imaturo e não parece estar pronto para assumir o reino de Asgard.

Talvez o filme tenha desapontado por termos visto algumas coisas do trailer de Guerra Infinita e esse foi o real motivo da Marvel não ter liberado o trailer oficialmente até hoje, pois o filme do Thor não cria nenhuma ligação concreta com Guerra Infinita, apenas se fecha em sua própria trama.

Marvel Studios’ THOR: RAGNAROK..Asgard..Ph: Teaser Film Frame..©Marvel Studios 2017