[CRÍTICA] Toy Story 4 | Aí sim fomos surpreendidos novamente!

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Após Toy Story 3 ter fechado de forma magistral e emocionante a jornada de Woody (Tom Hanks), Buzz Lightyear (Tim Allen) e de seus amigos, a Pixar resolveu fazer mais um filme e dar continuidade às aventuras dos brinquedos vivos, que agora vivem na casa da pequena Bonnie.

O novo filme tinha tudo para dar errado e estragar o desfecho perfeito do longa anterior, pois quando foi anunciado, muitos acharam desnecessário, porém a Pixar provou mais uma vez que sabia o que estava fazendo. Com Toy Story 4, o estúdio conseguiu manter a qualidade dos seus filmes anteriores, além de trazer muita diversão e cenas comoventes.

No novo filme, vemos um Woody questionando qual é o seu dever como brinquedo, já que com o Andy, ele sempre soube qual era seu lugar no mundo, e que sua prioridade é cuidar de suas crianças, seja Andy ou Bonnie (Madeleine McGraw). Porém, diferente de Andy, Bonnie não o via com um dos brinquedos preferidos, o que coloca a liderança da turma em xeque, já que ela não pertence mais ao Woddy, pertencendo agora à boneca Dolly (Bonnie Hunt).

Com Bonnie entrando para o Jardim de Infância, ela começa a criar um brinquedo a partir de materiais recicláveis, nomeando-o de Garfinho (Tony Hale). O novo personagem tem uma crise existencial, pois se vê como um “lixo” e não brinquedo. Assim, Woody se vê com a responsabilidade de mostrar para o Garfinho o motivo pelo qual ele deveria abraçar a ideia de ser um brinquedo. E essa relação dos dois é extremamente hilária, pois o Cowboy precisa ficar de babá do Garfinho e garantir que ele não acabe na lixeira, pois até então, era o brinquedo mais importante da Bonnie.

Mais uma vez, a franquia reforça o conceito de que brinquedos são muito mais do que objetos inanimados criados em fábricas. A nova criação da Bonnie é uma ótima analogia para mostrar o poder da imaginação de uma criança, e que qualquer objeto pode se tornar um brinquedo.

Além do Garfinho, há também outros novos brinquedos na história, tais como as pelúcias explosivas Patinho (Keegan-Michael Key) e Coelhinho (Jordan Peele), que trazem cenas extremamente hilárias, o dublê Duke Caboom (Keanu Reeves) e a boneca abandonas Gabby Gabby (Christina Hendricks), que mostra ser uma antagonista bem complexa e profunda. Na verdade, a boneca serve como uma perfeita analogia para mostrar o quão longe uma pessoa pode ir para agradar as outras.

A trama também se sai muito bem em jogar os holofotes em Buzz, que protagoniza cenas divertidíssimas ao tentar encontrar sua “voz interior”. Outro destaque é o retorno da Pastorinha Betty (Annie Potts), que se mostra muito mais madura e confiante, sendo uma personagem forte e bem independente. A repaginação de Betty acrescenta muitas outras camadas na personagem, que deixa de ser apenas o interesse amoroso para ser aquela que mostra a Woody a existência de diferentes mundos para os brinquedos.

Esse reencontro com Betty faz com que Woody volte a questionar seu papel como brinquedo, algo que vai contra seus princípios.

É preciso elogiar os detalhes da animação, o design é simplesmente extraordinário em todos os sentidos. É nítido o cuidado que a Pixar teve para trazer realidade até mesmo nos mínimos detalhes dos personagens, sem contar os cenários, que também possuem suas texturas bem trabalhadas, que se mostram extremamente realistas e uma evolução absurda em comparação ao primeiro longa da franquia.

Toy Story 4 é mais um grande acerto do estúdio. A trama aborda muito bem temas como lealdade, empatia e o medo de falhar na vida, mostrando que criar expectativas pode ser algo perigoso. Assim como nos longas anteriores, a lição deixada é que, esperar que as coisas saiam exatamente como a gente quer que elas saiam, pode ser frustrante às vezes.

O filme traz um desfecho bem emocionante, porém não é o mesmo impacto emocional do filme anterior. Diferente do anterior, a Pixar deixa a porta aberta para futuras continuações, portanto, não se surpreenda se isso acabar acontecendo.