[CRÍTICA] Velozes e Furiosos 10 | Franquia ganha um respiro graças a Jason Momoa

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Quando a franquia Velozes e Furiosos surgiu, lá em meados do inicio dos anos 2000, as corridas de rua eram o destaque principal. Mal sabíamos o que estaria por vir…

Missões lidando contra cartéis, fuga nas comunidades do Rio, saltar de um tanque, ir para o espaço, ressuscitar os mortos, a franquia foi escalonando à medida em que seus filmes iam passando. Abraçando ideias questionáveis, a franquia foi se solidificando com base nesses conceitos que fariam Albert Einstein questionar a física novamente, tudo graças ao carinho dos fãs que rendiam bilheterias astronômicas.

Velozes e furiosos 10 continua fórmula estabelecida pelos últimos títulos da saga, alternando entre o cômico e o ridículo em certos momentos, dando vazão para mais momentos surreais, onde os veículos aparentam ter saído de Speed Racer (2008) e se lançam para um ato que nomeamos como impossível. Dito isso, é bom notar que tudo pode acontecer, seja puxar helicópteros (sem ser Capitão América) ou a aparição garantida de Dodge Charger R/T preto aonde quer que os personagens vão.

Mesmo assim, o décimo capítulo da franquia Velozes consegue trazer algumas faíscas de sua origem, que é a clássica corrida de rua, algo que provavelmente trará boas lembranças aos espectadores que sentiam falta desse momento na franquia.

A direção do Dodge Charger

Dirigido por Louis Leterrier (Truque de Mestre), é notável a mudança de perspectiva no novo longa, já que o mesmo acaba entregando um projeto mais fluído e com mais alma que alguns de seus antecessores. Porém, ao mesmo tempo, Leterrier acaba minando as forças do filme com alguns diálogos e momentos que não acrescentam muito, apenas para fazer cenas engraçadas ou meras participações especiais, impactando no tempo de tela.

De todo modo, o cineasta faz algo que Justin Lin, responsável por tantos outros trabalhos ao longo da franquia, não conseguiu ter o mesmo sucesso com o 9º longa. Mesmo que desperdice tempo com alguns diálogos questionáveis, o responsável pelo décimo filme consegue corar um pouco mais o filme, indo além do trabalho das explosões.

Desta vez, o fator cômico não reside apenas em Roman Pearce (Tyrese Gibson), fazendo com que personagens que outrora eram engessados ou tomados como “entidades”, que não poderiam mudar seu estilo, se tornem mais interessantes e simpáticos.

Além disso, o diretor tem a brilhante ideia de abordar mais do personagem Leo Abelo Perry (filho de Toretto no filme), afinal, não existem maneiras melhores de se abordar o laço familiar se não com uma criança. Além disso, trazer um personagem mais novo pavimenta um possível futuro para a franquia e alcança mais pessoas.

Poderia ficar discorrendo por horas sobre o elenco, e da suspeita que a terceira parte do décimo filme (sim, ele será dividido em três filmes) seja uma espécie de “Vingadores: Ultimato“, onde teremos a reunião de todo o cânone dessa saga homérica, mas isso não seria justo com a figura da DC que tem uma presença jamais vista na franquia de corridas, e me refiro a Jason Momoa.

“Ma-Men”

Dentre todas as escolhas de antagonistas da franquia, sem dúvidas, Momoa se garante como o melhor. Convenhamos que depois de dez filmes, é necessário que a franquia busque se reinventar, então trazendo um personagem que demonstre uma calibragem diferente dos demais, ele acaba chamando a atenção.

Momoa representa com facilidade um personagem sádico, louco e cômico, que faz com que o espectador acabe querendo acompanhar mais de seu tempo de tela, onde nunca sabemos o que esperar.

Por mais que seu enredo seja afetado por alguns flashbacks desnecessários, é possível destacar com facilidade que, diferente dos demais, o personagem de Momoa tem intenções plausíveis, bem trabalhadas e estruturadas, mostrando que a franquia pode com facilidade lapidar personagens.

Sendo assim, é fácil afirmar que o este longa não seria o mesmo se não fosse a atuação de Momoa.

Uma aspas breve, com a reestruturação do universo da DC, caso não o convidem para interpretar o personagem ‘Lobo’, depois de ver essa atuação, a empresa não sabe o que perde.

No radar de observação

Velozes e Furiosos 10 (parte um) resgata um sentimento que há tempos não era visto na franquia, porém ao tentar fazer isto, a direção opta por criar vários núcleos de desenvolvimento, fazendo com que o espectador acompanhe várias histórias ao mesmo tempo. De todo modo, é bom frisar que sem o devido cuidado ou atenção, umas acabam se tornando menos interessante que as outras.

Devido o fato de ser o primeiro filme de uma trilogia, é provável que a direção e produção tenham mais cartas na manga para desenvolver os demais arcos que este filme criou. Porém, caso ignore esse fato e continue transmitindo esse sentimento de falta de atenção aos demais personagens, veremos que a franquia não consegue entregar um enredo poderoso e que é totalmente dependente de Vin Diesel como protagonista.

Outro ponto que vale a observação é o trabalho da direção de câmera, porém não pelo lado positivo. É compreensível que um trabalho que trate com o tema adrenalina acabe apresentando muitas perspectivas de câmera, o problema é quando tomadas de conversa simples acabam tendo diversas transições, algo que a câmera parada resolveria.

Em suma, Velozes e Furiosos 10 é um ponto fora da curva para a franquia com muitos elementos essenciais. É um bom filme, mesmo com alguns momentos questionáveis.