[CRÍTICA] Venom | Era melhor ter ido ver o filme do Pelé!

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Nesta quinta-feira (04), chega aos cinemas o primeiro filme solo do Venom, icônico vilão do Homem-Aranha que dará o pontapé inicial ao universo de filmes baseados em personagens da Marvel produzido pela Sony Pictures.

Todos ficamos animados quando saiu a notícia de que a Sony e a Marvel Studios finalmente haviam entrado em um acordo que permitiria que o Homem-Aranha aparecesse junto aos Vingadores nos cinemas, mas até então, ninguém sabia quais eram os termos do tal acordo.

Com o tempo, descobrimos que o acordo não era de fato literal e que embora o Aranha realmente tenha se unido ao Universo Cinematográfico Marvel, a Sony também planejava criar seu próprio universo cinematográfico com personagens do Aranha, independente do que acontece no MCU, ou seja, a fragmentação ainda continuava, mas de forma menos evidente.

Com isso, Venom chega para dar início ao universo da Sony, batizado “carinhosamente” como SUMC (Sony Universe of Marvel Characters). Desde que foi anunciado, o longa foi recebido com desconfiança pelos fãs, afinal, a ideia de fazer um filme focado no Venom, por melhor que possa ser, não parecia ser a mais correta para iniciar um universo compartilhado. E a coisa ficou pior ainda quando descobrimos que seria um filme do Venom sem o Homem-Aranha!

Pra quem não sabe, a origem do Venom nos quadrinhos está diretamente ligada ao Homem-Aranha e toda a motivação para a existência do personagem simplesmente não faz sentido sem a presença do herói aracnídeo. Com isso, era de se esperar que o filme não fosse muito bom e ele realmente não é. Na verdade, ele é péssimo.

Estrelado por Tom Hardy como Eddie Brock, o longa tenta nos contar como o simbionte alienígena chegou a Terra e como ele acabou se fundindo a Brock para criar o famigerado Venom. Na trama, vemos como o Dr. Carlton Drake (Riz Ahmed), presidente da Fundação Vida, tenta encontrar uma maneira de fazer com que os humanos sobrevivam em outros planetas e, a partir daí, já dá pra imaginar o que acontece.

Nos quadrinhos, Brock é um personagem extremamente carrancudo e trapaceiro, porém sua contraparte cinematográfica é extremamente carismática e, inclusive, possui um senso moral muito pronunciado, que com certeza não condiz com a versão dos quadrinhos.

Se o primeiro ato do filme parece lento e desinteressante, do segundo em diante a coisa desanda e fica cada vez mais bizarra. A partir do momento em que Eddie se funde ao simbionte, somos transportados para um filme de terror galhofa dos anos 90, recheado de momentos que transpiram vergonha alheia, atuações ruins e piadas sem graça.

Tom Hardy mostra a pior performance de sua carreira, coroada por caras e bocas vergonhosas e falas ininteligíveis. Além disso, o ator tenta por muitos momentos ser engraçado, mas você acaba rindo de desconforto, tamanha a bizarrice das cenas.

Riz Ahmed pode ser definido como um tenebroso vilão de novela mexicana, que profere discursos bíblicos e que acha a raça humana uma escória (mesmo sendo um de nós). O trio de atuações ruins se completa com Michelle Williams, que interpreta Anne Weing, par romântico de Brock. Williams atua com expressões extremamente engessadas e em nenhum momento consegue ganhar o carisma do público ou convencer como sua personagem.

Os efeitos especiais são uma completa bagunça, onde, embora tenhamos momentos em que Venom aparece de forma extremamente detalhada e realista, outros, principalmente nas cenas de ação, temos um confuso emaranhado de gosma e fumaça em cenas rápidas onde não se entende praticamente nada do que está acontecendo.

Ruben Fleischer, diretor da produção, é conhecido pelo excepcional Zumbilândia, onde consegue equilibrar muito bem a ação, comédia e até mesmo o romance para criar um filme divertido e memorável, porém em Venom, Fleischer parece ter simplesmente se esquecido de tudo o que já fez de bom na vida um dia e nos entrega um filme extremamente mal montado e que parece ter sido feito às pressas.

Para não dizer que tudo é ruim, podemos ressaltar algumas interações entre Brock e Venom e a própria dublagem do Simbionte, feita por Hardy. Algo que se destaca também é  trilha sonora, que consegue emplacar uma música-tema para o personagem, mas ainda assim, em alguns momentos fica repetitiva demais.

É Triste pensarmos que a Sony desperdiçou um personagem tão icônico dos quadrinhos com um filme extremamente ruim e, pior ainda, impediu a Marvel de usá-lo da maneira correta. Quando lembramos que esse é o início de um Universo Cinematográfico, a coisa fica ainda mais tenebrosa, já que o estúdio pode acabar manchando a imagem de outros personagens que poderiam estar interagindo com o Homem-Aranha de Tom Holland.